“Eu,
particularmente, só obtive informações
através da mídia. Não conheço nenhum
estudo sobre esse tipo de dieta na literatura científica.
Por isso, é complicado falar, pois parece que estamos
falando sobre um dito popular.
A princípio,
não vejo razão para acreditar em tal dieta, já
que não há interferência do Rh ou mesmo
do tipo de sangue na digestão dos alimentos, não
existe essa lógica.
O genótipo
decodifica as proteínas referentes às características
individuais, mas o tipo sangüíneo não influencia
no modo de digerir alimentos. O que sabemos é que algumas
pessoas podem metabolizar melhor, ou seja, ter uma digestão
mais fácil para certos alimentos por conta de características
individuais, como os hábitos alimentares e histórico
de doenças relacionadas ao sistema digestório
principalmente.
Gastrite,
cálculo biliar e algumas manifestações
sub-clínicas, ou seja, que ainda não identificadas
pelo paciente, podem dificultar a digestão, bem como
alimentos fermentáveis e industrializados. Essas variáveis,
entretanto, acontecem em todas as pessoas de uma maneira geral,
não são divididas por grupos de risco, por exemplo.
Da mesma forma, a maior ingestão de gordura e, por outro
lado, a deficiência em fibras irão dificultar o
processo de absorção de nutrientes.
As variáveis
podem ainda provocar fases de intolerância, que são
manifestações circunstanciais, quando o indivíduo
tem dificuldade em digerir e é recomendável a
substituição do alimento, a fim de diminuir os
incômodos. A diferenciação particular, quer
dizer, causada por um traço inato, como a dieta do sangue
prescreve, é o que eu acho complicado de afirmar. O sistema
digestório é universal. Indicações
de mudança alimentar devem advir de costumes alimentares
do indivíduo para regular a quantidade de fibras e gorduras
recomendáveis, por exemplo”.
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“Não
tenho conhecimento profundo sobre a dieta do sangue. A princípio
não acredito, embora considere interessante a premissa
que seus teóricos escolheram: a questão da origem
das espécies, da divisão que havia entre seres de
acordo com sua alimentação. O que hoje, inclusive,
não se verifica, já que há uma globalização
muito maior dos grupos carnívoro, herbívoro e onívoro.
O que falta ainda
para credibilidade desse estudo é uma comprovação
científica básica. Não há experimento
científico a respeito da dieta. Esta parte é imprescindível
em qualquer estudo científico, mas é preciso dar
uma atenção maior quando se trata das dietas,
pois estas têm um marketing muito pesado em nossa sociedade.
Qualquer nova forma de emagrecimento, de regime alimentar consegue
conquistar diversos seguidores.
A fundamentação
pode até estar correta, mas não foi feito um acompanhamento
com todos os grupos sangüíneos, considerando diferenças
de comportamento entre eles. Com certeza vamos encontrar variações
entre os grupos. Existem características únicas
para cada um, talvez um tipo possa metabolizar melhor certo
alimento e, por isso, seja melhor o escolher entre outros. Dessa
maneira, não acredito nem desacredito, apenas falta embasamento
para assumi-la como uma dieta em que podemos apostar.
Uma experimentação
sobre esse assunto deve levantar um número considerável
de pessoas para cada grupo sangüíneo e determinar
um marcador, ou seja, um aspecto a ser analisado (por exemplo,
índice de colesterol, triglicerídeos ou desenvolvimento
de diabetes, que são fatores associados à alimentação).
A freqüência de ocorrências deve ser observada
em tempo razoavelmente longo a fim de afastar, ao máximo,
outros aspectos que influenciam o marcador. Pesquisas comprovam
que não se emagrece com mágica ou adotando medidas
radicais. É preciso uma dieta balanceada com exercícios
regulares.
O que quero
dizer, portanto, é que a dieta do sangue não tem
princípios despropositados, mas necessita de comprovações
mais contundentes, com resultados de diferenças bioquímicas
e acompanhamento dos grupos, pois particularidades cada um tem.
Essa dieta, ao que parece, ainda está muito leiga e a
veiculação de estudos desse tipo, como já
comentei, tem que ser feita com muito cuidado, já que
infelizmente o aspecto comercial tem vindo sempre na frente
da garantia científica.”
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