“Não
sei se você sabe, mas existem dois tipos de doação,
a de inter-vivos, quando um parente doa um órgão
para o outro, e a feita por doador cadáver, quando ocorre
a morte cerebral. O procedimento a ser feito para ocorrer a doação
e recepção de órgãos começa
com o hospital, que tem obrigatoriedade de notificar a uma central
de transplantes, que é subordinada ao sistema nacional
de transplantes, a existência de um paciente em morte cerebral.
Após isso, é feito um protocolo, e nele constam
dois exames clínicos feitos por neurocirurgiões
para que seja comprovada a ausência de reflexos no paciente.
Ainda é feito depois um exame comprobatório, que
pode ser uma ultra-sonografia ou um eletro-encefalograma, que
ratificará a ocorrência de morte cerebral.
Após a comprovação do ocorrido,
a família é contactada para decidir se deseja
ou não doar o órgão, ou os órgãos,
de seu parente. Caso deseje doar, o paciente receptor, que está
na lista de espera, será chamado, tendo passado por uma
seleção que inclui, além de ordem de espera
por tempo, compatibilidade sanguínea, e, em alguns casos,
peso e altura também. Não costuma haver demora
no processo de doação, os procedimentos feitos
são apenas uma questão de segurança extremamente
necessária.
É preciso ter certeza que o paciente
está em morte cerebral, para que depois não surjam
acusações de que o paciente não havia morrido.
É preciso diferenciar, há casos parecidos com
o da morte cerebral, como o do coma profundo, ou coma induzido,
e não podemos cometer nenhum erro. Para se ter uma idéia,
com esses procedimentos, nunca houve um erro desse tipo no mundo
inteiro.
Por isso,
o que a mídia chama de burocracia não é
nada mais do que os protocolos feitos de acordo com a lei para
proteger a segurança de todos”.
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“As pessoas
que precisam fazer transplante de rim estão em hemodiálise,
e têm possibilidade de conseguir um doador de dois modos,
que são as mesmas maneiras para outros transplantes também:
o primeiro modo é vindo de um doador vivo, que normalmente
é um parente, um irmão, irmã, ou às
vezes esposa. A outra forma é quando vêm de uma
pessoa desconhecida, de algum paciente que teve morte cerebral.
Nesse caso, chamamos de doador-cadáver.
O transplante feito
com órgãos de parentes é muito mais rápido,
demora em torno de três meses ou quatro, podendo variar
um pouco, isso incluídos todos os exames que têm
que ser feitos e mais o transplante. É rápido
porque a pessoa não precisa entrar na fila, é
só ver se o doador e receptor são compatíveis
e se o doador está em boas condições de
saúde, e então encaminhar para o transplante.
Já se a pessoa não tiver um doador, então
a demora é realmente grande, pois a pessoa precisa entrar
numa lista de espera para receber o órgão de um
doador cadáver. Essa lista é muito grande e está
demorando em média, para a doação de rins,
de seis a sete anos. Nesse tempo o paciente fica em hemodiálise
esperando seu doador.
A lista é
feita da seguinte forma: dividimos as pessoas por grupos sanguíneos
(A, B, 0 e AB0), e quando aparece um possível doador,
que tem que estar na CTI, vêem qual o grupo sanguíneo
e procuram o primeiro da lista. É a família que
decide se o paciente vai doar. Quem organiza a doação
e recepção é uma central estadual de captação,
o Rio Transplante, que fica responsável pelos hospitais
avisarem de um doador para que assim possa haver a realização
de exames de receptores e preparação. Eles avisam,
fazem a comprovação de morte, fazem os testes
sorológicos, como HIV e hepatite, por exemplo, e só
após isso é feita a doação. Esses
testes são necessários, ainda que haja demora
às vezes.
O tempo
necessário para escolher o paciente receptor é
de 24horas, pois por mais que ele esteja na lista é preciso
que se façam testes recentes de como a pessoa está,
e os órgãos doados podem ser utilizados após,
em média, 48horas depois da doação. Após
esse tempo alguns órgãos podem não resistir,
por isso o cuidado com o tempo deve estar presente”.
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