Por uma boa causa
11.05.2006

Síndrome de Burnout
por Mariana Granja

O Olhar Vital continua a série de males causados pelo estresse e fala sobre a Síndrome de Burnout. A doença, proveniente de estresse profissional, tem esse nome devido à junção das palavras “burn”, que significa queima, com “out”, exterior, mostrando que a pessoa que sofre desse tipo de estresse consome-se física e emocionalmente, apresentando comportamentos irritadiços e agressivos para quem a rodeia.

Segundo Érika Bucasio, mestranda em Psiquiatria e especialista na doença, o Burnout se caracteriza pelo esgotamento físico, psíquico e emocional, em decorrência de trabalho estressante e excessivo, tornando-se uma reação ao estresse ocupacional crônico. As pessoas com mais chance de desenvolver esse mal são as que trabalham em profissões que exigem um contacto interpessoal mais exigente. Isso inclui médicos, psicanalistas, carcereiros, assistentes sociais, comerciários, professores, atendentes públicos, enfermeiros, funcionários de departamento pessoal, telemarketing e bombeiros, entre outros. Atualmente, no entanto, todos os profissionais que interagem ativamente ou solucionam problemas de outras pessoas podem desenvolver a doença.

– Os sintomas de quem tem a Síndrome podem ser psíquicos, defensivos ou comportamentais – explica a especialista. De acordo com ela, falta de concentração, alterações de memória de fixação e evocação, negligência ou escrúpulo excessivo, perda da iniciativa, perda de interesse pelo trabalho são apenas alguns dos sintomas que o Burnout pode produzir. Além disso, a Síndrome geralmente incorpora nos pacientes um certo cinismo na relação com as pessoas do seu trabalho, aparente insensibilidade afetiva e sentimentos de fracasso.

As causas da doença são diversas, havendo uma junção de fatores para o desencadeamento da Síndrome de Burnout. “Profissionais mais jovens, com maior nível educacional e sem relacionamento estável carregam fatores que podem desencadear a doença. Essas pessoas são geralmente sensíveis, dedicadas profissionalmente, altruístas e entusiastas. As que trabalham por turnos, que têm contato com o sofrimento e a morte, principalmente de crianças, ou em ocupações que envolvem muita responsabilidade, como o de médicos, também têm ‘predisposição’ ao Burnout”, explica a médica. Problemas de relacionamento com as chefias, com colegas ou clientes, conflitos entre trabalho e família também podem ser consideradas causas da doença.

As conseqüências desse mal para a vida de uma pessoa são preocupantes. “Exaustão emocional, avaliação negativa de si mesmo, depressão e insensibilidade com relação a quase tudo e todos, até como defesa emocional, vão ocorrer”, fala. Conflitos com colegas, absenteísmo e diminuição da qualidade dos serviços são outras, das inúmeras características que podem surgir com o Burnout.

– O tratamento da doença pode ser fototerápico, farmacológico, além de agir com intervenções psicossociais, como licenças, afastamentos e readaptações – explica. Mas também há formas de prevenção, que agem com mudanças na organização do trabalho, diminuição da competitividade, na busca de metas coletivas e diminuição da intensidade de trabalho. Essas pequenas ações podem melhorar a qualidade de vida de muitos, evitando a Síndrome de Burnout.

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