Por uma boa causa
20.04.2006

Umbigo e supercílio: cuidado com eles
por Mariana Granja

O umbigo e o supercílio são hoje, áreas muito procuradas para a utilização de piercings, mas não foi sempre assim. Tendo sua primeira loja especializada em aplicação do adereço apenas em 1975, nos EUA, essa técnica se difundiu e hoje é mania entre muitos adolescentes. Os pais, antes preocupados, hoje já convivem com a idéia de ver “brincos” pendurados nos umbigos e sobrancelhas de seus filhos. Só que os cuidados na hora da aplicação e os riscos que essas pessoas correm não devem ser esquecidos, para evitar maiores problemas.

De acordo com o doutor David Azulay, professor assistente do Serviço de Dermatologia do HUCFF, é preciso lembrar que qualquer colocação de piercing não deixa de ser um pequeno ato cirúrgico e por isso não está livre de complicações. “Há risco de infeccionar, mesmo que o material utilizado seja limpo e nunca tenha sido utilizado antes”, explica.

Para evitar infecções desse tipo, além das dermatites de contato, ou seja, as alergias que a pele possa sofrer devido ao material colocado, o professor indica a utilização de piercings feitos de aço cirúrgico ou titânio, além de metais nobres, e explica que piercings como os do supercílio são como brincos, só que fora do lóbulo da orelha. “Um brinco é apenas um piercing mais tradicional”.

Só que a localização, para o professor, influencia, e muito, na rejeição do piercing. “A língua é a área com mais riscos, devido a proliferação de bactérias, mas o umbigo e o supercílio também precisam de cuidados, principalmente de limpeza na época de cicatrização, como qualquer outro brinco”, explica, mostrando que o piercing do umbigo leva cerca de seis meses para cicatrizar, podendo chegar a um ano. Ainda deve-se cuidar para que não haja grande atrito entre o adereço e as roupas, que pode irritar a pele.

Caso surja algum problema, mesmo que os cuidados tenham sido tomados, é necessário procurar um médico para iniciar o tratamento adequado e retirar o piercing. “Havendo infecções, pode surgir uma carne esponjosa, chamada no meio científico de granuloma progênico, e nesse caso torna-se imprescindível a retirada do piercing para que a pele volte ao normal”, alerta o professor.

E ele ainda adverte quanto às pessoas que têm tendência a desenvolver quelóide. “Para as pessoas que tem quelóide, e que pioram ou criam o problema a partir do piercing, o tratamento é mais forte, com infiltrações de corticóide para a melhora da área”.

Já a gravidez, tida por muitos como motivo para a retirada do piercing no umbigo, não causa problemas. Segundo o professor, não é necessário que uma mulher tire o objeto porque está grávida, ele não oferecerá nenhum risco nem para a mãe, nem para o bebê.
- Mas o ideal, para nós médicos – finaliza o professor David – é que as pessoas não façam piercings, pois evitam infecções e problemas mais graves, além de deixarem os médicos mais tranqüilos.


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