Por uma boa causa
27.04.2006

Os problemas de um piercing genital
por Mariana Granja

- O piercing é um objeto que é ancorado numa região onde há tecido epitelial, então é considerado uma ferida penetrante. – explica o professor René Oliveira, médico do Serviço de Urologia do HUCFF. Segundo ele, por se tratar de um objeto estranho ao corpo, podem ocorrer problemas como infecções, cicatrizações exageradas e até mesmo deformações na pele. Para finalizar a série de matérias sobre este assunto, o Olhar Vital aborda nessa edição o piercing genital.

Por mais que os conservadores reclamem, ele existe, e faz parte da vida de muitos jovens. O objeto que aumenta o prazer na relação sexual, segundo os usuários, pode, por outro lado, trazer danos graves à saúde de seu portador e até mesmo de seus parceiros sexuais, e por isso deve-se refletir muito antes de aplicá-lo.

A localização do piercing genital pode ser no clitóris e nos lábios internos ou externos da vulva, e no pênis ou no escroto. Em qualquer desses locais, pode haver problemas. “Após a colocação do objeto, o local acaba sendo epitelizado novamente, mas de qualquer forma ali existirá um canal, estreito, que pode acumular secreções genitais e da pele e propiciar infecções”, explica o médico.

De acordo com ele, pode ocorrer uma cicatrização exagerada na área do piercing, provocando uma retração e uma deformidade. “Quando há um corte e a pele inicia sua cicatrização, às vezes ocorre uma retração, ou seja, a pele se retrai e ‘se puxa’, o que acaba de certa forma deformando o local ao redor”. Essa cicatriz, segundo doutor René, é formada por um tecido duro, fibrótico, que propicia a retração.

A cicatrização pode variar de pessoa para pessoa, embora, por se tratar de uma área com grande umidade, precise de mais tempo do que em outros pontos do corpo humano. “A umidade também ajuda no aparecimento de infecções, pois é um local que propicia a reprodução de fungos e bactérias”, alerta o professor.

Quando uma infecção já existe, o primeiro passo é retirar o piercing e procurar um médico especialista. “Em alguns casos só é preciso fazer curativos locais e cuidar para que haja uma higienização forte da parte atingida, mas, de acordo com a gravidade do processo infeccioso, antibióticos podem ser receitados pelo médico”, explica.

Mas os perigos do piercing na área genital não se restringem à pessoa que o utiliza. Namorados e namoradas, esposas e maridos, também precisam tomar cuidado, pois o canal aberto pelo “brinco” pode servir de passagem para doenças como hepatite, doenças sexualmente transmissíveis e até mesmo a AIDS. Além disso, “o piercing pode afetar a função sexual na medida em que, na hora da penetração, pode machucar a parceira ou o parceiro”.

Quanto aos preservativos, devem ser sempre utilizados, mesmo com a presença do piercing. “Os preservativos em geral tem uma boa elasticidade e resistência, e são muito confiáveis. O que ocorre é que, na medida em que se acrescenta um corpo estranho, o perigo de estourar ou rasgar é maior”, conclui o professor.

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