“Conheço
a pesquisa sobre a correlação entre nascimento
e sexo dos bebês. Ela trabalha como nós no interesse
da relação entre meio ambiente e reprodução.
A avaliação feita foi de que realmente há
influência do primeiro sobre o segundo. É realmente
muito difícil instituir uma correlação
confiável, pois são muitas variáveis a
serem analisadas.
O que se sabe hoje em dia é sobre muitos elementos presentes
no ambiente que estabelecem uma ligação cruzada
com estruturas do corpo, principalmente hormônios, interferindo
na ovulação e espermatogênese. Portanto
ocorre tanto em homens quanto mulheres. Não sei exatamente
se há uma interferência mais intensa com o cromossomo
Y.
O que nós
chamamos de disruptores endócrinos, como pesticidas e
solventes, e mais um conjunto de situações que
estão presentes no ambiente, são substâncias
quimicamente semelhantes aos hormônios esteróides.
Quando penetram o corpo, esses disruptores enganam o organismo,
ocupando o lugar dos hormônios nos receptores celulares.
Isso induz uma resposta, da mesma maneira que os hormônios
o fazem. Essa resposta pode ser a preparação do
útero para a recepção do óvulo,
mas como é apenas um equívoco do organismo, já
que não há estrogênio, por exemplo, naqueles
locais.
Essa situação
pode modular a produção do gameta. Assim como
pode acarretar na diminuição da fertilidade. Como
haveria a influência na definição do sexo
propriamente, ainda não sabemos ao certo. Em relação
à natureza, no sentido de estimular uma interferência,
como se houvesse algum tipo de ‘sensibilização’,
eu não conheço nenhum tipo de afirmação
nesse nível. Não acredito que haja tal tipo de
atuação. A relação de nascimentos
de homens e mulheres é mais ou menos constante, não
tenho informações sobre uma disparidade muito
grande.
A correlação
que existe entre ambiente e reprodução é
feita pelos disruptores endócrinos. Devemos agora estudar
o que afeta diretamente, quais tipos de gases e poluentes, além
do estilo de vida, alimentação, trabalho, já
que são muitos fatores associados”.