Por uma boa causa
06.04.2006

Piercing na língua? Nem pensar!
por Mariana Elia

O piercing já é moda mundial. Hoje em dia, pode-se ver em qualquer parte do corpo algum prateado brilhante, denunciando a perfuração. Existe até o piercing profundo, que penetra mais internamente na pele. Mas devemos lembrar que essa prática é muito recente, e futuros danos ainda não são conhecidos. Ao longo das próximas semanas, falaremos sobre os cuidados e possíveis prejuízos que esse modismo pode causar.

O piercing na língua é, assim como a maioria, mais freqüente entre os jovens. É colocada uma jóia de aço cirúrgico, titânio ou ouro um pouco maior que as outras. A aplicação é rápida e costuma sangrar apenas nesse momento, apesar de a cicatrização durar cerca de um mês. É normal o inchaço da língua e nas primeiras semanas, não se deve comer nada muito duro ou esfarelado e é indicado o uso de líquidos desinfectantes após cada refeição. A retirada dele, porém, é definitiva; o furo fecha em aproximadamente duas horas. É sempre bom lembrar, no entanto, de escolher lugares confiáveis, que tenham recomendação, pois a reutilização da agulha, da luva ou do algodão pode transmitir infecções, hepatite e até aids. Por ser na língua, órgão muscular, é inclusive comum aplicação incorreta e possível perda de parcela do paladar. Nesse caso, são mais prováveis o deslocamento dentário e o desequilíbrio dos músculos que compõem a língua. A professora do curso de fonoaudiologia da UFRJ, Mônica Rocha, diz que tanto o deslocamento quanto o desequilíbrio oro-mio-funcional prejudicam bastante a atividade da língua.

A fonoaudióloga alerta também para a possível interferência do posicionamento lingual, “podendo acarretar na execução inadequada das funções da língua, que são basicamente deglutição, mastigação, fala e respiração”.

Como a região bucal é rica em bactérias, é necessário higienização freqüente com substância bactericida a fim de não causar septicemia, formação anormal do tecido nervoso ou de quistos na região interna da língua. É importante alertar para a possibilidade de leucoplastia, lesão branca na mucosa bucal, causada pela constante presença do corpo estranho, e pode levar ao câncer. Estudos na área odontológica vêm associando o piercing oral a complicações cardiopáticas, por conta do índice de infecção, mas ainda não se tem nada confirmado. Pesquisas indicam que a alteração do tecido na cavidade bucal é certa, as conseqüências desta é que não podem ser delimitadas até o momento.

O ideal, portanto, é procurar informação sobre o local onde é feita a aplicação, manter a região bucal mais limpa possível, com desinfectantes e esterilizantes, e ir ao dentista e fonoaudiólogo periodicamente.

Quando perguntada sobre o que recomendaria a alguém que quisesse colocar um piercing, Mônica responde: “nem pensar! Outro dia mesmo a minha filha comentou sobre o assunto e eu já me adiantei em fazê-la desistir. Não é nada seguro”.


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