Por uma boa causa
30.03.2006

Melhora na qualidade de vida no tratamento da dor
por Mariana Elia

O Programa de Tratamento da Dor e Cuidados Paliativos tem diversos trabalhos na área de assistência. A escola da coluna, as técnicas de relaxamento e o passeio-cuidador são as principais atividades que integram o tratamento.

O primeiro passo é a triagem, onde é verificado se a indicação do clínico corresponde aos paradigmas do Programa. De acordo com o tipo de dor, o paciente é direcionado aos profissionais específicos, como psiquiatra ou fisioterapeuta, sendo então, iniciados os planos terapêuticos.

Cuidado paliativo é definido pelo Comitê de Expertos da Organização Mundial de Saúde (OMS) como “uma abordagem que melhora a qualidade de vida do paciente e de suas famílias ajudando-os a lidar com os problemas associados às doenças ameaçadoras à vida, prevenindo e aliviando o sofrimento através da identificação precoce, impecável avaliação e tratamento da dor e outros problemas, físicos, psico-sociais e espirituais”. Dessa maneira, coordenadores do Programa acreditam que pacientes com as chamadas doenças limitadoras do tempo de vida possam lidar com mais tranqüilidade e menos sofrimento esse percurso, que costuma ser muito doloroso.

O tratamento deve ser feito ainda na fase inicial da doença, aliado às terapias convencionais de cura, tais como radioterapia e quimioterapia, pois segundo a coordenadora de ensino do Programa, Lílian Hennemann, “sempre existe algo que pode ser feito, mesmo que seja ficar ao seu lado apenas”. O apoio à família também é fundamental e as clínicas de dor (o Programa é uma expansão desse projeto) trabalham nesse sentido.

Os profissionais recomendam que os parentes venham às consultas e procuram conversar freqüentemente. “Um olhar direcionado a eles, respeitando a forma de lidar com a situação de crise, mas também mostrando que se pode ter qualidade de vida, pois muitas vezes a família isenta o paciente de responsabilidades. É necessário mostrar que se podem manter certas atividades”, diz a doutora.

A escola da coluna atende os casos mais comuns, que estão relacionados a dores cervicais ou lombares, por exemplo. É um dos serviços prestados dentro do plano terapêutico e ensina a postura mais correta para as atividades cotidianas. A ergonomia do dia-a-dia deve ser corrigida a fim de evitar problemas que podem vir a ser bastante prejudiciais. Assim, aprender a carregar peso próximo ao corpo, dividindo-o ao máximo (como bolsa cruzada ou com ambos os braços), levantar levemente uma das pernas de cada vez quando se permanece sentado por longo tempo são exemplos de ensinamentos que podem prevenir o surgimento de dores crônicas. Além de atentar para cuidados que se pode tomar contra quedas, como o uso de tapetes, sapatos adequados e ponto de luz permanente.

As técnicas de relaxamento se caracterizam pela percepção do corpo e da indução, baseado nas técnicas de Jacobson e na terapia cognitiva comportamental, “pois mesmo que se perceba a tensão, não dá para simplesmente descontrair o músculo. É preciso conscientizar o corpo”. Saber diferenciar as dores emocionais, como depressão, angústia, das dores físicas também é importante para o relaxamento. O Programa oferece três a quatro cursos por ano com dez aulas aos profissionais para o trabalho com os pacientes.

E há também a organização do passeio-cuidador algumas vezes ao ano. Trata-se de uma caminhada pelos arredores do Hospital Universitário e da confraternização com a equipe. O interessante do passeio é a integração entre os pacientes, que se dão conta de que não são únicos a portarem a doença da dor. A coordenadora diz que a socialização é importante, não apenas para alegrar, mas também por aumentar a auto-confiança para a continuação do tratamento.

O melhor método de prevenção, no entanto, é o tratamento adequado da dor aguda. O clínico e o paciente geralmente não dão importância a esse sintoma e existe ainda o preconceito com os medicamentos opióides. A coordenadora ressalta a necessidade de implantação da dor como o quinto sinal vital nas unidades hospitalares a fim de melhor identificá-la e tratá-la ainda como sintoma.

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