Notícias da Semana
13.04.2006

Ciência respira aliviada
Por Geralda Alves

A comunidade científica do Rio de Janeiro pode voltar a respirar aliviada, o prefeito César Maia vetou o projeto de lei do vereador Cláudio Cavalcanti que proibia a utilização de animais em práticas experimentais. O parecer do Prefeito foi fundamentado através de contribuição técnicas da comunidade científica, em especial do Comitê de Ciência e Tecnologia da Cidade do Rio de Janeiro que mostrou a importância da utilização de animais em pesquisas, essenciais para o progresso da ciência. Além de permitir a continuidade das atividades nas áreas de ensino e pesquisa.

Apesar do veto, o assunto ainda merece uma constante vigília, até ao final, pois de volta à Câmara dos Vereadores, poderá ainda ser objeto de acordos entre seus membros no sentido de derrubada do veto, a exemplo do que ocorreu recentemente no Estado de São Paulo, sobre o mesmo assunto, o que originou o ingresso pelo Poder Executivo Estadual de Ação Direta de Inconstitucionalidade junto ao Supremo Tribunal Federal, ainda em fase de julgamento.

É bom lembrar que todo o trabalho desenvolvido em pesquisa com o uso de animais tem por finalidade máxima a defesa do homem e o interesse da ciência. A atuação da comunidade científica é pautada em princípios éticos que norteiam a conduta dos professores e dos pesquisadores no trato e uso humanitário com animais de laboratório. Baseado nisso, foi criado em 1991, o Colégio Brasileiro de Experimentação Animal – COBEA e na Universidade Federal do Rio de Janeiro, foi criado, em 2004, a CAUAP Comissão de Avaliação da Utilização de Animais em Pesquisa do Centro de Ciência da Saúde, substituindo a Comissão já existente no Instituto de Biofísica (1980).

Epidemiologia na saúde mental
Por Mariana Elia

O Núcleo de Estudos em Saúde Coletiva promoveu, nesta terça-feira (11/4), um dia dedicado à saúde mental com a professora do Instituto de Psiquiatria da Universidade de Londres, Cleusa Ferri. Na palestra, Cleusa falou de seu trabalho publicado na renomada revista científica The Lancet. À tarde, fez parte de um grupo de discussão, no qual pôde relatar com mais detalhes as pesquisas realizadas no departamento onde trabalha, e conhecer o trabalho que está sendo feito pelo núcleo acadêmico do NESC.

Epidemiologia, segundo a professora Cleusa, é o estudo da distribuição das doenças na população. Não se dedica, portanto à clínica propriamente, mas a freqüência e fatores de risco de determinadas doenças. As pesquisas apresentadas pela professora tratam de assuntos variados relacionados à saúde mental, pois “como estudamos epidemiologia, temos uma abrangência maior de temas” e foram realizadas por estudiosos de diferentes países, inclusive o Brasil. A violência durante a gravidez e como mãe e bebê são afetados, questões relacionadas à migração na Tailândia e a relação entre saúde mental e doença infecciosa são alguns exemplos citados por Cleusa.

O centro de psiquiatria londrino é a maior referência em pesquisa, excetuando os centros norte-americanos, e há iniciativas principalmente para pesquisadores originários de países em desenvolvimento. A professora acentuou o número de bolsas e a facilidade de aquisição de investimentos. O trabalho publicado na revista londrina, no entanto, trata de outro assunto abordado no centro. Global Prevalence of Demential é a realização de um Consenso mundial sobre a demência. Quer dizer, é uma pesquisa que encontrou, junto com profissionais de todo o mundo, uma concordância em relação ao número de pacientes portadores de demência.

Por ser uma área de pesquisa ainda muito insipiente em alguns países, não se chegou a um número exato, mas a uma estimativa, baseada em dados econômicos e relativos a saúde, através da técnica Delfi. O resultado também revelou que a maioria dos idosos dementes está nos países em desenvolvimento. A professora diz que “isso ocorre porque os países mais pobres estão envelhecendo e ainda não há preparação social”.

Quanto à questão de a alfabetização e a prática de leitura influenciar no não desenvolvimento de Alzheimer, a professora é cautelosa, “é cedo para confirmar a relação. É preciso verificar se não há falha no próprio teste, como pedir a reprodução de palavras a um analfabeto. Ele não sofre de demência, mas não pode fazer o que é pedido”. A demência é uma doença que acomete fundamentalmente os idosos e é dividida em vários tipos. Não se trata do envelhecimento natural ou de esquecimentos comuns à idade avançada, mas uma síndrome progressiva e degenerativa, que pode ser tanto de origem vascular, Alzheimer como outros.

Outra pesquisa

O NESC está iniciando uma pesquisa dentro do núcleo acadêmico, ligado ao programa de Prevenção e Atenção às Vítimas da Violência do Ministério da Saúde. O objetivo é levantar dados relativos a tentativas de suicídio na cidade do Rio de Janeiro, verificando os fatores de risco, a fim de assessorar as instâncias políticas e de ação preventiva. Os casos serão analisados no setor de emergência do Hospital Souza Aguiar até dezembro deste ano. Os pacientes serão avaliados, entre outros pontos, sobre o grau de ideação em relação à tentativa de suicídio, mas a professora Cleusa diz que “é necessário um instrumento que meça a intencionalidade e a ideação, porque o julgamento de alguém, mesmo que do avaliador, é muito subjetivo”. Algumas técnicas já estão sendo testadas na fase piloto da pesquisa, que iniciou em março.


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