Argumento
16.03.2006
Um biotério para a UFRJ
por Geralda Alves
 
O Centro de Ciência da Saúde-CCS é referência nacional e internacional na área das Ciências Biológicas e da vida. Centenas de artigos de alta qualidade são publicados anualmente, resultantes de suas pesquisas. Há, no CCS, mais de 1800 alunos de pós-graduação desenvolvendo pesquisas, muitos deles passam o dia dentro dos 400 laboratórios que possui o Centro. Só no prédio do CCS, no Fundão estão localizados 300 laboratórios grande parte trabalha com experimentação animal, guardando muitas vezes, esses animais, em seus próprios laboratórios, ou no chamado “hotel” localizado no espaço entre um bloco e outro.

Na quarta-feira de cinzas, dia 1º de março, as instalações do Laboratório de Vertebrados do Departamento de Ecologia do Instituto de Biologia da UFRJ pegou fogo matando 93 roedores e causando prejuízos da ordem de 100 mil dólares, considerando os investimentos realizados em equipamentos, que foram danificados, e na perda do material coletado durante o período de desenvolvimento dos trabalhos científicos, que tiveram sua continuidade prejudicada.

A morte desses animais poderia ter sido evitada se na Universidade existisse um biotério. Segundo o professor Paulo Melo, responsável pelo Laboratório de Farmacologia de Toxinas e presidente da Comissão de Avaliação da Utilização de Animais em Pesquisa do CCS (CAUAP) é extremamente necessário a criação de um biotério na UFRJ, ou seja, um lugar apropriado para se receber e manter os animais de laboratório, em condições sanitárias dentro de padrões estabelecidos, para serem utilizados na pesquisa científica, na preparação de produtos biológicos, em exames toxicológicos ou no controle de qualidade de alimentos, medicamentos e vacinas. “No Rio de Janeiro a Universidade Rural, a Federal Fluminense e a UERJ tem biotério, além da FIOCruz que possui o melhor deles. Em São Paulo, existe uma infra-estrutura em algumas universidades, como a Unicamp, a USP-capital e a USP de Ribeirão Preto”, enfatiza o professor.

Segundo Paulo Melo há 30 anos vêm se discutindo a necessidade de um biotério na UFRJ. “O que tem emperrada é a falta de verba. Fazer um grande biotério, que a Universidade comporte, sai caro, mas ele pode se auto sustentar, através da venda de animais para pesquisadores (esses animais poderiam se preparados ou não, de acordo com a necessidade de cada um), além de gerar diversos empregos”.

- O Centro de Ciência da Saúde é o único centro que tem uma Comissão de Ética e Pesquisa em Animais e é um dos maiores pesquisadores de biologia do Brasil. O prédio do CCS está sobrecarregado devido ao grande volume de pesquisa existente nos laboratórios. Precisamos ampliar o prédio e melhorar as condições de trabalho dos laboratórios de forma compatível com a excelência do que se produz aqui - diz o decano do Centro, professor João Ferreira.

Ele alerta ainda para a necessidade de conscientização de professores e funcionários sobre as especificidades do prédio do CCS. “Este prédio é diferente dos demais, funciona 24 horas por dia e se uma força é desligada, há um grande prejuízo”, finaliza o decano.

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