Saúde em Foco
10.11.2005

Achada molécula que capta moléculas de gordura em animais
Jornal do Commércio – RJ
Tecnologia & Saúde
04/11/05


Doce, salgado, azedo, amargo e umami. Estes são os cinco sabores que os mamíferos reconhecem , de acordo com cientistas – o último, definido a apenas cinco anos, identifica o glutamato monossódico, presente em carnes, frutos do mar e queijos envelhecidos. Agora, mais um gosto entra no cardápio: a gordura.

Um grupo de pesquisadores franceses descobriu a molécula que forma “papila gustativa” própria para identificar e captar ácidos graxos, gorduras essenciais para o organismo, mas que, em alta quantidade, podem provocar problemas de saúde, como alta taxa de colesterol. Os resultados estão publicados na edição deste mês da revista especializada The Journal of Clinical Investigation (www.jci.org).

Essas papilas são proteínas que se localizam em cima de uma das células gustativas nas laterais da língua e forma botões gustativos espalhados pelo órgão.

Isso acontece pelo menos em ratos e camundongos, dois mamíferos (além do homem) que são declarados amantes da gordura: eles buscam espontaneamente os lipídios quando têm escolha.

A médica Nada Abumrad, da Universidade de Washington Missouri (EUA), que não participou do estudo, escreve um artigo na mesma revista que acompanha a apresentação dos resultados pelos franceses.

Segundo ela, a existência de uma papila só para sentir a gordura ajuda os mamíferos a escolherem o alimento correto. Afinal, os ácidos graxos são importantes fontes de energia para a maioria das células.

A pesquisa foi dividida em duas partes. Seguindo indícios de estudos anteriores, primeiros os franceses “desligaram” um gene, o CD36, em camundongos modificados. O resultado é que, ao contrário do norma, esses animais não deram na mínima para a gordura, “o que sugere que o CD36 possui papel importante neste fenômeno”, explicou o líder da pesquisa, Phelippe Besnard.

A maioria das conseqüências da falta de gordura foi desastrosa. A energia para movimentar o corpo veio da glicose, o que provocou uma lipoglicemia. Os camundongos sem o gene CD36, e, portanto sem produzir a produzir a proteína CD36, se saíram muito mal em exercícios físicos e tiveram metabolismo alterado.

Como esperado, a redução do consumo de ácidos graxos teve sua vantagem. Os roedores mostraram menos propensão à arteriosclerose. Na segunda etapa, eles estudaram como a gordura, quando captada pela papila, conduz uma espécie de reações no corpo. As terminações nervosas ligadas à célula gustativa identificam a molécula e o cérebro liga o produto ao gosto de gordura.


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