Poluição
aumenta número de nascimentos de meninas em SP
Um estudo divulgado na última semana na revista 'Nature',
uma das mais importantes publicações do mundo científico,
revelou que a poluição interfere também no sexo do
bebê. A pesquisa, coordenada pelo urologista Jorge Hallak, diretor-executivo
do Centro de Reprodução Humana do Hospital das Clínicas,
foi realizada na cidade de São Paulo.
Entre 2001 e 2003, os especialistas avaliaram 29 áreas com estações
de medição de poluentes da Companhia de Tecnologia de Saneamento
Ambiental (Cetesb). As áreas foram divididas em três grupos,
de acordo com a concentração de poluentes. Em seguida, os
pesquisadores analisaram os registros de nascimentos nessas áreas.
Nas regiões mais poluídas, o número de meninas chegou
a 49,3% contra 48,3% nas áreas com menor índice de poluentes.
A diferença foi de 1%, o equivalente a 1.180 bebês do sexo
feminino a mais.
Para confirmar os resultados, os pesquisadores realizaram, então,
um segundo estudo com ratos. Os bichos foram colocados em gaiolas a céu
aberto respirando os mesmos poluentes. As parceiras de ratos expostos
à poluição passaram a ter mais fêmeas do que
os animais que não passaram pela mesma situação.
O estudo brasileiro é o primeiro no mundo a confirma a relação
entre poluição e aumento do número de nascimento
de meninas. Dessa forma, a poluição passa a ser um fator
traumático, colocado entre outros eventos que podem alterar a taxa
de natalidade por sexo de uma população. Entre esses eventos
estão as guerras, desastres naturais - como o Tsunami e furacões
- e até atentados terroristas.
Segundo o urologista Jorge Hallak, já se sabe da relação
entre a poluição e a infertilidade. Mas, até agora,
não existiam provas de que os poluentes presentes no ar atmosférico
tivessem relação também com a chamada fertilização
preferencial, como foi demonstrado.
- Isso mostra que estamos interferindo diretamente em aspectos ligados
à evolução da espécie - afirma Hallak.
De acordo com o especialista, acredita-se que os poluentes interfiram
na seleção do esperma, alterando a proporção
que carrega o cromossomo X ou Y. - O cromossomo Y já está
em desvantagem na natureza - avalia Hallak.
A proporção de homens que nascem no mundo, por exemplo,
sempre se manteve no equilíbrio de 51% em relação
a 50% de mulheres. Numa segunda etapa, Hallak vai estudar quais os mecanismos
e poluentes mais envolvidos nesse processo de seleção. Além
disso, o especialista pesquisa também o efeito das drogas (cocaína,
maconha etc) nesse processo assim como os agrotóxicos e até
alguns alimentos, que também podem influenciar nessa equação.
A poluição tem ainda outros efeitos, como aumento do nascimento
de bebês prematuros e da pressão arterial
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