Saúde em Foco
27.10.2005

Comissão de saúde faz nova vistoria no Souza Aguiar

RIO - Representantes da comissão de saúde da Assembléia Legislativa (Alerj) fizeram nesta terça-feira mais uma vistoria no Hospital Souza Aguiar. A comissão constatou a falta de médicos e medicamentos na farmácia do hospital. Segundo um dos membros da comissão, uma liminar expedida no dia 7 de outubro obriga o prefeito César Maia a convocar para o trabalho 2.059 profissionais de saúde aprovados em concurso público.

Desde agosto todos os pedidos de remédio encaminhados pela direção do Souza Aguiar à Secretaria Municipal de Saúde (SMS) foram negados. Representantes da comissão de saúde fizeram imagens na segunda-feira, durante uma vistoria, que mostram as prateleiras da farmácia vazias. Segundo o presidente da Comissão de Saúde da Alerj, deputado Paulo Pinheiro (PPS-RJ), três cirurgias foram canceladas e oito pacientes transferidos por causa da falta de antibióticos:

- Os médicos da neurocirurgia e da ortopedia não concordaram em operar sem os antibióticos para garantir a vida dos pacientes - afirmou.

Na entrada do Hospital Souza Aguiar, uma mulher que chorava de dor disse que não conseguiu atendimento:

- Não tem médico para me atender nesse lugar. Vou ficar com dor aqui? Não fico.

Mas a paciente desmaiou na rua e foi levada de volta à emergência em cima de um carrinho emprestado por um camelô, com a ajuda de um médico do hospital.

Um rapaz, que também chegou passando mal no Souza Aguiar, precisou ser carregado pelos colegas de trabalho.

- Estamos sem maca e sem cadeira - admitiu um segurança do Souza Aguiar.

A Secretaria Municipal de Saúde informou que enviou uma equipe da própria secretaria para atuar em conjunto com a administração do hospital. Segundo a secretaria, as dificuldades foram causadas pela descentralização financeira das unidades de saúde. Sobre a falta de medicamentos, a prefeitura admitiu que há desabastecimento e explicou que um problema burocrático com os fornecedores teria atrasado a entrega dos produtos. A secretaria informou que até o fim desta semana o fornecimento estará normalizado.

A falta de pelo menos 300 tipos de medicamentos levou os médicos do Souza Aguiar a suspender parte do atendimento a partir desta terça. Somente os pacientes em estado grave são recebidos na unidade, que cancelou todas as cirurgias eletivas até que o abastecimento de remédios seja normalizado pela prefeitura. Além de decidir atender apenas pacientes em situação grave, os médicos pediram aos profissionais do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) que evitem levar doentes para o Souza Aguiar. Caso o impasse persista, os deputados da comissão de saúde da Alerj vão pedir ao Ministério Público estadual que entre com uma ação contra a prefeitura.

25/10/2005 - 20h58m
Globo Online
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