“Entre
as intervenções para a prevenção de
doenças a utilização de vacinas tem um lugar
muito especial. Nos últimos 200 anos, após os primeiros
estudo de Edward Jenner que levaram ao desenvolvimento da vacina
contra a varíola, perto do ano 1800, diversas doenças
tiveram a sua importância para a saúde pública
modificada por vacinas. Podemos citar o tétano, a difteria,
o sarampo, a febre amarela e poliomielite como exemplos de doenças
infecciosas que foram parcialmente controladas por vacinas.
O conceito de capacitar o organismo para produzir mecanismos de
defesa contra agentes infecciosos através de imunizações,
com os mesmos agentes atenuados ou morto (ou mesmo fragmentos
destes) inoculados previamente à exposição
é extremamente atraente como intervenção
para prevenção de doenças.
Intervenções pontuais como estas são um excelente
caminho para prevenção de doenças infecciosas.
Vejamos o exemplo da infecção por HIV, usando apenas
o modelo de transmissão sexual. A prevenção
da transmissão sexual da AIDS exige atualmente uma série
de medidas continuadas permanentes: redução de número
de exposições de risco, uso continuado de preservativos,
diagnóstico e tratamento de outras doenças de transmissão
sexual entre tantas outras.
É evidente que a disponibilidade de uma vacina preventiva
segura e eficaz, aplicada em algumas visitas, seria muito mais
razoável e factível. Vacinas contra doenças
não infecciosas com neoplasias também são
objeto de estudo na comunidade científica.
Devemos, entretanto, lembrar que em geral as vacinas são
utilizadas em indivíduos sadios, antes da exposição
(que não se sabe se ocorrerá) a um agente patogênico.
Por este motivo é fundamental que além de eficazes
elas sejam também seguras. Resumidamente, a utilização
de vacinas é uma das estratégias mais importantes
para a prevenção de doenças.”
|
|
“O
impacto dos programas de vacinação na saúde
das populações pode ser comparado apenas ao do tratamento
da água de consumo.
A vacinação tornou possível a erradicação
da varíola (último caso na Somália, em 1977)
e existem perspectivas de que a transmissão do sarampo
também possa ser eliminada em um prazo relativamente curto.
As vacinações têm papel importante na prevenção
de algumas doenças infecciosas, porém não
é isenta de falhas e riscos (ainda que os eventos adversos
graves sejam muito raros) e, muito menos, é uma panacéia.
A vacinação não deve ser limitada à
população infantil. Nos últimos anos, o reconhecimento
da necessidade de dar continuidade a imunização
ao longo da vida do indivíduo tem motivado a expansão
dos programas de imunização para a população
de adolescentes e adultos em todo o mundo.
Para diversas doenças (febre amarela, tétano, difteria,
sarampo, rubéola, poliomielite, hepatite B, hepatite A,
doença invasiva por Haemophilus b etc) as vacinas conferem
proteção de longa duração, têm
eficácia, em geral, superior 90% e, sem dúvida,
constituem a medida de prevenção mais adequada.
Para outras (febre tifóide, cólera etc) a proteção
conferida dura poucos anos, a eficácia é bastante
limitada e as vacinas têm indicações restritas
e função apenas complementar. Para a maioria das
doenças (malária, aids etc) ainda não existem
vacinas disponíveis para uso clínico.”
|