Faces e Interfaces
03.11.2005

Prevenir doenças e Proteger a Saúde
Por Vanessa Souza

“Estudos recentes apontam para uma nova vacina que poderá ser a solução para os casos de câncer do colo do útero”. “Projeto Praça Onze pesquisa vacina capaz de combater o vírus HIV”. “Campanha de Vacinação destinada a idosos contribui na redução da mortalidade”. Essas são algumas manchetes que realçam a seguinte questão: “As vacinas são a melhor forma de prevenir doenças?”. A Editoria Faces e Interfaces desta semana aborda questões relativas aos desafios no uso das vacinas em doenças emergentes e re-emergente, e traz informações sobre o papel das vacinas na melhoria da saúde das populações do mundo. Para falar sobre o assunto, o Olhar Vital convidou o Doutor Paulo Feijó, responsável pelo Projeto Praça Onze, e a Doutora Terezinha Marta, do Cives/CVA – Centro de Vacinação para Adultos.


Paulo Feijó
Projeto Praça Onze

 
Terezinha Marta P.P.Castiñeiras
Cives/CVA- Centro de Vacinação para Adultos

“Entre as intervenções para a prevenção de doenças a utilização de vacinas tem um lugar muito especial. Nos últimos 200 anos, após os primeiros estudo de Edward Jenner que levaram ao desenvolvimento da vacina contra a varíola, perto do ano 1800, diversas doenças tiveram a sua importância para a saúde pública modificada por vacinas. Podemos citar o tétano, a difteria, o sarampo, a febre amarela e poliomielite como exemplos de doenças infecciosas que foram parcialmente controladas por vacinas.

O conceito de capacitar o organismo para produzir mecanismos de defesa contra agentes infecciosos através de imunizações, com os mesmos agentes atenuados ou morto (ou mesmo fragmentos destes) inoculados previamente à exposição é extremamente atraente como intervenção para prevenção de doenças.

Intervenções pontuais como estas são um excelente caminho para prevenção de doenças infecciosas. Vejamos o exemplo da infecção por HIV, usando apenas o modelo de transmissão sexual. A prevenção da transmissão sexual da AIDS exige atualmente uma série de medidas continuadas permanentes: redução de número de exposições de risco, uso continuado de preservativos, diagnóstico e tratamento de outras doenças de transmissão sexual entre tantas outras.

É evidente que a disponibilidade de uma vacina preventiva segura e eficaz, aplicada em algumas visitas, seria muito mais razoável e factível. Vacinas contra doenças não infecciosas com neoplasias também são objeto de estudo na comunidade científica.

Devemos, entretanto, lembrar que em geral as vacinas são utilizadas em indivíduos sadios, antes da exposição (que não se sabe se ocorrerá) a um agente patogênico. Por este motivo é fundamental que além de eficazes elas sejam também seguras. Resumidamente, a utilização de vacinas é uma das estratégias mais importantes para a prevenção de doenças.”

 
“O impacto dos programas de vacinação na saúde das populações pode ser comparado apenas ao do tratamento da água de consumo.

A vacinação tornou possível a erradicação da varíola (último caso na Somália, em 1977) e existem perspectivas de que a transmissão do sarampo também possa ser eliminada em um prazo relativamente curto.

As vacinações têm papel importante na prevenção de algumas doenças infecciosas, porém não é isenta de falhas e riscos (ainda que os eventos adversos graves sejam muito raros) e, muito menos, é uma panacéia.

A vacinação não deve ser limitada à população infantil. Nos últimos anos, o reconhecimento da necessidade de dar continuidade a imunização ao longo da vida do indivíduo tem motivado a expansão dos programas de imunização para a população de adolescentes e adultos em todo o mundo.

Para diversas doenças (febre amarela, tétano, difteria, sarampo, rubéola, poliomielite, hepatite B, hepatite A, doença invasiva por Haemophilus b etc) as vacinas conferem proteção de longa duração, têm eficácia, em geral, superior 90% e, sem dúvida, constituem a medida de prevenção mais adequada. Para outras (febre tifóide, cólera etc) a proteção conferida dura poucos anos, a eficácia é bastante limitada e as vacinas têm indicações restritas e função apenas complementar. Para a maioria das doenças (malária, aids etc) ainda não existem vacinas disponíveis para uso clínico.”


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