Faces e Interfaces
27.10.2005

Expectativas de um Médico
Por Vanessa Souza

O curso de Medicina é o mais concorrido entre os vestibulandos inscritos no Processo de Admissão da Universidade Federal do Rio de Janeiro. Dados divulgados recentemente demonstraram que cerca de trinta alunos disputam cada vaga do curso. O que causa tamanho fascínio pela profissão? Quais as principais expectativas de um vestibulando? O curso satisfaz as expectativas iniciais? Para discutir essas questões, o Olhar Vital conversou com dois graduandos em Medicina. Adriana Carvalho e Alexandre Mark Staviack falaram um pouco de suas experiências e impressões ao vivenciarem o dia-a-dia da Faculdade mais cobiçada da UFRJ.


Adriana Carvalho
Aluna do 8º período de Medicina

 
Alexandre Mark Staviack
Aluno do 8º período de Medicina

“Quando eu prestei Vestibular e quando eu pensava em Medicina antes de entrar na Faculdade, eu idealizava uma profissão, e acreditava que a faculdade fosse corresponder a isso. Na verdade, eu pensava em coisas mais abstratas e idealizadas, como ajudar o paciente, fazer bem ao próximo. Mas, depois que eu entrei dentro da rotina de um hospital, percebi que é tudo muito palpável, muito concreto. Havia várias matérias super específicas nos primeiros períodos, que de início, eu não entendia a finalidade, no que elas poderiam ser úteis na minha formação. Os dois primeiros anos são muito difíceis, porque o aluno não interage com os pacientes. Por isso, é comum encontrar alunos pensando em desistir, decepcionados com a quantidade de matérias teóricas. Porém, depois desse período inicial e a partir do contato com os enfermos, você passa a entender a necessidade de cada assunto estudado. E, apesar da faculdade não ter correspondido as minhas expectativas iniciais, eu nunca pensei em desistir e tenho muito orgulho de me formar numa profissão tão bonita, embora sacrificante, como a Medicina”.
 
“Antes de ingressar na faculdade, a maioria dos vestibulandos pensa em cursar Medicina para ajudar o próximo, ajudar os pacientes, ser prestativo... Eu acredito que esse seja o princípio da Medicina. Apesar disso, uma minoria procura a Medicina pensando em adquirir um ganho financeiro maior, o que atualmente, é uma grande fantasia. Enfim, depois que eu entrei na faculdade, passei por algumas enfermarias, tive contato com pacientes, percebi que ser médico é muito mais difícil do que eu pensava. Não é simplesmente ir até o paciente, conversar e indicar o remédio. Existe uma série de outras coisas que devem ser levadas em consideração. Também é frustrante perceber que o médico não é nenhum super-herói capaz de curar todas as doenças. Apesar disso, depois de observar o dia-a-dia das emergências, o que eu destaco como o mais importante da profissão é tratar o paciente com atenção e respeito. Essa é uma regra básica que os nosso professores ressaltam todo o momento e que, infelizmente, pode-se considerar uma raridade entre muitos dos profissionais da área. Para resumir, eu acho que fazer Medicina é para quem quer ajudar o próximo. Por qualquer outra razão não vale a pena!”.

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