Argumento
20.10.2005
UFRJ tem centro de diagnóstico e pesquisa em Hipertermia Maligna
por Eric Macedo


A Universidade Federal do Rio de Janeiro tem um centro de referência em diagnóstico e pesquisa e desenvolvimento de drogas para uma desconhecida doença chamada hipertermia maligna, que se desenvolve a partir da reação a determinadas substâncias normalmente utilizadas em anestesias gerais. A gravidade do problema está no número de mortes, já que 75% dos casos da doença chegam ao óbito. Também há a complicação de não se saber quem pode manifestar a doença, que não tem outros sintomas.

A hipertermia maligna aparece em um caso para cada dez a 15 mil cirurgias em crianças e um para cada 50 mil cirurgias em adultos. Segundo o professor Roberto Takashi, do departamento de Farmacologia da UFRJ e coordenador do centro, a doença é de natureza farmaco-genética, ou seja, a pessoa nasce com o problema, mas ela só vai se manifestar quando o paciente fizer uma cirurgia e for exposto aos fármacos da anestesia. O quadro clínico é de aumento da freqüência cardíaca, rigidez dos músculos, sudorese intensa e rápido aumento da temperatura. “A temperatura sobe um grau a cada cinco minutos. Chega a 43o, 44o”, revela Takashi. Com isso, os músculos começam a se destruir, há hemorragia e o paciente morre.

O centro é resultado de uma parceria entre os departamentos de Farmacologia, Anestesia e Ortopedia da UFRJ. Ele é um dos únicos do país que realiza testes para o diagnóstico da doença. “Agora é que se está criando outro laboratório em São Paulo”, diz Takashi. O exame é complexo: é preciso que o paciente se submeta a uma pequena cirurgia para retirada de um pedaço de músculo da perna, em que é realizada uma biópsia. O teste é indicado para quem tem pessoas na família que já manifestaram a doença. Dos 165 pacientes biopsiados até hoje, 60% revelaram portadores do problema.

Além disso, está sendo desenvolvido pelo centro um novo medicamento para combate da hipertermia maligna. Segundo Takashi, a pesquisa já se encontra em fase bastante avançada. “Já há um remédio para tratar a doença, mas ele é caro e tem a solubilidade bastante difícil. A substância que estamos desenvolvendo tem a grande vantagem de ser altamente solúvel”, conclui.


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