Ciência e Vida
13.10.2005

Saúde Preventiva entre Profissionais do Sexo
Por Vanessa Souza

O trabalho Jardim de Sombras: Liderança e Prevenção entre Prostitutos e Prostitutas na Cidade do Rio de Janeiro, de autoria da doutora Carla de Méis, foi o vencedor do Prêmio “Professor Luiz Cerqueira”, da Associação Brasileira de Psiquiatria. O estudo teve a orientação do decano do Centro de Ciência da Saúde - CCS, professor João Ferreira da Silva Filho, que recentemente alcançou a titulação máxima destinada à comunidade acadêmica.

Normalmente, a prostituição é reprovada nas sociedades, devido à degradação que gera aos praticantes e à disseminação de doenças sexualmente transmissíveis. A partir das Doenças Sexualmente Transmissíveis (DSTs), entre as quais a AIDS, tornou-se necessária a intervenção estatal para o controle e prevenção dessas doenças, que atingiram níveis de epidemia no final do século XX, início do século XXI.

O Vírus da Imunodeficiência Humana - HIV é o causador da AIDS, doença que atinge o sistema imunológico a ponto de tornar mortais, infecções geralmente corriqueiras. No mundo todo, pelo menos 28 milhões de pessoas já morreram infectadas pela AIDS.

As camisinhas masculina e feminina são o meio mais seguro de evitar a infecção pelo HIV e outras DSTs. A eficácia da camisinha como forma de prevenção depende da forma como ela é utilizada, da experiência em usá-la corretamente e da qualidade do produto.

A maior dificuldade encontrada durante a realização de um trabalho de prevenção entre prostitutas, ainda diz respeito à resistência dos clientes em usar preservativo durante as relações. Para os travestis, no entanto, é sempre mais fácil seguir essa determinação porque, segundo eles relatam, a maioria de seus clientes é casada e procura travestis para sexo passivo e nesta condição, só precisam colocar a camisinha em si mesmos, em oposição a convencer o cliente a usar.

Mais de 20 anos depois da identificação do HIV, ainda não há vacina contra o vírus, nem cura para a doença, apesar da expectativa de vida dos portadores de HIV ter crescido significativamente graças à nova geração de medicamentos usados no combate à AIDS.

No dia 17 de outubro, um grupo de profissionais especializados na pesquisa da AIDS e outras doenças sexualmente transmissíveis, do Hospital Universitário Clementino Fraga Filho (HUCFF), estará promovendo a palestra “Ajudando no Desenvolvimento de uma Vacina contra HIV”, com David Watkins.

Watkins é chefe do Laboratório de Diagnóstico Molecular e Histocompatibilidade do Hospital de Clínicas da Universidade de Wisconsin e integrante do Grupo de Trabalho de Pesquisa de Vacina de Aids (AVRWG).

A vinda de David Watkins para o Rio de Janeiro é resultado do trabalho entre o Serviço de Doenças Infecciosas e Parasitárias (DIP) e o Projeto Praça Onze, realizado pelo grupo de profissionais especializado na pesquisa da AIDS e outras doenças sexualmente transmissíveis, ambos com trabalhos desenvolvidos no Hospital do Fundão.

De acordo com o coordenador do Laboratório de Pesquisa em AIDS da UFRJ, doutor Mauro Schechter, produzir qualquer droga é um processo longo, complicado e caro. E no caso do vírus HIV, ainda existe um agravante que consiste no fato de que a parte do vírus a ser combatida ainda não é conhecida pelos estudiosos. “Contra o HIV já foram testadas mais de 20 vacinas, mas até encontrarmos a definitiva vai demorar um pouco”, conclui


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