Ciência e Vida
29.09.2005

Semana Nacional de Doação de Órgãos
por Eric Macedo

O Brasil possui o maior sistema público de transplantes do mundo. Só no ano passado, foram realizadas mais de 11 mil cirurgias do tipo pelo Sistema Único de Saúde (SUS). No entanto, a demanda de órgãos continua a ser muito maior do que a oferta. Com o objetivo de incentivar a população a ser doadora e comunicar à família a sua decisão – uma vez que é ela quem expressa aos médicos a vontade do paciente após a ocorrência de morte cerebral – o Ministério da Saúde promove, entre 23 e 30 de setembro, a Semana Nacional de Doação de Órgãos.

Para o coordenador do programa de transplante pulmonar do Hospital Universitário Clementino Fraga Filho (HUCFF) da UFRJ, Carlos Henrique Boasquevisque, campanhas como essa, na mídia, sempre se refletem em aumentos sensíveis no número de doações. “Elas conscientizam as pessoas da importância de doar. O transplante, em muitos casos, é a única solução para pacientes em estágio terminal”, disse ele.

Boasquevisque lembra também que têm sido interessantes as campanhas dentro das faculdades de medicina, para informação e conscientização dos profissionais que estão entrando agora em atividade. “Há pouco tempo atrás, não era passada aos médicos, em sua formação, o valor da doação de órgãos”, afirmou.

O HUCFF tem se destacado na realização de transplantes. No início do mês, o hospital chegou a realizar seis cirurgias em apenas 24 horas (três de rim, dois de pulmão e um de fígado). Para Boasquevisque, isso é uma evidência de que o hospital está funcionando e responde bem à oferta de órgãos.

Os transplantes mais realizados hoje são os de rim, fígado e córnea. As filas para ser contemplado com um desses órgãos são imensas. A espera é de anos. Segundo dados do Sistema Nacional de Órgãos, atualmente cerca de 63 mil pessoas aguardam por um órgão na sua lista de espera.

Para Boasquevisque, o transplante é um procedimento muito complexo e as equipes treinadas não são muitas, especialmente no caso do transplante pulmonar, em que é especialista. “O paciente é atendido logo, a espera não é necessariamente tão longa. Ela depende apenas de que se encontre um órgão compatível, em condições de ser transplantado. Isso é complicado, porque o pulmão é um órgão que se deteriora rapidamente”, afirma.

“O transplante de pulmão também é o que apresenta piores resultados, com menor sobrevida para os pacientes”, disse o médico. Rejeições e infecções são mais freqüentes nesse caso. O HUCFF é o único hospital do Rio de Janeiro que tem equipe capacitada para realizar a cirurgia.

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