Ciência e Vida
15.09.2005

Os vários parceiros da dança
por Taísa Gamboa

Auto-conhecimento, disciplina, auto-estima e qualidade de vida são palavras comumente associadas à dança. Longe de ser apenas uma atividade física comum, ela consegue unir elementos importantes para o desenvolvimento psico-social de qualquer indivíduo.

Pensando nisso, o Departamento de Dança da Escola de Educação Física (EEFD) e a Faculdade de Medicina (FM) da UFRJ uniram-se para tentar elevar a adesão dos pacientes diabéticos e hipertensos do HESFA (Hospital Escola São Francisco de Assis) aos seus respectivos tratamentos.

O DANDHIP (Dança para diabéticos e hipertensos) foi criado em 2000 e atuou durante dois anos trabalhando com a leitura e discussão de textos relacionados a terapias corporais, e às respectivas doenças; construção de roteiros, coreografia e aplicação de aulas práticas de dança.

Segundo a chefe do departamento de arte corporal da EEFD, Katya Gualter, a finalidade terapêutica da dança promove a auto-estima dos pacientes, auxilia na busca por uma melhor qualidade de vida, e reflete na continuação dos seus tratamentos médicos. “Conhecendo os limites do próprio corpo, as pessoas se sentem mais confiantes, e ficam dispostas a melhorar de vida”, comentou Katya.

Para fortalecer esta prerrogativa, as duas unidades de saúde estão se unindo novamente num projeto de saúde escolar, que procura trabalhar a interferência da dança no aprendizado de alunos com índices de sofrimento psíquicos. Esta “terapia do movimento” incrementa a qualidade de vida das pessoas envolvidas, mas este não é seu único benefício. A dança também atua como veículo de transformação social.

O maior desafio desses projetos interdisciplinares é criar uma de avaliação conjunta dos pacientes. Desenvolver estratégias de participação dos alunos nas atividades desenvolvidas junto aos profissionais de saúde, como, por exemplo, as aulas de dança, é um exercício trabalhoso.

“Madureira Canta e Dança” é um projeto que pesquisa a influência da cultura do negro em todas as vertentes do samba, informa Katya Gualter. Ocupar o tempo ocioso e elevar a auto-estima de pessoas marginalizadas são as principais metas. Esses objetivos são alcançados criando vínculos dos alunos com a dança, através da transmissão de preceitos como: disciplina, responsabilidade e superação.

A coordenadora comenta que, diferentemente destes, projetos que não apresentam continuidade são taxados de utilitaristas. Para ela, sem a responsabilidade sobre a manutenção do aprendizado e do vínculo com a dança, o fenômeno da transformação social não ocorre. Os alunos ficam sem instrumentos para alcançar uma realidade que lhes foi apenas apresentada, e dessa forma, se sentem inertes frente à realidade à qual são submetidos. Nesses casos, “sonhar pode ser muito cruel”, concluiu Katya Gualter.

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