“O mundo
passa por uma tendência de aumento do CO2 ligado a processos
industriais. Só que atualmente, a riqueza de um país
é proporcional a quantidade de gás carbônico
por ele liberado. Assim, os EUA, que são a nação
mais rica do mundo, concentram 26% da riqueza mundial e emitem
26% do CO2 existente na atmosfera.
O Protocolo de Kioto foi estabelecido como uma forma de amenizar
esta situação. Através dele, os países
se comprometem a reduzir gradativamente a emissão de
CO2 aos níveis equivalentes aos do ano de 1990. Mas Bush
nunca aceitará isso, pois ruiria a economia norte-americana.
Temos um limite de 30 anos. Se até lá, nada for
feito para mudar este quadro, chegaremos a um ponto em que não
haverá mais a possibilidade de retorno.
O oxigênio corresponde à cerca de 21% dos gases
que encontramos na atmosfera e é produzido pela fotossíntese.
Quem muito contribui para esse processo são os fitoplânctons,
algas marinhas, e não a floresta propriamente dita. A
Amazônia é auto-suficiente, ou seja, o oxigênio
produzido pela fotossíntese durante o dia, é consumido
pela respiração à noite, não havendo
excesso. A Amazônia não é o pulmão
do mundo.
O problema está na ocasião das queimadas. Florestas
como a Amazônica possuem muita biomassa, que, se queimada,
libera grande quantidade de CO2 na atmosfera. Com relação
à produção de oxigênio, a Amazônia
não contribui de forma decisiva na sua liberação
para o consumo geral. Mas se levar-mos em conta a emissão
excessiva de CO2 decorrente da sua carbonização,
os problemas são enormes.
O acordo de Kioto estabeleceu o esquema de créditos
de carbono. Os países participantes estão liberados
para emitir uma determinada quantidade de gás carbônico,
equivalente a um determinado número de árvores
plantadas. Além disso, esses países devem se comprometer
a não queimar as florestas.
De qualquer forma,
a maioria das atividades da vida moderna tem como contrapartida
a emissão de CO2 e não olhar para este fato pode
ser fatal. Além disso, se a quantidade de oxigênio
no ar fosse ampliada em apenas 1%, isto já seria o suficiente
para favorecer vários incêndios espontâneos,
capazes de destruir todas as florestas do planeta. Ou seja,
a curto prazo, é mais prejudicial o excesso do oxigênio,
do que o de gás carbônico.”
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“A floresta
Amazônica pode ser considerada um dos maiores ecossistemas
florestais do Mundo. É um ambiente que se desenvolveu em
uma extensa área na região tropical do Globo, mais
precisamente próximo à Linha do Equador. A elevada
pluviosidade e as altas taxas de incidência de radiação
solar na região foram fatores primordiais para a formação
atual daquele ecossistema. Pela sua fisionomia, sugere-se que
a Floresta Amazônica encontra-se em um estágio denominado
de CLIMAX.
Todos os ecossistemas estão em processo contínuo
de modificação de suas características,
denominado sucessão ecológica. O clímax
seria um dado momento do tempo no qual um determinado ecossistema
apresenta características como arvores de grande porte,
baixa taxa de crescimento das plantas e nenhuma ou baixa produtividade
líquida. Ou seja, todo ou quase todo oxigênio (O2)
produzido pela fotossíntese é transformado novamente
em gás carbônico (CO2) pela respiração
ou outros processos de decomposição na própria
floresta ou nos rios. O resultado ou balanço dessas atividades
é a chamada produtividade líquida de toda Floresta
Amazônica.
Isso significa que pouco ou nenhum oxigênio é
produzido a mais do que tinha em um instante anterior. Porém,
em estágios anteriores da sucessão ecológica,
ocorria a produção de grandes quantidades de oxigênio
e a apreensão de grandes quantidades de CO2, hoje estocados
em biomassa (nos troncos, raízes e folhas das árvores).
Então, não podemos chamar a Amazônia de
Pulmão do Mundo por ela produzir oxigênio e apreender
CO2 na atualidade, mas sim por ter feito isso durante todo o
seu processo de desenvolvimento até o estágio
atual. As queimadas, além de destruir diversas formas
de vida que sequer conhecemos ainda, produzem em poucas horas
toneladas de CO2 que levaram milhares de anos para serem apreendidos
pela floresta, agravando ainda mais o problema do excesso desse
gás na atmosfera.
Alguns estudos sugerem que o aumento da concentração
de CO2 na atmosfera resultaria no incremento das taxas de fotossíntese
e, consequentemente, da taxa de produção de oxigênio
para a atmosfera. Além disso, a existência de CO2
não é a única característica necessária
para se aumentar as taxas de fotossíntese de uma planta.
Além da presença desse gás, também
são necessários água, nutrientes, e solo
em boa qualidade.
No caso
de uma floresta intacta, ou seja, natural, em estágio
de clímax, o aumento das concentrações
de CO2 não resultariam em aumento de biomassa, uma vez
que recursos como espaço e nutrientes seriam escassos.
A floresta Amazônica apresenta solos pobres em nutrientes,
pois quase a totalidade eles já se encontra estocada
na biomassa. Por isso, o crescimento de uma nova e produtiva
planta, depende da morte e liberação de nutrientes
de uma planta mais antiga e não apenas de possuir CO2
disponível para a fotossíntese.”
Colaborou com esta entrevista André Megali Amado
- mestre em Ecologia pela UFRJ
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