A proximidade do Dia Nacional de Combate ao Fumo, 29 de agosto, é
uma ótima deixa para relembrar o quanto o cigarro é prejudicial.
Para o diretor do Núcleo de Estudo e Tratamento do Tabagismo (NETT),
Alberto José de Araújo, o fumo é uma epidemia silenciosa
que aborta vidas, reduz a qualidade e a intensidade do viver e consome
um montante extraordinário de recursos para cuidar das conseqüências
que atingem as suas vítimas: os fumantes e suas famílias.
O tabagismo
pode causar câncer; doenças coronarianas e vasculares; impotência
sexual; aneurismas arteriais; úlcera do aparelho digestivo e trombose
vascular. Em geral, os fumantes sentem muito mais fadiga após o
esforço e os seus desempenhos em atividades físicas são
menores do que os de não-fumantes.
Segundo Clemax Sant'Anna, professor de pneumologia pediátrica da
UFRJ, os bebês correm um risco cinco vezes maior de morrerem subitamente
sem uma causa aparente (Síndrome da Morte Súbita Infantil)
e maior probabilidade de doenças pulmonares até um ano de
idade. Já as crianças de até cinco anos, podem ter
com mais freqüência resfriados, sinusites, otites, amidalites,
piora da asma (bronquite) e até pneumonia.
Alberto Araújo explicou que o tabagismo passivo significa a inalação
da fumaça de tabaco (seja pelo cigarro, charuto, cigarrilhas ou
cachimbo) por pessoas não-fumantes. A fumaça dos derivados
do tabaco em ambientes fechados é denominada poluição
tabagística ambiental (PTA). Para exemplificar, o professor declara
que ao fim de um dia, em um ambiente poluído, os não fumantes
podem ter respirado o equivalente a dez cigarros e que também sofrem
os efeitos imediatos, tais como, irritação nos olhos, manifestações
nasais, tosse, dor de cabeça e problemas alérgicos.
"É aí que reside o perigo. Se desde criança
já se vive em um ambiente em que os pais fumam e depois na vida
adulta se freqüenta ambientes poluídos pela fumaça
do tabaco, o risco de contrair um câncer de pulmão chega
a ter uma probabilidade de 30% maior do que nas pessoas que não
foram submetidas a esses ambientes", acrescentou Alberto.
Atualmente, para o tratamento do tabagismo se recomenda dois tipos de
terapias: a abordagem intensiva cognitivo-comportamental e o uso de medicamentos
para enfrentar os efeitos da síndrome de abstinência, ou
seja, da falta da nicotina com a suspensão do cigarro. Geralmente,
a associação dos dois métodos aumenta a taxa de sucesso
terapêutico.
De acordo com Alberto, o pulmão não se recupera completamente.
Entretanto, os benefícios com a cessação do fumo
se fazem sentir nas primeiras horas. O aumento da disposição,
redução ou mesmo a eliminação do cansaço
ao subir um lance de escadas ou uma pequena ladeira são notáveis.
A freqüência respiratória vai retornando aos níveis
normais nos primeiros dias. Ainda que uma pessoa já tenha desenvolvido
algum quadro respiratório, por exemplo, enfisema pulmonar, ela
poderá impedir a progressão para estágios mais avançados.
Alberto e Clemax concordam que melhor do que as terapias são as
medidas de prevenção. Além da veiculação
de imagens alusivas aos efeitos danosos do tabaco, cuja publicação
nos versos do cigarro é obrigatória, podem ser realizadas
campanhas permanentes sobre Qualidade de Vida e Vida e proibição
de pontos de vendas de cigarros em um raio de 500m nos arredores de escolas.
"Este objetivo deve ser perseguido não
apenas porque está no texto da lei - isto por si só, já
seria suficiente pois é LEGAL - mas porque representa um mútuo
compromisso com a qualidade do ar que se respira na sociedade, com o respeito
a uma norma legal que garante a todos o direito de manter o ambiente livre
do tabaco, prevenindo o tabagismo passivo e ajudando a quem quer deixar
de fumar que procure ajuda. A experiência demonstrada em inúmeros
países, empresas e comunidades que quando existe a restrição
ao consumo, isto impacta na redução do número de
fumantes", concluiu Alberto Araújo.
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Pulmão
saudável
Pulmão com
enfisema e câncer
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