Argumento
08.09.2005
Ecologicamente Correto
por
Taisa Gamboa


No século passado, as multinacionais invadiram os países do terceiro mundo, fugindo das severas leis ambientais de seus países de origem. Essa situação não é nova, pois, segundo o professor, do departamento de Ecologia do Instituto de Biologia da UFRJ, Rui Cerqueira, “O Brasil foi criado como uma empresa, para que os estrangeiros ganhem lucros. Desde que nosso país foi descoberto, ele é global”.

A globalização força os Estados Nacionais a facilitarem a livre circulação de produtos e capitais. “O capital apatriado procura se reproduzir e para tal, as empresas devastam, consomem, exploram e no fim, ainda enviam royalties aos seus países de origem. O turbocapitalismo é como um ciclo vicioso. A desigualdade aumenta a pobreza, a poluição e provoca problemas ecológicos”, afirmou o professor.

A Organização das Nações Unidas vem trabalhando para tentar amenizar esses problemas. Seguindo este objetivo, foi criado, durante a ECO 92, a ISO 14000. Esta série reúne normas internacionais que estabelecem regras para que as empresas possam implantar Sistemas de Gestão Ambiental, com a finalidade de reduzir desperdícios, quantidade de matéria-prima, de água, de energia e de resíduos usados e obtidos durante o processo de produção, tentando dessa forma minimizar os impactos ambientais e estar de acordo com a legislação ambiental.

A idéia central dos Sistemas de Gestão Ambiental é usar menos para produzir mais e com melhor qualidade. A certificação é voluntária, ou seja, deve ser requerida pela própria empresa, com a vantagem de que o implante desses padrões ambientais internacionais pode facilitar a entrada de seus produtos no mercado externo.

Para o professor Rui Cerqueira, a ISO trata apenas dos problemas ambientais relativos às atividades das empresas propriamente ditas. “Questões referentes aos afluentes líquidos, aos gases e às substâncias tóxicas não são bem discutidos. Ela ajuda a controlar certos problemas, mas o que é realmente global não é tratado”.

O ideal seria que pensássemos em políticas ambientais e agrícolas, política externa, macro-economia, modelos industriais alternativos que vislumbrassem o esgotamento das fontes naturais e a devastação procurando resolver esses problemas. Não são coisas simples de solucionar, mas nada disso é abordado a fundo, afirmou o professor. Ele alegou ainda que nos últimos 50 anos, a devastação se acelerou e se ampliou de tal forma que as conseqüências desse processo tendem a se agravar. A humanidade sempre conviveu com fenômenos metereológicos, mas estes estão ficando mais fortes e devastadores a cada ano.

É por isso que essa atitude corretiva da ISO 14000 é criticada pelo professor. Segundo ele, apenas fiscalizar depois que o problema ocorre não é a melhor opção. As iniciativas pró-ativas que deveriam ser empregadas pelas empresas para ajudar o meio ambiente, nem sempre assim o são, e acabam se transformando em ações de marketing. Muitas empresas realizam atividades cosméticas, que não estão relacionadas, nem amenizam os danos causados por ela.


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