• Edição 082
  • 24 de maio de 2007

Microscópio

Tecnologia à serviço da ciência

Kareen Arnhold da Agência de Notícias UFRJ – Base CT

Em comemoração ao Dia Internacional do Meio Ambiente, 5 de junho, o Centro de Tecnologia da Universidade Federal do Rio de Janeiro (CT/UFRJ) promove a I Semana do Meio Ambiente do Centro de Tecnologia: ciência, tecnologia e meio ambiente - os desafios do presente. O objetivo, além de divulgar os projetos na área ambiental do CT e da UFRJ, propiciando a integração de toda a universidade, é conscientizar a comunidade interna e externa sobre a importância das questões ambientais.

Organizado e localizado em um Centro de Tecnologia, o evento também propõe mostrar que a relação entre ciência, tecnologia e meio ambiente reflete a necessidade de articular conhecimento, técnica e conscientização para um desenvolvimento sustentável. “Estamos no CT, onde pensamos o papel da ciência e da tecnologia. No entanto, elas devem caminhar junto com as questões ambientais do presente. Esse é o grande desafio”, afirma Luciana Silveira, chefe da Seção de Comunicação e uma das organizadoras do evento.

A discussão central da Semana será em torno das “Questões Ambientais no Estado do Rio de Janeiro”, que englobará, entre diversos assuntos, os recursos hídricos – tema que tem sido muito discutido na UFRJ, devido ao “Programa de Revitalização, Urbanização e Recuperação Ambiental dos Canais do Fundão e do Cunha”.

Trata-se de um projeto do governo do estado do Rio, de despoluição e recuperação da circulação de águas nos Canais do Cunha e do Fundão (ligados à Baía de Guanabara), com posterior restabelecimento do ecossistema aquático. O Programa consiste em retirar a sujeira acumulada nos canais, por meio de balsas e escavadeiras, e separar o lixo grosso do lodo, destinando o primeiro ao aterro sanitário de Nova Iguaçu e o segundo a recipientes de armazenamento e desidratação, os geotubes (tubos geotêxteis).

O programa, idealizado pela Secretaria de Meio Ambiente, buscou a parceria da universidade, para atuar no planejamento, execução e finalização da obra. Além disso, a UFRJ cederia espaço para a alocação dos geotubes no campus. Depois que a lama secasse, eles seriam enterrados e no local se implantaria um projeto de paisagismo. “Pela impossibilidade de haver construção – pois não poderíamos fincar estacas com o risco de perfuração dos tubos – a universidade pensa em fazer paisagismo”, explica Walter Issamu Suemitsu, decano do Centro de Tecnologia da UFRJ.

Porém, depósito dos geotubos em terreno da universidade provoca preocupação: “os organismos presentes na lama vão continuar trabalhando dentro dos tubos, que terão uma abertura para escape de gases”, afirma o decano. No entanto, ele também aposta em um novo trabalho: pensar a possibilidade de aproveita esses gases para geração de energia, o que já é feito em aterros sanitários. “Não sei se é possível; é o caso de se estudar o material, verificar o tipo e quantidade de gás, e verificar se ela é suficiente para alimentar um gerador de energia elétrica”, complementa Walter.

Apesar do interesse de vários grupos em participar do Programa de Revitalização, Urbanização e Recuperação Ambiental dos Canais do Fundão e Cunha, ele ainda está sendo avaliado pela UFRJ, por causa dos riscos potenciais de dano à saúde, pela liberação de contaminantes presentes nos resíduos. “Por tratar-se de um projeto pioneiro, ele é uma incógnita. Então, as pessoas têm um certo receio de apostar no desconhecido”, finaliza o decano do CT. A decisão do Conselho Universitário em adotar ou não o projeto sairá no dia 14 de junho.