Saúde em Foco
20.04.2006

Células-tronco serão usadas antes de transplante de fígado
Chico Siqueira
Especial para Agência Estado

Um estudo que será feito em vários centros ao mesmo tempo vai implantar células-tronco adultas em cerca de 300 doentes crônicos do fígado (cirrose hepática) que estão na fila de transplantes do órgão em São Paulo, Estado do Rio, Rio Grande do Sul e Bahia. As primeiras infusões começam em maio, no hospital da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e no Instituto de Moléstias Cardiovasculares de São José do Rio Preto (SP).

O objetivo é dar uma sobrevida maior aos pacientes obrigados a ficar dois ou três anos na fila de espera do transplante e, muitas vezes, não resistem e morrem antes de ele ser feito. Por isso, serão escolhidos os últimos pacientes da fila. Eles vão receber células-tronco adultas retiradas deles próprios.

Cada hospital deverá escolher entre 140 e 150 pacientes. Apenas metade receberá as células-tronco num prazo de um ano e terá conhecimento da realização da terapia. No segundo ano, os pacientes passarão por avaliações que vão acompanhar a evolução do tratamento. “Dentro de dois anos, poderemos saber quais os resultados do estudo”, disse o coordenador da pesquisa, Ricardo Ribeiro Santos, da Fiocruz e do Hospital São Rafael, de Salvador.

Fiocruz

O estudo terá a parte clínica subvencionada pelo São Rafael e a pesquisa, pela Fiocruz. A expectativa é de que cada paciente tenha um custo clínico de R$ 15 mil. As pesquisas são feitas sem custo pela Fiocruz.

Participam das pesquisas também o Hospital das Clínicas da Pontifícia Universidade Católica (PUC) de Porto Alegre e o Hospital São Rafael, de Salvador , que vai centralizar o estudo. Será a primeira vez que este tipo de terapia acontecerá fora de Salvador.

Hospital beneficente, o São Rafael é um dos pioneiros do mundo neste tipo de tratamento. Desde novembro, já foram feitos 22 procedimentos. Segundo Santos, a idéia do estudo multicêntrico surgiu depois que os médicos descobriram que, dos mais de 160 pacientes que aguardam o transplante da fila na Bahia, apenas seis receberam o órgão no ano passado.

“O objetivo não é retirar o paciente da fila, mas dar a ele qualidade de vida para suportar a espera”, informa Santos. Segundo ele, nenhum dos pacientes receptores das células-tronco no São Rafael teve o estado de saúde piorado depois de receber a infusão celular. De 10 submetidos ao tratamento nos últimos três meses, três tiveram melhora no quadro clínico. “Mas ainda é cedo para avaliar. O que nós sabemos é que a terapia celular pode melhorar e nunca prejudicar o paciente”, afirma.


Jornal do Commércio
Tecnologia & saúde
19/04/2006



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