Saúde e Prevenção
16.03.2006
Ministério da Saúde vacina crianças contra o rotavirus
Por Mariana Granja

As vacinas rotavirus chegaram esse mês aos postos de saúde, e são motivo de comemoração e alívio para médicos e pais. O Ministério da Saúde, sabendo que o vírus é responsável por cerca de 30% das diarréias graves causadas em crianças, comprou oito milhões de doses da vacina, e as distribuirá gratuitamente em postos de saúde. A primeira dose será dada em crianças de dois meses (até três meses e quinze dias), e a segunda em crianças de quatro meses (até cinco meses e quinze dias), em postos de saúde da rede municipal.

Os principais sintomas da doença, segundo a professora do Departamento de Virologia, do Instituto de Microbiologia da UFRJ, Norma Santos, são diarréia violenta, dor abdominal e por vezes febre, que levam crianças à desidratação e, se não tratadas corretamente, à morte. A professora afirma que as principais vítimas são crianças de zero a dois anos, pois “são um grupo de risco, já que não possuem anticorpos suficientes para proteção”. Ainda explica que “a doença pode ocorrer em adultos, mas não se manifestará de forma tão grave e não haverá risco de levar à morte justamente pelos anticorpos já adquiridos”.

A transmissão da doença é fecal-oral, feita por alimentos contaminados e mãos sujas, por exemplo, e não há forma de antecipar ações que reduzam esse índice. “Não tem como prevenir, as condições de higiene normais não são suficientes”, afirma a professora.

Perguntada sobre a fabricação da vacina, a professora Norma explica que é um produto monovalente, ou seja, com apenas um sorotipo usado, o mais comum na doença. “O vírus foi retirado de uma criança nos EUA e modificado em laboratório. A vacina tem duas doses e é administrada em forma de gotas”, esclarece.

A professora também afirma que a vacina não apresenta riscos e passou por muitos testes antes de ser distribuída, tudo para que não ocorra o mesmo problema de sete anos atrás. Em 1999, foram liberadas vacinas rotavirus nos EUA, e sua distribuição e utilização foi associada à intussuscepção, ou seja, obstrução intestinal. “Vinte e três crianças sofreram do problema, que só pode ser resolvido através de cirurgia, e algumas chegaram a falecer. Antes mesmo de comprovar se a causa da obstrução intestinal era das vacinas, estas foram retiradas de mercado e queimadas, e só depois, após estudos feitos, observou-se que não havia associação entre as vacinas rotavirus e o problema registrado pelas crianças. As vacinas foram liberadas para outros países, mas não houve sua utilização”, relata a professora.

A vacina atual, importada dos EUA do laboratório Glaxo (GSK), deverá ser utilizada apenas esse ano, já que o Instituto Butantã deverá começar sua produção a partir do ano que vem. Isso porque o governo brasileiro licenciou as vacinas do laboratório NIH, e elas poderão ser produzidas em território nacional. Serão vacinas diferentes das atuais, pentavalentes ao invés das monovalentes utilizadas, o que significa que terão cinco sorotipos diferentes, com vírus humanos e bovinos utilizados, o que não prejudica mas apenas aumenta a proteção para quem a utiliza.

Apesar do tipo de vacina a ser produzida ser mais caro, ela terá seu preço final mais barato por não ser importada.

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