Ministério
da Saúde vacina crianças contra o rotavirus
Por
Mariana Granja
As vacinas rotavirus
chegaram esse mês aos postos de saúde, e são motivo
de comemoração e alívio para médicos e pais.
O Ministério da Saúde, sabendo que o vírus é
responsável por cerca de 30% das diarréias graves causadas
em crianças, comprou oito milhões de doses da vacina, e
as distribuirá gratuitamente em postos de saúde. A primeira
dose será dada em crianças de dois meses (até três
meses e quinze dias), e a segunda em crianças de quatro meses (até
cinco meses e quinze dias), em postos de saúde da rede municipal.
Os principais sintomas
da doença, segundo a professora do Departamento de Virologia,
do Instituto de Microbiologia da UFRJ, Norma Santos, são diarréia
violenta, dor abdominal e por vezes febre, que levam crianças
à desidratação e, se não tratadas corretamente,
à morte. A professora afirma que as principais vítimas
são crianças de zero a dois anos, pois “são
um grupo de risco, já que não possuem anticorpos suficientes
para proteção”. Ainda explica que “a doença
pode ocorrer em adultos, mas não se manifestará de forma
tão grave e não haverá risco de levar à
morte justamente pelos anticorpos já adquiridos”.
A transmissão da doença é fecal-oral, feita por
alimentos contaminados e mãos sujas, por exemplo, e não
há forma de antecipar ações que reduzam esse índice.
“Não tem como prevenir, as condições de higiene
normais não são suficientes”, afirma a professora.
Perguntada sobre a fabricação da vacina, a professora
Norma explica que é um produto monovalente, ou seja, com apenas
um sorotipo usado, o mais comum na doença. “O vírus
foi retirado de uma criança nos EUA e modificado em laboratório.
A vacina tem duas doses e é administrada em forma de gotas”,
esclarece.
A professora também afirma que a vacina não apresenta
riscos e passou por muitos testes antes de ser distribuída, tudo
para que não ocorra o mesmo problema de sete anos atrás.
Em 1999, foram liberadas vacinas rotavirus nos EUA, e sua distribuição
e utilização foi associada à intussuscepção,
ou seja, obstrução intestinal. “Vinte e três
crianças sofreram do problema, que só pode ser resolvido
através de cirurgia, e algumas chegaram a falecer. Antes mesmo
de comprovar se a causa da obstrução intestinal era das
vacinas, estas foram retiradas de mercado e queimadas, e só depois,
após estudos feitos, observou-se que não havia associação
entre as vacinas rotavirus e o problema registrado pelas crianças.
As vacinas foram liberadas para outros países, mas não
houve sua utilização”, relata a professora.
A vacina atual, importada dos EUA do laboratório Glaxo (GSK),
deverá ser utilizada apenas esse ano, já que o Instituto
Butantã deverá começar sua produção
a partir do ano que vem. Isso porque o governo brasileiro licenciou
as vacinas do laboratório NIH, e elas poderão ser produzidas
em território nacional. Serão vacinas diferentes das atuais,
pentavalentes ao invés das monovalentes utilizadas, o que significa
que terão cinco sorotipos diferentes, com vírus humanos
e bovinos utilizados, o que não prejudica mas apenas aumenta
a proteção para quem a utiliza.
Apesar do tipo de vacina a ser produzida ser mais caro, ela terá
seu preço final mais barato por não ser importada.
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