Saúde e Prevenção
24.11.2005

Tuberculose pulmonar
Por Wang Pei Yi

Em 1996 foram oficialmente atribuídas a tuberculose 5.928 mortes só no Brasil. Em 1998, ocorreram no Brasil 51,3 casos de tuberculose para cada 100 mil habitantes. A doença é mais comum nas áreas do mundo onde há muita pobreza, desnutrição, má condição de higiene e uma saúde pública deficitária, como por exemplo, a Índia, China, Indonésia, Bangladesh, Nigéria, Paquistão, Filipinas, Congo, Rússia e o Brasil.

A Tuberculose é uma infecção csausada por um microorganismo chamado Mycobacterium tuberculosis, também conhecido por bacilo de Koch. A doença costuma afetar os pulmões, mas pode ocorrer em outros órgãos do corpo, mesmo sem causar dano pulmonar. Segundo a professora de imunofectologia da UFRJ Anna Grazia, contrai-se a doença pelo ar contaminado pelo indivíduo com a tuberculose nos pulmões.

“A pessoa sadia inala gotículas, dispersas no ar, de secreção respiratória do indivíduo doente. Este, ao tossir, espirrar ou falar, espalha no ambiente as gotículas contaminadas, que podem sobreviver por horas, desde que não tenham contato com a luz solar. A pessoa sadia, respirando nesse ambiente acaba inalando esta microbactéria que se implantará num local do pulmão”, disse a professora. Em poucas semanas, uma pequena inflamação ocorrerá na zona de implantação, que não é ainda uma doença. É o primeiro contato do germe com o organismo (primoinfecção). Depois disso, esta bactéria pode se espalhar e se alojar em vários locais do corpo.

Após a transmissão do bacilo de Koch pela via inalatória, quatro situações podem ocorrer: O indivíduo, através de suas defesas, eliminar o bacilo; a bactéria se desenvolve, sem causar a doença; a tuberculose se desenvolve causando a doença – chamada de tuberculose primária e/ou a ativação da doença vários anos depois – chamada de tuberculose pós-primária (por reativação endógena). Existe também a tuberculose pós-primária a partir de um novo contágio que ocorre, usualmente, por um germe mais virulento (agressivo).

De acordo com a professora Grazia, a contaminação depende da extensão da doença, isto é a quantidade de bacilos encontrados nos pulmões; da liberação de secreções respiratórias no ambiente através do ato de tossir, falar, cantar ou espirrar; das condições do ambiente – locais com pouca luz e mal ventilados favorecem o contágio; do tempo de exposição do indivíduo sadio ao doente.

Morar em região de grande prevalência da doença; ser profissional da área da saúde; confinamento em asilos, presídios, manicômios ou quartéis; predisposição genética; idade avançada, desnutrição; alcoolismo; uso de drogas ilícitas; uso crônico de medicações como os que transplantados de órgãos usam, como corticóides ou outras que também diminuam a defesa do organismo e doenças como AIDS, diabete, insuficiência crônica dos rins, silicose (doença crônica pulmonar) ou tumores são fatores que facilitam o surgimento da doença.

Os sintomas que denunciam a doença são: tosse persistente que pode estar associada à produção de escarro, sangue no escarro ou tosse com sangue puro, febre, suor excessivo à noite, perda de peso e de apetite e fraqueza. O diagnóstico presuntivo é feito baseado nestes sintomas relatados pelo paciente, associados a uma radiografia do tórax que mostre alterações compatíveis com tuberculose pulmonar. O exame é feito através da coleta de secreção do pulmão. O escarro (catarro) pode ser coletado (de preferência, pela manhã) ao tossir. Devem ser avaliadas, inicialmente, duas amostras colhidas em dias consecutivos.

O tratamento da tuberculose é padronizado no Brasil. As medicações são distribuídas pelo sistema de saúde, através de seus postos municipais de atendimento. Inicialmente (RHZ) inclui três medicações: rifampicina(R), isoniazida(H) e pirazinamida(Z). A cura usando o esquema RHZ por seis meses é muito eficaz quando a medicação é utilizada de forma regular.

No Brasil, uma nova vacina contra a tuberculose está sendo desenvolvida com o auxilio de recursos nanotecnológicos que promete tratar pacientes com resistência aos atuais medicamentos e diminuir o tempo de tratamento dos demais doentes. Pesquisadores da USP em parceria com outras instituições apontam a eficácia da vacina terapêutica que pode diminuir o tempo de tratamento pela metade.

Os testes clínicos em humanos começam em janeiro e, serão feitos inicialmente em pacientes que já adquiriram resistência às formas de tratamento. A comercialização ainda não tem prazo e depende de negociações com a indústria farmacêutica.

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