A comunicação celular é fundamental para o crescimento e para a conservação dos organismos multicelulares, além de essencial na formação de tecidos ou órgãos. Partindo desta premissa, desenvolveu-se o trabalho intitulado TUNNELING NANOTUBES: UM NOVO MODELO DE COMUNICAÇÃO INTERCELULAR, vencedor da XXVII Jornada de Iniciação Científica do CCS.

O Olhar Vital desta semana conversou com o estudante Bruno de Almeida, autor do trabalho vencedor, e seus orientadores, os professores Vivaldo Moura Neto, do Departamento de Anatomia; Marcos Farina de Souza, do Departamento de Histologia e Embriologia; Herch Moyses Nussenzveig, do Instituto de Física; e Nathan Bessa Viana, do Instituto de Física.

TUNNELING NANOTUBES: UM NOVO MODELO DE COMUNICAÇÃO INTERCELULAR é resultado de parceria entre os Departamentos de Anatomia e Histologia do Instituto de Ciências Biomédicas com o Instituto de Física. “Esse trabalho adquire grande importância dentro da Universidade por ser fruto de um projeto transdepartamental de dois institutos diferentes: o Instituto de Física e o Instituto de Ciências Biomédicas. Isso é espetacular, porque ultrapassa os limites dos departamentos dentro da universidade”, afirmou o prof. Vivaldo.

O professor Nathan Bessa acredita que “o convívio com diferentes áreas é muito importante na formação do pesquisador, que começa a perceber que o problema dele não é um problema localizado e pode ter várias abordagens”.

O termo citonemas ou “Tunneling Nanotubes” - TNT’s surgiu recentemente na literatura caracterizando estruturas celulares que aparecem como prolongamentos filamentares com diâmetro variando entre 50 e 200nm, que se acredita serem parte de um novo mecanismo de transporte e comunicação entre células.

A literatura disponível sobre o assunto sugere que os TNT's são constituídos de filamentos de actina, como os filopódios e com diâmetro muito menor que estas projeções celulares já bem conhecidas. Por meio deles, foi observado o transporte unidirecional de vesículas entre células, usando como motor a Miosina V. Acredita-se que esse mecanismo seja um sistema universal de transporte e comunicação entre células, pois já foi observado em diferentes tipos celulares.

Através de experimentações, pôde-se perceber estruturas semelhantes a "Tunneling nanotubes" em células gliais normais e tumorais. Essas projeções são observadas numa fase da cultura quando as células ainda estão isoladas umas das outras, são flexíveis e atingem tamanhos variados. Os resultados do trabalho foram obtidos através de técnicas de microscopia óptica; de fluorescência, confocal e eletrônica de varredura, ainda em processo de implementação.

Além de visualizar os TNT's em células unidas, durante os experimentos utilizou-se a técnica de pinçamento óptico, que permitiu manipular células ou pequenos objetos sem danificá-los. O Laboratório de Piscas Óticas da UFRJ, muito importante para o sucesso do trabalho, foi criado pela Coppea, que é um grupo formado por professores de diferentes departamentos de dentro e de fora da universidade. Com a técnica da pinça ótica, tornou-se possível estudar as propriedades físicas da estrutura.

Os resultados desse trabalho podem levar a novos modelos que permitam um melhor entendimento do processo de comunicação celular. De acordo com o prof. Vivaldo Moura Neto, o trabalho pode ser bastante relevante para a sociedade porque quando as células se organizam para formar um tecido, elas precisam desenvolver mecanismos de contato para organizar um conjunto e criar o tecido. Ou seja, entendendo este contato e conhecendo o procedimento de comunicação entre as células, futuramente poderá ser possível interferir na célula, ou para facilitar a comunicação, ou até para bloquear. O que no caso de células tumorais, será incrivelmente benéfico.

Como premiação o primeiro lugar receberá a quantia de mil reais e a participação no Congresso da Sociedade Brasileira de Progresso à Ciência. Bruno Almeida está no 6ª período de Biomedicina, e vem desenvolvendo este projeto há cerca de dois anos. Ele pretende continuar o estudo, que ainda não possui nenhuma aplicação clínica, durante a produção da sua monografia de final de curso.

Estabelecer um produtivo intercâmbio entre alunos de graduação, pós-graduação, docentes e pesquisadores envolvidos em atividades de pesquisa na universidade, além de proporcionar um espaço para exposição e discussão de trabalhos. Este é o objetivo principal da Jornada de Iniciação Científica, artística e cultural Giulio Massarani.