Saúde e Prevenção
27.10.2005
LER
Por Beatriz Padrão

Essa semana o Olhar Vital abordará as Lesões por Esforços Repetitivos (L.E.R) ou Distúrbios Osteomusculares Relacionados ao Trabalho (DORT), nova nomenclatura adotada pelo INSS. O problema se caracteriza por alterações musculoesqueléticas das regiões do pescoço, dorso, lombar e dos membros superiores, cujas causas estão relacionadas à realização de atividades ocupacionais repetitivas e às condições de trabalho.

As Lesões são a segunda causa de afastamento do trabalho no Brasil, segundo os dados do INSS. A cada 100 trabalhadores na região Sudeste, por exemplo, um é portador de LER, de acordo com a Organização Mundial de Saúde. Cabe ressaltar que é uma doença silenciosa e só na fase mais tardia os sintomas como hipoparestesia (formigamento), dor na coluna e dores ao realizar movimentos simples aparecem.

Segundo o fisioterapeuta e doutorando do Instituto de Bioquímica Médica da UFRJ, Renato Fernandes de Paulo, movimentos repetitivos sem um tempo de intervalo suficiente, provocam pequenos microtraumas nos músculos, ossos e articulações, que podem gerar microlesões, que quando não tratadas prontamente vão levar a LER.

Dados do INSS do ano de 2004 comprovam que cerca de 5 mil dos casos por ano de aposentadoria por invalidez, contando apenas os trabalhadores com carteira assinada, foram devido a esse grupo de doença. Do total de 62 mil casos de doenças ocupacionais, 80 % eram LER, além de, em média, por ano, gerar 130 mil afastamentos do trabalho por mais de 15 dias.

As lesões podem ainda desencadear outras doenças, como a Síndrome do túnel do carpo. Suas características são dor, fraqueza e formigamento na mão, causada pela compressão do nervo mediano que atravessa o punho para inervar os dedos. A Cervicobraquialgia também pode ser uma conseqüência, e o principal sintoma é a dor na coluna cervical além de formigamento e fraqueza em todo membro superior.

Como não há cura para o LER, é extremamente importante que os profissionais fiquem alertas ao primeiro sinal de dor e fraqueza nos músculos, após realizarem seu trabalho, pois pode ser um indicativo de lesão. As únicas medidas possíveis para amenizar os sintomas são a fisioterapia, uso de gelo, repouso e alongamento e em momento posterior readaptar o paciente a uma nova rotina e ao seu local de trabalho.

Dr. Renato afirmou que estar sem os sintomas não significa estar curado e que o melhor caminho é a prevenção, que deve ser direcionado a jornalistas, operadores de telemarketing, secretárias, dentistas e operários de montagem. O procedimento principal é interromper as atividades a cada dez minutos, alongar o grupo muscular que está sendo utilizado e respirar corretamente.

Para as empresas prevenirem a LER é necessário aplicar as técnicas de ergonomia, que é a adequação do mobiliário ao homem. Especialmente a pessoa que trabalha muitas horas na frente do computador deve lembrar que:

  • o teclado não pode ficar muito perto da borda da mesa;
  • a altura do monitor deve evitar flexão ou extensão maior da coluna cervical;
  • o encosto da cadeira deve estar ajustado, para que a coluna fique ereta e formando um ângulo de 110 graus com as pernas;
  • os punhos deverão ter como suporte um apoio especial facilmente encontrados em lojas de informática;
  • não atender telefone torcendo o tronco, porque este movimento feito de forma brusca pode acarretar graves lesões na coluna cervical, principalmente com o corpo frio e parado por muito tempo em uma mesma posição;
  • os pés deverão estar apoiados no chão ou em um degrau e
  • deve-se evitar cruzar as pernas, ato que dificulta a circulação e concentra o peso nos músculos das nádegas.

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