Saúde e Prevenção
20.10.2005
Hipertenso
Por Taisa Gamboa

Panorama da Hipertensão Arterial no Brasil
Segundo o Ministério da Saúde, as doenças cardiovasculares são as primeiras causas de morte no Brasil, atingindo 32,3% da população. A hipertensão arterial é responsável por 35% de todos os grandes eventos cardiovasculares, sendo fundamental uma abordagem diagnóstica e terapêutica adequada visando diminuir a alta morbimortalidade.

A hipertensão arterial é uma entidade clínica multifatorial que se caracteriza por níveis tensionais elevados associados a alterações metabólicas, hormonais e a fenômenos nutricionais. Um estudo de 1998 mostrou que 24,2% da população atendida no ambulatório de Clínica Médica do Hospital Universitário da UFRJ.

ProHart
Para atender adequadamente hipertensos graves e de difícil controle, o Programa de hipertensão arterial do Hospital Universitário da UFRJ (ProHart) foi iniciado em 1999. Com o intuito de obter melhor controle clínico e reduzir as complicações e os custos do acompanhamento dos hipertensos do HUCFF foi elaborada uma rotina de avaliação e tratamento inicial do hipertenso. Para auxiliar esse trabalho, na última semana, o Hospital chegou a comprar seis aparelhos eletrônicos de medição da pressão arterial de altíssima tecnologia.

Uma pessoa é considerada hipertensa, quando a medida de sua pressão arterial apresenta resultado igual ou superior a 140/90, em mais de uma avaliação. Segundo o coordenador do ProHart, Armando Nogueira, a hipertensão arterial está presente em 30 % da população brasileira acima de 20 anos.

Sintomas
Hipertensão arterial (HA) também chamada de pressão alta é conhecida como "assassina silenciosa", pois geralmente não causa qualquer tipo de sintoma durante muitos anos até que um órgão vital seja afetado.

Diagnóstico
A medida da pressão arterial é um procedimento simples, e envolve grande responsabilidade na decisão diagnóstica do paciente. O esfigmomanômetro é o aparelho que faz essa medição e pode ser de em três tipos. O automático ou eletrônico é um dos mais precisos na avaliação e deve apresentar um certificado internacional. O de coluna de mercúrio é funcional, mas está proibido em virtude do risco de contaminação do ambiente com o metal. O aparelho de aneróide é o mais comum nos hospitais públicos, e deve ser calibrado de seis em seis meses.

Nogueira, que também é professor de Clínica Médica da Faculdade de Medicina e coordenador da Comissão de Investigação Científica do HU, afirma que “todo o atendimento médico deveria ter a medição da pressão arterial de forma que permitisse o diagnóstico precoce, com o qual se pode evitar lesões nos órgãos alvo (retina, coração, cérebro e rim)”.

Caráter hereditário
Algumas pessoas apresentam mais sensibilidade ao sal do que outras. Observa-se inclusive uma prevalência na população de afrodescendentes, com genes mais sensíveis ao cloreto de sódio. Segundo o professor, “nos navios negreiros que trouxeram os escravos para o Brasil, as condições eram subumanas. Muitos morriam de diarréia. Os que tinham a característica genética de reter maior quantidade de sal no sangue sobreviveram. Os índios Yanomami, por exemplo, quando não aculturados, utilizam as cinzas no lugar do sal para temperar os alimentos. Em função disso, verifica-se que eles não desenvolvem a hipertensão arterial.”

Conseqüências
Nogueira comenta ainda que “a hipertensão arterial é apenas uma das causas do enfarto. Tem-se também o colesterol alto, tabagismo, consumo de álcool, obesidade e histórico familiar”. Além disso, o professor diz que a maior parte dos problemas decorrentes da pressão arterial no Brasil ocorrem em função do Acidente vascular encefálico, e não da pressão alta. Nos EUA, por sua vez, as complicações são em função da doença arterial coronariana.

Prevenção
A prevenção pode ser realizada em duas etapas. A primária engloba uma alimentação saudável (com o consumo moderado de sal e gordura), atividade física regular, manutenção de peso, controle do estresse e reduzido ou nenhum consumo de álcool. A prevenção secundária é realizada com a verificação rotineira da pressão na população como um todo, e com o tratamento das pessoas nas quais forem detectadas a Hipertensão Arterial.

Tratamento
O tratamento da Hipertensão Arterial consiste apenas no estabelecimento de uma vida saudável e na administração de medicamentos. O problema é a falta de continuidade dos programas de prevenção e tratamento. Um forte investimento social (englobando desde a educação e oferta de empregos até o saneamento básico) é apontado pelo coordenador do ProHart como uma solução, que a longo prazo levará a uma população muito mais saudável.

De acordo com Nogueira, não há um programa efetivo de distribuição de medicamentos pela saúde pública, o que atrapalha a continuação do tratamento por parte da população de baixa renda, que precisa ter acesso a medicamentos eficazes e de baixo custo. Os efeitos colaterais decorrentes desses remédios mais baratos também são complicadores.

Além disso, muitos hipertensos se sentem estressados. Eles recebem a ajuda adequada na Divisão de Psicologia Aplicada do Instituto de Psicologia da UFRJ. A equipe é coordenada pela Professora Lucia Novaes, especialista no estudo do estresse. Mais informações podem ser obtidas pelo telefone 3873-5326 ou diretamente do campus da Praia Vermelha, na Avenida Pasteur, n°250, Urca.

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