Hipertenso
Por
Taisa Gamboa
Panorama da
Hipertensão Arterial no Brasil
Segundo o Ministério da Saúde, as doenças cardiovasculares
são as primeiras causas de morte no Brasil, atingindo 32,3% da
população. A hipertensão arterial é responsável
por 35% de todos os grandes eventos cardiovasculares, sendo fundamental
uma abordagem diagnóstica e terapêutica adequada visando
diminuir a alta morbimortalidade.
A hipertensão arterial
é uma entidade clínica multifatorial que se caracteriza
por níveis tensionais elevados associados a alterações
metabólicas, hormonais e a fenômenos nutricionais. Um estudo
de 1998 mostrou que 24,2% da população atendida no ambulatório
de Clínica Médica do Hospital Universitário da
UFRJ.
ProHart
Para atender adequadamente hipertensos graves e de difícil controle,
o Programa de hipertensão arterial do Hospital Universitário
da UFRJ (ProHart) foi iniciado em 1999. Com o intuito de obter melhor
controle clínico e reduzir as complicações e os
custos do acompanhamento dos hipertensos do HUCFF foi elaborada uma
rotina de avaliação e tratamento inicial do hipertenso.
Para auxiliar esse trabalho, na última semana, o Hospital chegou
a comprar seis aparelhos eletrônicos de medição
da pressão arterial de altíssima tecnologia.
Uma pessoa é
considerada hipertensa, quando a medida de sua pressão arterial
apresenta resultado igual ou superior a 140/90, em mais de uma avaliação.
Segundo o coordenador do ProHart, Armando Nogueira, a hipertensão
arterial está presente em 30 % da população brasileira
acima de 20 anos.
Sintomas
Hipertensão arterial (HA) também chamada de pressão
alta é conhecida como "assassina silenciosa", pois
geralmente não causa qualquer tipo de sintoma durante muitos
anos até que um órgão vital seja afetado.
Diagnóstico
A medida da pressão arterial é um procedimento simples,
e envolve grande responsabilidade na decisão diagnóstica
do paciente. O esfigmomanômetro é o aparelho que faz essa
medição e pode ser de em três tipos. O automático
ou eletrônico é um dos mais precisos na avaliação
e deve apresentar um certificado internacional. O de coluna de mercúrio
é funcional, mas está proibido em virtude do risco de
contaminação do ambiente com o metal. O aparelho de aneróide
é o mais comum nos hospitais públicos, e deve ser calibrado
de seis em seis meses.
Nogueira, que também
é professor de Clínica Médica da Faculdade de Medicina
e coordenador da Comissão de Investigação Científica
do HU, afirma que “todo o atendimento médico deveria ter
a medição da pressão arterial de forma que permitisse
o diagnóstico precoce, com o qual se pode evitar lesões
nos órgãos alvo (retina, coração, cérebro
e rim)”.
Caráter
hereditário
Algumas pessoas apresentam mais sensibilidade ao sal do que outras.
Observa-se inclusive uma prevalência na população
de afrodescendentes, com genes mais sensíveis ao cloreto de sódio.
Segundo o professor, “nos navios negreiros que trouxeram os escravos
para o Brasil, as condições eram subumanas. Muitos morriam
de diarréia. Os que tinham a característica genética
de reter maior quantidade de sal no sangue sobreviveram. Os índios
Yanomami, por exemplo, quando não aculturados, utilizam as cinzas
no lugar do sal para temperar os alimentos. Em função
disso, verifica-se que eles não desenvolvem a hipertensão
arterial.”
Conseqüências
Nogueira comenta ainda que “a hipertensão arterial é
apenas uma das causas do enfarto. Tem-se também o colesterol
alto, tabagismo, consumo de álcool, obesidade e histórico
familiar”. Além disso, o professor diz que a maior parte
dos problemas decorrentes da pressão arterial no Brasil ocorrem
em função do Acidente vascular encefálico, e não
da pressão alta. Nos EUA, por sua vez, as complicações
são em função da doença arterial coronariana.
Prevenção
A prevenção pode ser realizada em duas etapas. A primária
engloba uma alimentação saudável (com o consumo
moderado de sal e gordura), atividade física regular, manutenção
de peso, controle do estresse e reduzido ou nenhum consumo de álcool.
A prevenção secundária é realizada com a
verificação rotineira da pressão na população
como um todo, e com o tratamento das pessoas nas quais forem detectadas
a Hipertensão Arterial.
Tratamento
O tratamento da Hipertensão Arterial consiste apenas no estabelecimento
de uma vida saudável e na administração de medicamentos.
O problema é a falta de continuidade dos programas de prevenção
e tratamento. Um forte investimento social (englobando desde a educação
e oferta de empregos até o saneamento básico) é
apontado pelo coordenador do ProHart como uma solução,
que a longo prazo levará a uma população muito
mais saudável.
De acordo com Nogueira, não
há um programa efetivo de distribuição de medicamentos
pela saúde pública, o que atrapalha a continuação
do tratamento por parte da população de baixa renda, que
precisa ter acesso a medicamentos eficazes e de baixo custo. Os efeitos
colaterais decorrentes desses remédios mais baratos também
são complicadores.
Além disso,
muitos hipertensos se sentem estressados. Eles recebem a ajuda adequada
na Divisão de Psicologia Aplicada do Instituto de Psicologia
da UFRJ. A equipe é coordenada pela Professora Lucia Novaes,
especialista no estudo do estresse. Mais informações podem
ser obtidas pelo telefone 3873-5326 ou diretamente do campus da Praia
Vermelha, na Avenida Pasteur, n°250, Urca.