Por uma boa causa
13.10.2005

A nova editoria do Boletim Olhar Vital, Por uma Boa Causa, traz como proposta informação e esclarecimentos sobre temas que representam um impacto na saúde da população.
O câncer de mama será trabalhado durante 4 edições do Olhar Vital.


Câncer de mama: segunda causa de morte feminina

por Wang Pei Yi

O câncer de mama está quase no topo do índice de mortalidade no Brasil, só ficando atrás dos acidentes automobilísticos, atropelamentos e assassinatos. A cada ano, morrem de câncer no Brasil cerca de dez mil mulheres acima dos 35 anos. Os homens também podem desenvolver câncer de mama, porém é raro, constituindo menos de 1% dos casos.

Uma das maiores causas da morte por câncer de mama é a detecção tardia e a metástase, que é a transmissão de células cancerosas para um órgão próximo. Sessenta por cento dos casos são identificados em estágios avançados, ou seja, quando os tumores estão com mais de cinco centímetros de diâmetro. Nesta fase a mastectomia ou retirada de um dos seios é inevitável. Em tumores iniciais, com menos de dois centímetros, pode ser feita uma cirurgia chamada quadrantectomia sem a retirada do seio.

Depois da cirurgia é preciso um acompanhamento a longo prazo. A chefe do serviço de Oncologia do Hospital Universitário Clementino Fraga Filho (HUCFF), Eloah Braga, e muitos oncologistas recomendam o monitoramento contínuo e periódico da paciente para evitar a reincidência do tumor. Se durante este período a mulher não apresentar nenhum tipo de câncer, será considerada curada. Mas não há garantias de que a doença não se manifestará de novo. O mais normal é que aconteça até dois anos depois da retirada do nódulo.

Somente mastologistas e/ou oncologistas poderão afirmar se as alterações eventualmente notadas são nódulos malignos ou benignos, se haverá seqüelas de cirurgias, mastites ou displasias (aumento de sensibilidade, endurecimento e dor) mamárias. Uma secreção espontânea no mamilo e a retração da pele também podem indicar a presença de tumores.

Para se obter um diagnóstico precoce é preciso fazer, periodicamente, um auto-exame dez dias após a menstruação. O ideal é realizá-lo mensalmente a partir dos 20 anos de idade. Depois de completar 35 anos as mulheres devem intensificar os cuidados com visitas periódicas a um ginecologista ou mastologista. O exame preventivo feito pelo especialista pode detectar nódulos com até um centímetro de diâmetro, além de mudanças na textura da pele, coloração e possíveis secreções.

O exame de mamografia é mais preciso na detecção desse tipo de câncer. Ele consiste em uma radiografia feita dos seios capaz de identificar tumores dois anos antes de ser palpável, por meio da presença de microcalcificação ou nódulos pequenos. Deve ser feito anualmente ou pelo menos de dois em dois anos. Os médicos costumam recomendar a mamografia a partir de 35 anos. Nos casos de câncer de mama na família, o exame é recomendado após os 20 anos de idade, para obter um controle maior da paciente.

Quando ocorre a necessidade da cirurgia, o apoio psicológico é fundamental, principalmente por parte dos familiares e do companheiro. O relacionamento conjugal e a volta ao trabalho são as fases mais difíceis no processo de reintegração ao dia-a-dia. Normalmente a mulher fica com vergonha do próprio corpo e além de sofrer fisicamente com a retirada do tumor, a mulher sofre emocionalmente com a rejeição do companheiro que não aceita a doença.

As pacientes podem recorrer também a cirurgias de reconstrução da mama realizada por diversos órgãos públicos habilitados para diminuir a sensação da rejeição e a vergonha do corpo.

Dependendo da extensão da mastectomia a mulher pode ficar com o movimento dos braços afetado. Tarefas como carregar peso, operar máquinas, estender roupa no varal se tornam muito difíceis ou até impossíveis. No campo profissional, às vezes, é necessário mudar de função. Por isso, a presença de assistentes sociais e psicólogos no tratamento pós-operatório é fundamental.

Com o objetivo de minimizar as seqüelas do tratamento cirúrgico foi desenvolvida a técnica do Linfonodo Sentinela, já aplicado no HUCFF e no INCA, cuja cirurgia pela axila retira somente tumores pequenos que após biópsia, são diagnosticados como linfonodo sentinela negativo, ou seja, que não provocará a metástase.

Na próxima edição do OLHAR VITAL: Auto-exame e mamografia, a importância da prevenção.


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