A
nova editoria do Boletim Olhar Vital, Por uma Boa Causa,
traz como proposta informação e esclarecimentos sobre temas
que representam um impacto na saúde da população.
O câncer de mama será trabalhado durante 4 edições
do Olhar Vital.
Câncer de mama: segunda causa de morte feminina
por Wang Pei Yi
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O câncer de
mama está quase no topo do índice de mortalidade no Brasil,
só ficando atrás dos acidentes automobilísticos,
atropelamentos e assassinatos. A cada ano, morrem de câncer no Brasil
cerca de dez mil mulheres acima dos 35 anos. Os homens também podem
desenvolver câncer de mama, porém é raro, constituindo
menos de 1% dos casos.
Uma das maiores causas da morte por câncer de mama é a detecção
tardia e a metástase, que é a transmissão de células
cancerosas para um órgão próximo. Sessenta por cento
dos casos são identificados em estágios avançados,
ou seja, quando os tumores estão com mais de cinco centímetros
de diâmetro. Nesta fase a mastectomia ou retirada de um dos seios
é inevitável. Em tumores iniciais, com menos de dois centímetros,
pode ser feita uma cirurgia chamada quadrantectomia sem a retirada do
seio.
Depois da cirurgia é preciso um acompanhamento a longo prazo. A
chefe do serviço de Oncologia do Hospital Universitário
Clementino Fraga Filho (HUCFF), Eloah Braga, e muitos oncologistas recomendam
o monitoramento contínuo e periódico da paciente para evitar
a reincidência do tumor. Se durante este período a mulher
não apresentar nenhum tipo de câncer, será considerada
curada. Mas não há garantias de que a doença não
se manifestará de novo. O mais normal é que aconteça
até dois anos depois da retirada do nódulo.
Somente mastologistas e/ou oncologistas poderão afirmar se as alterações
eventualmente notadas são nódulos malignos ou benignos,
se haverá seqüelas de cirurgias, mastites ou displasias (aumento
de sensibilidade, endurecimento e dor) mamárias. Uma secreção
espontânea no mamilo e a retração da pele também
podem indicar a presença de tumores.
Para se obter um diagnóstico precoce é preciso fazer, periodicamente,
um auto-exame dez dias após a menstruação. O ideal
é realizá-lo mensalmente a partir dos 20 anos de idade.
Depois de completar 35 anos as mulheres devem intensificar os cuidados
com visitas periódicas a um ginecologista ou mastologista. O exame
preventivo feito pelo especialista pode detectar nódulos com até
um centímetro de diâmetro, além de mudanças
na textura da pele, coloração e possíveis secreções.
O exame de mamografia é mais preciso na detecção
desse tipo de câncer. Ele consiste em uma radiografia feita dos
seios capaz de identificar tumores dois anos antes de ser palpável,
por meio da presença de microcalcificação ou nódulos
pequenos. Deve ser feito anualmente ou pelo menos de dois em dois anos.
Os médicos costumam recomendar a mamografia a partir de 35 anos.
Nos casos de câncer de mama na família, o exame é
recomendado após os 20 anos de idade, para obter um controle maior
da paciente.
Quando ocorre a necessidade da cirurgia, o apoio psicológico é
fundamental, principalmente por parte dos familiares e do companheiro.
O relacionamento conjugal e a volta ao trabalho são as fases mais
difíceis no processo de reintegração ao dia-a-dia.
Normalmente a mulher fica com vergonha do próprio corpo e além
de sofrer fisicamente com a retirada do tumor, a mulher sofre emocionalmente
com a rejeição do companheiro que não aceita a doença.
As pacientes podem recorrer também a cirurgias de reconstrução
da mama realizada por diversos órgãos públicos habilitados
para diminuir a sensação da rejeição e a vergonha
do corpo.
Dependendo da extensão da mastectomia a mulher pode ficar com o
movimento dos braços afetado. Tarefas como carregar peso, operar
máquinas, estender roupa no varal se tornam muito difíceis
ou até impossíveis. No campo profissional, às vezes,
é necessário mudar de função. Por isso, a
presença de assistentes sociais e psicólogos no tratamento
pós-operatório é fundamental.
Com o objetivo de minimizar as seqüelas do tratamento cirúrgico
foi desenvolvida a técnica do Linfonodo Sentinela, já aplicado
no HUCFF e no INCA, cuja cirurgia pela axila retira somente tumores pequenos
que após biópsia, são diagnosticados como linfonodo
sentinela negativo, ou seja, que não provocará a metástase.
Na próxima edição do OLHAR VITAL:
Auto-exame e mamografia, a importância da prevenção.
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