• Edição 072
  • 15 de março de 2007

Microscópio

Faculdade de Farmácia comemora 60 anos

Priscila Biancovilli

Em abril 2007, a Faculdade de Farmácia completa 60 anos de existência. Uma série de atividades está prevista para comemorar a data, como, por exemplo, o I Simpósio Interno de Ensino, Pesquisa e Extensão, que discutirá a profissão farmacêutica no novo milênio, e também o lançamento de um livro que resgata a memória da Farmácia na UFRJ, previsto para sair em outubro.

O que se comemora este ano, de fato, é a independência administrativa da Faculdade de Farmácia. Como explica o diretor Carlos Rangel, “a Faculdade de Farmácia surgiu em 1832, como parte da Faculdade de Medicina. Na época, tanto os docentes quanto os que exerciam o ofício da farmácia eram médicos. Para isso, bastava uma prova de qualificação em manipulação galênica”.

Por muito tempo, a estrutura do curso de farmácia, no Rio de Janeiro e em todo o Brasil, manteve-se desta forma. O trajeto que o curso de farmácia seguiu desde sua criação até a autonomia didática e administrativa foi longo. Passados 69 anos de sua criação, em 1901, no governo de Campos Salles, o curso de farmacêutico sofreu uma redução de três para dois anos, fator que denota uma clara desvalorização do ofício. Dez anos depois, com Marechal Hermes da Fonseca na presidência, o curso voltou a ter três anos, incluindo disciplinas novas como Química Analítica, Bromatologia e Química Industrial.

No entanto, foi apenas em 1925, na presidência de Artur Bernardes, que o ensino da farmácia se alterou de maneira mais significativa. O curso passou a ter quatro anos de duração e foram instituídos sistemas de avaliação até então inexistentes, como controle de freqüência e estágios acompanhados de relatórios. Alguns anos depois, já no Estado Novo, o curso volta a se estruturar em apenas três anos. Outra queda na valorização do farmacêutico, levando-se em conta que na maioria dos países da América latina o curso já se estruturava em quatro ou até mesmo cinco anos.

Finalmente, no ano de 1945, 113 anos depois da criação do curso de farmácia, um decreto determina a independência do curso, que se transformaria em uma faculdade com direção e regimento próprios. Segundo Carlos Rangel, neste decreto, ficou estabelecido que o diretor da faculdade de medicina também acumularia o cargo de diretor da farmácia. Isto limitava a autonomia da nova faculdade. “Foi apenas em 9 de abril de 1947 que o primeiro diretor realmente oriundo da farmácia, professor Mário Taveira, foi nomeado. A partir daí, consumou-se uma real autonomia, que há muito tempo se buscava”.

Esta independência dava ao curso de farmácia não apenas o status de faculdade, mas também fazia surgir uma série de responsabilidades. De acordo com Carlos, o ensino da farmácia, desde o final do século 19, vinha se profissionalizando cada vez mais. “A autonomia deu mais poderes a esta área de ensino, dando oportunidade ao surgimento de novas especializações, o que tem como conseqüência o preparo de melhores profissionais”.

Hoje, após 60 anos de autonomia e 175 de criação, a Faculdade de Farmácia continua desempenhando um papel relevante na área de saúde. Cerca de mil alunos estudam na graduação, que se estrutura em quatro anos. Existe, além disso, o mestrado em ciências farmacêuticas e vários projetos de extensão, cujo de maior destaque é a Farmácia Universitária. De acordo com Carlos, este projeto se tornou excelência na área de extensão, e é um dos mais importantes de toda a UFRJ. Lá, qualquer paciente vindo de clínicas especializadas, como o Hospital Universitário, tem a oportunidade de receber seu medicamento manipulado.”

Dentro da Farmácia, existem atualmente quatro departamentos, que são os de Análises Clínicas e Toxicológicas, de Fármacos, Medicamentos e Produtos Naturais e Alimentos. Dentro do Departamento de Fármacos, cabe destacar o Lassbio (Laboratório de Avaliação e Síntese de Substâncias Bioativas), que faz parte do Programa Institutos do Milênio, do Ministério da Ciência e Tecnologia. Este programa financia os projetos mais abrangentes e relevantes de pesquisa científica e desenvolvimento tecnológico, em todo o Brasil. “Em 2005, 34 projetos receberam este financiamento. Três deles eram do CCS, e um deles, da Farmácia”, atesta Carlos Rangel.

Cabe destacar, também como projetos da Faculdade de Farmácia, o CRIM (Centro Regional de Informações de Medicamentos), que oferece informações científicas sobre medicamentos tanto a técnicos quanto a pacientes; a Rede Reblas (Rede Nacional de Laboratórios Oficiais de Controle de Qualidade em Saúde), e o LabCQ (Laboratório de Controle de Qualidade de Fármacos e Medicamentos).

Quanto às perspectivas para o futuro, o diretor se mostra otimista. “Buscamos a implementação do novo projeto pedagógico e a criação do doutorado em ciências farmacêuticas. Aqui na nossa faculdade, têm entrado muitos docentes com excelente perfil acadêmico, o que está alavancando a área de pesquisa em ciências farmacêuticas”, afirma.