• Edição 095
  • 23 de agosto de 2007

Cidade Universitária

Mudança dos cursos da Praia Vermelha para o Fundão causa polêmica


Priscila Biancovilli

Está em discussão nas unidades da universidade o anteprojeto do Plano de Expansão e Reestruturação da UFRJ, apresentado pelo reitor Aloisio Teixeira, em julho. A proposta mais polêmica deste plano é a unificação da UFRJ em apenas um campus, a Ilha do Fundão. Essa não é uma idéia nova, mas, neste momento, as discussões tornaram-se mais freqüentes. O que fazer com os outros campi? A comunidade acadêmica aceitará a mudança?

Hélio de Mattos Alves, prefeito da Cidade Universitária, atesta que “hoje existe uma grande fragmentação entre as unidades da UFRJ. Elas estão espalhadas no Centro da cidade e na Praia Vermelha, algumas ligadas às mesmas unidades. Um aluno do curso de Psicologia tem aulas na Ilha da Cidade Universitária, no Centro da cidade e na Praia Vermelha. Grande parte dos cursos de licenciatura estão concentrados na Cidade Universitária. Queremos unificar a UFRJ numa área que há 50 anos foi destinada para ser a Cidade Universitária, através de um decreto do presidente Juscelino Kubitschek.”

A nova estrutura

A proposta em discussão prevê que para cada turma que se formar na Praia Vermelha uma nova deve abrir na Ilha da Cidade Universitária. Com o passar do tempo, todas as unidades serão transferidas, e os prédios dos outros centros se transformarão em áreas culturais. É previsto que o Palácio Universitário da Praia Vermelha, por exemplo, se transforme em um museu, já que ele outrora abrigou o Hospício Santa Casa de Misericórdia e a reitoria da Universidade do Brasil. Segundo Hélio, “algumas construções que não possuem nenhum valor histórico podem ser demolidas, e o espaço se transformaria num excelente ambiente de convivência”. Outra idéia em discussão é de se implantar na Praia Vermelha um centro de convenções e um teatro.

Os projetos não param por aí. “Imagino um grande pavilhão de aulas entre a Faculdade de Letras e a rótula do CT, com aproximadamente 500 salas de aula e anfiteatros com centros de convivência ao ar livre. Ali, alunos do CLA, CFCH, CCJE, CT e  CCMN poderão ter aulas juntos. Professores desses centros se esbarrarão nos corredores, conversando no cafezinho. Imagino um aluno da Engenharia da Produção fazendo Administração Pública e daí em diante. Gostaria também de ver um prédio onde uma administração central abra e feche salas e tenha todas as mídias possíveis para aulas expositivas”, conta Hélio.

Barcas

Existe também a possibilidade de integração dos campi do Fundão e Praia Vermelha com Gragoatá, em Niterói. “Esse é um projeto que não somente interessa a UFRJ, mas ao Estado e ao Município. Terá fortes impactos na empregabilidade da região e no comércio. Em cinco anos, cerca de 100 mil pessoas circularão diariamente pela Cidade Universitária. Todos os poderes públicos terão que se envolver para os desafios de infra-estrutura, como transporte e segurança”, esclarece Hélio.

Discussões

De 1º a 15 de setembro, três audiências públicas serão realizadas nos campi do Fundão, Praia Vermelha e Centro, para consolidar as propostas. Elas contarão com a participação de representantes da comunidade acadêmica, DCE, SINTUFRJ, ADUFRJ e APG. De 15 a 22 de setembro, o plano será elaborado, levando-se em conta críticas e sugestões apresentadas nas discussões. Finalmente, dia 27 de setembro, o documento final será levado ao Consuni, para discussão e deliberação.
Uma das grandes metas do projeto consiste em aumentar o número de vagas na UFRJ de 6.800 para 10.200, em cinco anos, na capital e interior (Macaé e Xerém). Na opinião de Hélio, “a ampliação de vagas no ensino superior é imperativa para os grandes desafios que nos levam hoje a uma encruzilhada. Espera-se que a UFRJ chegue ao seu centenário se reestruturando para os desafios do conhecimento, combatendo as vagas ociosas e a evasão com políticas de assistência estudantil. O aumento de vagas servirá para que mais camadas da população tenham acesso à excelência de seus cursos.”