• Edição 087
  • 28 de junho de 2007

Microscópio

Rio de Janeiro discute Amazônia

Priscila Biancovilli

Em outubro, um grande evento promete trazer ao Rio de Janeiro uma ampla discussão sobre as perspectivas de uso e exploração da região amazônica: trata-se da Expo Amazônia-Rio 2007, que acontece entre os dias 21 e 27 de outubro, no Forte de Copacabana. Trata-se de um evento que inclui exposições, conferências e seminários sobre o tema. As exposições terão lugar em um espaço de 3.000 m², e as conferências plenárias acontecerão em um auditório para 300 pessoas, com transmissão simultânea para dez telões. Os quatro temas tratados nestes debates estão sendo discutidos, desde já, nos Seminários que acontecem no Forum de Ciência e Cultura da UFRJ, que são: Geopolítica do Desenvolvimento Amazônico, Políticas de ocupação territorial com desenvolvimento sustentável e unidades de conservação da natureza, Gerenciamento do uso dos recursos hídricos e Gerenciamento do uso dos recursos continentais.

De acordo com Sérgio Annibal, professor do Instituto de Biologia da UFRJ e coordenador geral do evento, a discussão da Amazônia é de grande importância em diversos aspectos. “Esta enorme área da Amazônia tem um efeito ponderável no clima, principalmente da América do Sul. Vários movimentos atmosféricos, ligados a vento, geração de chuva e umidade, têm reflexo ou origem a partir da região amazônica. Se a floresta for desmatada, isso pode provocar efeitos drásticos no clima”. Por este motivo, o pensamento sobre o futuro da floresta não pode se restringir apenas à população local. Além do clima, aspectos econômicos também pesam no debate. Ainda segundo o professor, “A exploração econômica viável da Amazônia é muito difícil. Por exemplo, o projeto econômico que hoje sustenta o estado do Amazonas não é de exploração de florestas, mas sim de uma zona franca industrial de montagem eletro-eletrônica, que não tem nada a ver com a natureza”.

A base temática dos seminários, dentro dos quatro temas citados acima e do evento em si, são os resultados do Consórcio de Zoneamento Ecológico e Econômico (ZEE-Brasil), que agrega diversos órgãos nacionais, sob a coordenação da Secretaria de Políticas para o Desenvolvimento Sustentável do Ministério do Meio Ambiente. “O ZEE é a planta do território, com o mapeamento das áreas agrícolas, rurais, entre outras. Com essa planta feita, podem-se planejar melhor as alternativas de utilização. Vários órgãos do governo federal e entidades trabalham com este mesmo instrumento. Por exemplo, o INCRA faz este zoneamento tentando visualizar a ocupação rural. A Embrapa pesquisa a zoologia, clima e hidrologia, para ver qual é a capacidade agrícola daquele solo. É importante que o INCRA, quando for projetar a ocupação dos sem-terra, converse com a Embrapa para saber se aquele loteamento é fértil para a plantação de aipim, por exemplo”, explica o professor.

Desta forma, o objetivo do ZEE é fazer com que o Brasil tenha fortes condições de gerenciar e planejar a utilização da floresta amazônica, mais do que qualquer outro grupo privado internacional. Há muito tempo discute-se a polêmica da presença de grupos estrangeiros estudando a Amazônia. Isto poderia resultar em possíveis futuros conflitos internacionais, que ambicionariam a “desnacionalização” da floresta. “Esse problema é resolvido à medida que estudamos e conhecemos melhor a região, para que nós mesmos possamos projetar o seu desenvolvimento, e não apenas esperar que os outros projetem”, explica Sérgio.

A exposição no Forte de Copacabana conta com um estande central dedicado ao Consórcio ZEE-Amazônia e outros nove estandes representando cada estado amazônico: Roraima, Amazonas, Acre, Rondônia, Mato Grosso, Tocantins, Maranhão, Pará e Amapá.

A programação dos pré-eventos, que no Rio de Janeiro acontecem no Fórum de Ciência e Cultura, é a seguinte:
5 de julho – História das Civilizações Amazônicas
9 de agosto – Recursos Hídricos e Pesqueiros
6 de setembro – Recursos agro-florestais e minerais
4 de outubro – geopolítica e relações internacionais

 

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