• Edição 082
  • 24 de maio de 2007

Notícias da Semana

Começa o 9° Festival UFRJmar em Cabo Frio

Fernanda de Carvalho e Tainá Saramago – Agência UFRJ de Notícias – Cabo Frio

O Teatro Municipal de Cabo Frio, localizado em frente à Praia do Forte, deu lugar ontem, dia 22 de maio, à cerimônia de abertura oficial do 9° Festival UFRJmar (terceira edição realizada no município) e de apresentação do curso “Tec-Naval” de Formação e Qualificação Técnica para a Construção Naval do Rio de Janeiro.

Os presentes foram contemplados, no início do evento, com uma apresentação da orquestra de cavaquinhos, que pertence ao projeto “Apanhei-te Cavaquinho”, formada por crianças e adolescentes de Cabo Frio, sob a regência do músico maestro Ângelo Budega.

A mesa de abertura da cerimônia foi composta por Laura Tavares, Pró-reitora de Extensão da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ); Carlos Vítor da Rocha Mendes, Secretário Municipal de Governo de Cabo Frio, representando o prefeito Marquinho Mendes; Hélio de Mattos, prefeito da Cidade Universitária; Fernando Amorim, coordenador do Núcleo Interdisciplinar UFRJmar e do curso “Tec-Naval”; e Wallace Paes, diretor executivo do Sindicato dos Metalúrgicos do Rio de Janeiro.

UFRJmar

O Festival UFRJmar é um momento único da Universidade, no qual cerca de 700 pessoas das mais variadas áreas – incluindo estudantes e professores – se integram na realização de atividades interdisciplinares.

Nesta 9ª edição, todo trabalho é voltado para a população de Cabo Frio, que entra em contato com a produção científica da Universidade, geralmente concentrada na capital Rio de Janeiro. Estima-se que as atividades do Festival - oficinas distribuídas entre os Pólos da Praia do Forte, Praia das Palmeiras e Marly Capp - irão atender em torno de 65 mil pessoas.

- A formação dos alunos não deve ficar restrita aos muros e às salas de aula da Universidade -, declarou Laura Tavares. Para ela, o projeto UFRJmar representa plenamente essa importante ação de levar a Universidade para comunidades do interior, além de representar uma experiência e aprendizado únicos aos estudantes que se propõem a participar do evento. No Festival, “A educação - formadora e portadora de cidadania - e o trabalho andam juntos”.

Hélio de Mattos chamou a atenção para a presença significante da prefeitura de Cabo Frio no Festival, com todo seu secretariado, o que demonstra uma importante valorização do projeto. Segundo Fernando Amorim, a realização de mais uma edição do UFRJmar em Cabo Frio representa um aprofundamento na relação entre a Universidade e a prefeitura do município, que tende a se ampliar cada vez mais.

Valorização do trabalho

Durante a cerimônia do Teatro Municipal, também houve a apresentação do curso “Tec-Naval”, uma parceria da UFRJ com a prefeitura de Cabo Frio e o Sindicato dos Metalúrgicos do Rio de Janeiro. A Idéia inicial era realizar um programa de qualificação técnica para indústria naval em três etapas: um curso pós-técnico, para os que não conseguiram colocação no mercado de trabalho; uma formação de centros de qualidade, para atender escolas de Ensino Médio; e um curso voltado para a população sem formação em ensino superior, que almeja entrar para o mercado.

O curso acabou voltando-se para essa última etapa, defendendo o ensino de qualificação “para o trabalho e pelo trabalhador”, buscando abranger não apenas a indústria naval de base (aço, alumínio), mas também o setor náutico, que lida com outros materiais, como madeira, por exemplo.

Aparecida Tiradentes dos Santos doutora em Educação e pesquisadora adjunta em Educação Profissional da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), ressaltou a importância das questões em torno da empregabilidade e do trabalho. Segundo ela, “O trabalho não é apenas uma fonte de recursos materiais; a qualificação profissional, antes de tudo, nos constitui como seres humanos”, afirmou a pesquisadora.

Início das oficinas do UFRJmar: muita animação

Hoje, dia 23 de maio, as oficinas do Festival UFRJmar iniciaram suas atividades. Sorrisos, alegria e muita correria para poder participar de todas as oficinas. Esse era o sentimento das crianças, adolescentes e adultos que lotaram o evento.

- É um evento excelente, com uma proposta animadora para Cabo Frio. Com a participação intensa das crianças eles conseguem transmitir informações e resgatar a nossa cultura. Tudo isso de forma lúdica e divertida. Todos os nossos alunos ficam ansiosos para o Festival e quando chegam aqui e vêem toda essa estrutura ficam admirados -, relatou a professora Ana Claudia Trindade, da Escola Municipal Etelvina Santana da Fonseca.

Segundo a aluna da Escola de Educação Física e Desportos(EEFD/UFRJ) Viviane Martins, a oficina de Dança Folclórica consegue agrupar criatividade, brincadeira, dança, música e cultura. “A criança tem a oportunidade de criar brincadeiras novas e mudar brincadeiras antigas. Também são apresentadas a elas as brincadeiras e danças mais antigas como realmente eram, levando de forma lúdica ao resgate da cultura”, explica Viviane, coordenadora da oficina.

Além da parte cultural, as oficinas abordam outros temas. A “Janelas Abertas Sobre o Corpo” busca trabalhar com movimentos que imitam o que o nosso corpo faz quando está no mar. “Balanço, deslizes, consciência corporal e a relação interpessoal é muito trabalhada aqui na nossa oficina. E fazemos tudo isso brincando com as crianças”, conta Isabel Blanc, aluna da EEFD.

Os esportes também são levados a sério no Festival. A oficina “Esportes do Litoral” leva para a areia os fundamentos do basquete, do handball, do futebol e do vôlei de praia. “Queremos passar os fundamentos desses esportes de forma lúdica e assim desenvolver a cooperação e passar lições de cidadania para os moradores de Cabo Frio”, explica Raquel Magalhães, coordenadora da oficina.

Há também uma grande estrutura para os esportes aquáticos. A “Oficina Surf”, que veio do “Projeto Surf”, conta com quatro etapas muito interessantes. Primeiro as crianças passam por aparelhos de equilíbrio para começarem a sentir como é estar em pé numa prancha. Após um aquecimento, elas partem para o mar, algumas ainda receosas, outras muito ansiosas. A quarta etapa é uma novidade muito interessante. Foi montado um stand de arte, onde as crianças podem pintar as emoções que sentiram no mar.

- Nosso objetivo não é só ensinar a ficar em pé na prancha, queremos educar através do surf. Trabalhar socialização, respeito, conhecimentos ambientais e fenômenos naturais da região, no caso de Cabo Frio foi a ressurgência. Queremos também educar para o surf, ensinando algumas regras do surf, como respeito aos surfistas mais antigos. – explica Raquel Pinto Linhares, aluna da EEFD e uma das coordenadoras da oficina.

A oficina mais querida pelas crianças é a “Muro de Escalada”, que busca promover a vivência da escalada para crianças que muitas vezes nem sabem o que é escalada. “É muito legal trabalhar a idéia de superação nas crianças. Muitas vezes elas param no meio da escalada e dizem que não conseguem mais, aí a gente dá uma força e vocês não tem idéia do quanto é gratificante ver o sorriso delas quando conseguem chegar lá em cima”, afirmou Bruna Muniz, aluna da EEFD.

Outras oficinas como a de “Capoeira”; a de “Construção de Prancha”, que ensina às crianças a fazerem modelos de prancha de surf de 50cm; a de “Strip-Plancking”, que ensina, com modelos miniaturas, a construção de embarcações de madeira pelo método das ripas; a “Sou Feliz de Boca Limpa”, que objetiva promover a saúde bucal das crianças, com demonstrações, gincanas, distribuição de kits, apostilas para professores e panfletos para os pais; e muitas outras marcaram o animado primeiro dia do 9º Festival UFRJmar.


“Superando Limites - Novos Materiais e Esporte” na Casa da Ciência


Priscila Biancovilli

O ciclo de palestras Química e Esporte para Poetas, promovido pela Casa da Ciência, realizou ontem um debate sobre as novas tecnologias que vêm colaborando para o desenvolvimento esportivo. Participaram da mesa os professores Ângelo da Cunha Pinto, do Instituto de Química, e Jaider de Oliveira Freitas, da Escola de Educação Física e Desportos.

Ângelo, em uma apresentação bem-humorada, mostrou os diversos grupos ou classes de materiais, que são os naturais, cerâmicos, metálicos, polímeros e compósitos. Explicou que os compósitos são formados por dois ou mais constituintes com distintas composições, estruturas ou propriedades, que estão separados por uma interface. A finalidade deles é produzir um único material com propriedades superiores às dos componentes unitários.

O professor também discursou sobre a nanotecnologia, que oferece grandes soluções em diversos aspectos. Dentro do esporte, por exemplo, podem-se produzir solados mais resistentes a impactos. Os grandes atores responsáveis pela pesquisa de novos materiais, no entanto, não estão no meio acadêmico. Os setores militar e aeroespacial durante muito tempo dirigiram este tipo de pesquisa.

Outros exemplos do impacto destes materiais no mundo esportivo estão nas bolas de futebol, revestidas à base de poliuretano, que ganham maior maciez dão maior velocidade ao jogo. O polímero Kevlar®, da companhia química DuPont, é mais leve e duas vezes mais resistente que a fibra de vidro, podendo ser usado nos barcos a remo para aumentar o desempenho dos atletas. Bicicletas produzidas com ligas de titânio também são mais leves e não têm muita condutividade térmica. Assim, o professor concluiu sua apresentação mostrando que o impacto das novas tecnologias no esporte é imenso e só tem a aumentar.

O professor Jaider Freitas, da Escola de Educação Física, exibiu em sua apresentação todas as quarenta modalidades de esporte que estarão nos Jogos Panamericanos. A partir daí comentou sobre o cenário industrial moderno, em que existem mais de 50 mil materiais distribuídos nos cinco grupos já apresentados anteriormente. Jaider citou que a indumentária dos atletas, as pistas de corrida, os dardos, varas, luvas de boxe, gramas sintéticas, entre muitos outros acessórios e materiais, estão cada vez mais evoluídos tecnologicamente para facilitar a vida dos atletas. A nanotecnologia, é claro, trouxe uma grande contribuição para isso.

O ciclo de debates Química e Esporte para Poetas segue até o dia 26 de junho, sempre às terças-feiras, das 18h30 às 20h. Na próxima semana, o tema será Aliviando a Pressão – Estresse e Atividade Física, e contará com a presença das professoras Elis Cristina Eleutherio, do Instituto de Química, e Joyce Ferreira Carvalho, da Escola de Educação Física.

O endereço da Casa da Ciência é Rua Lauro Muller, 3 – Botafogo. Telefone: 2542-7494.


Por onde caminha a Saúde Coletiva?

Stéphanie Garcia Pires

A produção e a difusão de conhecimento na área da saúde coletiva, com a intenção de contribuir para mudanças práticas na organização do sistema neste setor estão entre as proposições do Instituto de Estudos em Saúde Coletiva da Universidade Federal do Rio de Janeiro (IESC/UFRJ). Dentro deste objetivo, dia 22 de maio, foram reunidas opiniões para compor uma mesa redonda a respeito da 13ª Conferência Nacional de Saúde: para onde vamos?

A Reforma Sanitária, as conseqüências do desfinanciamento gradativo do sistema público de saúde e seus problemas de gestão foram discutidos pelos três debatedores presentes na mesa, Eduardo Stotz, da Escola Nacional de Saúde Pública (ENSP/FIOCRUZ), Maria Inês de Souza Bravo, da Faculdade de Serviço Social da Universidade Estadual do Rio de Janeiro (FSS/UERJ) e Sara Granemann, da Escola de Serviço Social (ESS/UFRJ).

Eduardo refletiu a situação da saúde da população brasileira e os fatores determinantes da precariedade que ela apresenta, dizendo que deve estar aí, neste pensamento, o ponto de partida para encaminhar soluções. O especialista comentou que apesar da melhoria crescente na expectativa de vida dos brasileiros, é necessário observar que há variações regionais e mesmo entre o espaço urbano e o rural neste resultado. Alertou também que o estudo da expectativa de vida precisa ser complementado por detalhamentos a respeito do índice de envelhecimento, a proporção de idosos dentro de uma área em relação aos demais indivíduos que ali vivem.

Segundo ele, estudos mais completos tornam evidente uma desigualdade e apontam não somente um crescimento do mal estar social – que acarreta em reações violentas e reflete na extensão da mortalidade por causa externa, por exemplo, homicídios -, como revelam a persistência de doenças infecciosas e parasitárias, principalmente entre a população mais pobre, e o aumento da cronificação de doenças, que é mais grave para a parcela da sociedade que tem pouco ou nenhum acesso ao sistema de saúde. Outro fator que resulta na dificuldade de manutenção da vida, são os prejuízos causados por consumo de drogas, ilegais ou não.

Para estes problemas, relata o especialista, são sugeridas respostas, soluções médicas e não-médicas. As primeiras convergem na tendência à medicalização, visível no Sistema Único de Saúde (SUS), porém, a falha desses tratamentos em atender as expectativas gera uma inclinação crescente para soluções não-médicas, como o misticismo e a religião.

Para complementar os pontos discutidos pelo primeiro expositor, Maria Inês confrontou as políticas de saúde do Brasil na década de 80, com a Reforma Sanitária, e na década de 90, com o Projeto Privatista. Enquanto o primeiro valorizava um Estado Democrático e deixava sobre ele a responsabilidade da saúde como direito social, o segundo defendia um Estado Mínimo. Ela também detalhou a política de saúde do governo Lula e concluiu que as discussões a respeito da seguridade social não renderam medidas efetivas de melhoras na qualidade de vida e na afirmação dos direitos humanos à saúde.

Segundo Maria Inês o SUS sofre não apenas com a falta de recursos como com a má administração desta verba. O sistema público de saúde é prejudicado com problemas de gestão, fruto, principalmente, da pouca autonomia na escolha de seus dirigentes, ficando subordinados às determinações do governo.

Inês ressaltou a importância dos conselhos de saúde, desde que eles representem de fato as demandas da população, e alertou para a urgência na democratização e no respeito das informações e das deliberações das Conferências Nacionais de Saúde.

Sara Granemann finalizou com dados que revelam a quantidade de verba recolhida para as políticas de saúde pública e o quanto deste capital é desviado para outros fins. Reforçou os argumentos anteriores a respeito dos problemas de gestão e desfinanciamento dos hospitais públicos e enfatizou os perigos iminentes da tendência do governo a abrir as áreas antes exclusivas do Estado, entre elas, a saúde, ao capital privado. Além do prejuízo causado pelo controle corporativo que o capital aplica no âmbito do trabalho, isso conduziria ao privilégio de um grupo em detrimento de outros. A vontade de se equiparar ao modelo das grandes empresas capitalistas não cabe em uma empresa estatal, finaliza Sara.


1° workshop em ecologia marinha UFRJmar

Fernanda de Carvalho e Tainá Saramago – Agência UFRJ de Notícias

"Ecossistemas Costeiros: soluções, manejo e conservação" foi o tema do primeiro Workshop em Ecologia Marinha UFRJmar. O evento ocorreu dia 21 de maio no auditório do Espaço Amazônia Azul (antigo Museu Oceanográfico da Marinha), em Arraial do Cabo/RJ.

O objetivo do evento é reunir e integrar pesquisadores para promover discussões acerca do estado atual e os modos de preservação das diferentes comunidades marinhas, além de expor métodos viáveis e abrangentes para o monitoramento ambiental.

Os especialistas presentes expuseram e abriram para debate as seguintes questões: “Alça Microbiana como ferramenta de avaliação ambiental em ambientes aquáticos”; “Lagoas costeiras: importância ecológica e social”; “Influências das atividades antrópicas na ecologia trófica de sistemas pelágicos”; “A diagnose, o estado de conservação e os tensores dos costões rochosos da região de Cabo Frio” (que engloba não apenas Cabo Frio, mas também Arraial do Cabo e Búzios); “Ecologia do bentos de substrato consolidado: aplicação do conhecimento gerado pela pesquisa básica”; “Análise de dados para o estudo integrado dos ecossistemas” e “Poliquetas no monitoramento ambiental: uma análise crítica”.

Também foram colocadas em pauta possíveis soluções para os impactos ambientais, levando em consideração a conservação da biodiversidade dos ambientes marinhos. Os pesquisadores fizeram questão de ressaltar a importância de promover a integração entre a Universidade e as comunidades locais (como as de pescadores das lagoas do Norte Fluminense, por exemplo), aliando ciência e responsabilidade social.

- É uma luta para trazer para interior do nosso Estado o conhecimento científico produzido na Universidade, e através dele alavancar o desenvolvimento das cidades do interior -, afirma o professor Francisco Esteves, coordenador do Núcleo de Pesquisas Ecológicas de Macaé (NUPEM/UFRJ).

O professor também destacou a importância da preservação dos ecossistemas, citando como exemplo o combate às principais fontes de degradação ambiental - como despejo de esgoto, assoreamento, aterro, ocupação desordenada das margens, abertura artificial da barra - da Lagoa Imboassica, em Macaé.

A necessidade de tornar os resultados das pesquisas acessíveis para a população, através da Educação Ambiental, é um ponto fundamental, como ressaltou Esteves: “É muito fácil discutir meio ambiente no meio acadêmico. Mas é preciso pensar na população e na responsabilidade social para com ela, promovendo uma conscientização quanto a necessidade de preservação dos ecossistemas”.

Segundo o professor Ricardo Coutinho, do Departamento de Oceanografia do Instituto de Estudos do Mar Almirante Paulo Moreira (IEAPM), o turismo e a pesca são atividades que contribuem para o desequilíbrio dos ecossistemas marinhos. O mergulho, muito praticado por turistas na Região dos Lagos, parece inofensivo, no entanto, pode causar graves danos a esses ecossistemas.

O workshop se estenderá até hoje, dia 22, no mesmo local. Os temas abordados serão “Plâncton em Sistemas Costeiros e Estuarinos e sua importância na Avaliação Ambiental Estratégica”; “Estado da Arte e Perspectivas da Maricultura do Estado do Rio de Janeiro”; “Medidas e Ações para o Desenvolvimento do Setor Pesqueiro Regional”; “Diagnóstico participativo da Cadeia Produtiva da Pesca em Macaé” e “Universidade e Integração sócio-ambiental: o papel do Núcleo Multidisciplinar UFRJmar”.