Microscópio
25.05.2006
"Qual a importância do novo anatômico para o estudo da Medicina?"
Por Mariana Elia


O Instituto de Ciências Biomédicas inaugura no dia 5 de julho o novo Anatômico José Maurício Nunes Garcia Júnior, que será, segundo o professor José Garcia Abreu, chefe do Departamento de Anatomia da UFRJ, o espaço mais bem equipado a receber com dignidade e competência técnica os cadáveres humanos, indispensáveis para as aulas práticas e essenciais para a formação do médico e dos demais profissionais de saúde.

Com funcionamento precário desde sua transferência para o sub-solo do prédio do Centro de Ciências da Saúde, o Departamento de Anatomia iniciou a reforma do Anatômico nos anos 90, finalizando apenas este ano. “Passou-se por uma fundamental obra de reestruturação promovida por recursos financeiros gerenciados pela Pró-reitoria de Planejamento. Além do aumento significativo do número de cadáveres, as novas instalações permitirão o seu melhor aproveitamento, pois adequam-se às necessidades crescentes da área de saúde”, explica o professor, que acredita ainda que a reestruturação transformará o Anatômico em uma referência nacional.

Na inauguração, será discutida a Plastinação, técnica na qual a UFRJ é pioneira no Brasil e na América Latina. Através desta, pode-se tratar a peça cadavérica resguardando sua qualidade. Hoje o Departamento dispõe de mais de 400 peças plastinadas, “número ainda insuficiente para a demanda de ensino da área médica”. Com a nova estrutura, as modernas instalações e o acesso a maior número de cadáveres, a unidade de plastinação poderá ser utilizada para a obtenção de peças anatômicas de rara qualidade didática, mantendo a UFRJ na vanguarda do ensino de Anatomia.

O professor diz que será possível também a realização de cursos de cunho prático, conhecidos pela designação “Hands-On”. A tendência mundial desses cursos em educação médica continuada é resultado da rápida evolução da tecnologia de informação e de sofisticada instrumentação clínica, com a necessidade de atualização médica de forma jamais vista anteriormente. A estrutura didático-científica de cursos “Hands-On” em laboratórios anatômicos pode seguir vários padrões, desde modelos de treinamento em animais a modelos com estruturas artificiais e mesmo em cadáveres.

O modelo de treinamento em laboratório anatômico, no que se refere a estruturas crânio-espinhais, “ainda é o que de melhor se dispõe para conseguir a integração tátil-cognitiva ideal”. Neste sentido, as condições das modernas instalações permitem oferecer cursos de formação continuada para médicos, em parceria com hospitais públicos, em diferentes segmentos da cirurgia.
O professor José Garcia Abreu resume: “o novo Anatômico possibilitará aos alunos de Medicina conhecer a fundo a anatomia humana, essencial para a formação médica, e vivenciar as técnicas cirúrgicas”.

História

O Departamento de Anatomia da UFRJ é o herdeiro da Escola de Anatomia e Cirurgia, implantada no Brasil com a chegada da família real no início do século XIX. Naquela época, as atividades experimentais desenvolvidas pelos alunos de Medicina eram realizadas em laboratórios especiais que se tornaram conhecidos pela designação geral de Anatômicos.

O Anatômico da UFRJ era administrado antes da reforma universitária de 1968 pela Faculdade de Medicina, e foi transferido para a responsabilidade do Departamento de Anatomia do ICB quando ocorreu a mudança para o Fundão. Nessa época funcionava nas salas do andar térreo do Bloco B do CCS. Nos anos seguintes, considerou-se mais recomendável mudar o Anatômico para um setor do prédio mais protegido e discreto, tendo em vista o uso de cadáveres humanos, e o Anatômico se mudou para o sub-solo do Bloco F. Desde meados dos anos 90, sofreu profunda reestruturação, tendo o fim das obras no primeiro semestre de 2006.

 

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