Saúde e Prevenção |
04.05.2006
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Só
no final de semana
Por Taísa Gamboa De acordo com o professor do Departamento de Biociências da Atividade Física da Escola de Educação Física da UFRJ, Renato Alvarenga, “ao contrário do que muitos pensam, essa prática de exercício esporádica e sem nenhum controle fisiológico, concentrada em apenas dois dias não é de todo ruim. Pesquisadores têm mostrado que mesmo treinando duas vezes seguidas num final de semana ocorre aumento no consumo máximo de oxigênio, no nível de aptidão física, e também redução da freqüência cardíaca em até 11 batimentos para uma determinada intensidade de esforço.” Entretanto, o indivíduo não é apenas uma célula consumidora de oxigênio. A prática irregular de atividade leva a tendinites, fascites e rupturas de tendões, pois nosso aparelho locomotor passivo, ossos e articulações, é braditrópico, ou seja, lento a adaptações e com necessidade de estímulos regulares. O professor afirma também que, nas últimas décadas, esse tipo de atividade física vem aumentando em países emergentes como o Brasil. Aqui, cada vez mais as pessoas têm destinado tempo à comunicação digital. Elas passam horas na frente do computador e têm menos tempo para atividades recreativas regulares e hábitos de exercício. Além disso, as perdas salariais forçaram muitos trabalhadores a compensar a redução financeira com o aumento da carga informal de trabalho. Sobra então, menos tempo para os exercícios regulares e as pessoas tentam compensar com atividades esportivas de fim de semana. É por isso que o perfil desses atletas é de um trabalhador com idade entre 30 e 45 anos, altamente produtivo, e que ainda tem níveis razoáveis de força e resistência. A faixa etária anterior ainda consegue freqüentar a academia, em sua maioria. E a partir dos 45 anos, o vigor para o esporte sofre reduções gradativas. Outro fato importante destacado por Renato Alvarenga é que, apesar de cientistas como Hagberg terem mostrado que homens e mulheres hipertensas, em idades entre 60 e 69 anos, experimentem uma redução na pressão arterial depois de apenas uma prática de exercício, a permanência deste efeito só é conquistado em prática regular. Esta redução torna-se sustentável apenas pelo período entre 180 e 720 minutos após o treino. - Tem sido mostrado que atletas
de final de semana com algum fator de risco cardiovascular associado,
como hipertensão e níveis elevados de colesterol, ou se
é fumante têm o risco cardiovascular ampliado em relação
até a sedentários – completa o professor. O treinamento regular leva a um aumento do sistema antioxidante, porém a atividade irregular promove a um perigoso estresse oxidativo. Por isso, alguns pesquisadores estudam o uso de vitaminas e minerais antioxidantes, quando existe a prática esporádica de atividade intensa, que poderia, neste caso, ser mais prejudicial do que simplesmente ineficaz a saúde. Renato Alvarenga tem estudado o metabolismo celular, as variações iônicas e de fluido musculares usando uma técnica não-invasiva desenvolvida na COPPE/UFRJ. “O objetivo é prescrever a carga adequada de exercícios, analisando sobrecargas tensionais em práticas regulares e esporádicas de atividade”, completou. O professor da Escola de Educação Física lembra ainda que a prática de atividade realizada por indivíduos com inadequada flexibilidade, força e coordenação aumenta a incidência de dor e lesões musculares agudas. Enfim, somente exercício físico regular e científico é benéfico sob todos os pontos de vista para a saúde.
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