Saúde e Prevenção
27.04.2006
Constipação e fibras
Por Mariana Elia

 
A terceira idade, para muitos, é significado de problemas de saúde. Reumatismos, artrites, hipertensão, dificuldade cognitiva, constipação são apenas alguns exemplos que amedrontam os idosos. A alimentação tem uma função ambígua, já que pode causar problemas como aumento do colesterol, complicações no diabetes, como também auxilia na reposição de minerais, vitaminas e no melhor funcionamento do organismo.

A constipação intestinal é um dos males comuns da terceira idade, principalmente em mulheres. O ritmo do intestino nesses casos fica mais lento e as fezes, mais secas, dificultando a evacuação. A falta de ingestão de fibras é a causa mais apontada, mas existem outras questões associadas a prisão de ventre.

No caso dos idosos, a flacidez natural das paredes do cólon e a diminuição da velocidade a respostas no organismo são fatores diretamente relacionados. A professora Maria Cristina de Freitas, do departamento de Nutrição básica e experimental da Faculdade de Nutrição da UFRJ, diz, no entanto, que “o maior problema é o isolamento. Sozinho, o idoso começa a eliminar refeições, prejudicando a ingestão de nutrientes”. Para ela, estimular a fazer as refeições é fundamental, pois em uma alimentação balanceada todas as necessidades corpóreas são supridas.

A professora desenvolve hoje em dia um trabalho de pesquisa sobre o melhor aproveitamento dos alimentos, em especial a melancia, couve, espinafre, brocólis e abóbora. A associação de aproveitamento com a necessidade de maior ingestão de vitaminas e minerais é o principal interesse da pesquisa, que investiga formas de utilização da entrecasca da melancia, dos talos de vegetais e sementes de abóbora na alimentação. Como são ricos em fibras insolúveis, a farinha produzida desses supostos restos de vegetais auxilia no trabalho intestinal, além de servir de adicional à alimentação tradicional. E os resultados foram acima de 70% de aceitação, tanto em animais quanto em pessoas.

O primeiro passo do trabalho foi investigar quais partes de vegetais poderiam ser reaproveitadas. Em seguida, avaliou-se biologicamente a farinha produzida e, enfim, foram feitos bolos e biscoitos. A professora diz que esses alimentos podem ser preparados em casa através da semente da abóbora. “Basta secar a semente, seja no sol ou mesmo em um pote ao longo dos dias, colocar ao forno até dourar e depois triturar no liqüidificador”. Estará pronta a farinha dos cookies. Já no caso dos outros vegetais, a secagem deve ser feita artificialmente em laboratório. Maria Cristina lembra, contudo, que a ingestão não é recomendável para crianças, já que a quantidade de fibras “arrasta” sais minerais importantes no desenvolvimento infantil e achata as células de absorção do intestino ainda imaturo.

As fibras insolúveis, estas que são trabalhadas na pesquisa, são um grupo que passam pelo intestino grosso acelerando os movimentos peristálticos, já que aumentam o bolo fecal. A professora explica que o intestino grosso funciona de acordo com a quantidade de massa. Se maior o bolo fecal, mais incentivado o intestino fica para expulsá-lo do organismo. Dessa maneira, a alimentação rica em fibras e água favorece o sistema digestório.

Para os idosos, o mais importante é uma refeição que contenha todos os grupos de alimentos, carboidratos, proteínas e principalmente lipídios e minerais. Um pouco de tudo, já que o metabolismo trabalha em ritmo mais lento. Evitar alimentos gordurosos e açúcares e priorizar fibras e ingestão hídrica em vários momentos ao dia. De seis a oito copos de água são recomendáveis, pois idosos tendem a desidratar com mais facilidade.

 

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