Microscópio |
20.04.2006
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Coisas do coração Apesar da permanência dos fatores de risco, a mortalidade por doenças cardíacas vem sendo reduzida progressivamente Por Taísa Gamboa De acordo com o professor Nelson Souza e Silva, chefe do setor de cardiologia do Hospital Universitário (HUCFF) da UFRJ, a questão a ser levantada não gira muito em torno do diagnóstico e sim sobre o possível efeito danoso que as cardiopatias exercem sobre a mulher. A pílula e a reposição hormonal são fatores determinantes nessa situação. O estrogênio presente na pílula e utilizado na reposição aumenta os fenômenos trombóticos. Antes da menopausa a mulher tem menor chance que o homem de desenvolver problemas cardíacos, em função da própria idade. Porém, ao alcançar esta fase seus patamares se igualam aos dos homens, o que levava todos os pesquisadores a crer que a reposição hormonal afetaria positivamente este processo, reduzindo as chances de doenças cardíacas. Verificou-se através de estudo posterior, que o estrogênio, na verdade, favorece a ocorrência dos problemas do coração. Segundo o chefe da cardiologia do HU, a ocorrência ou não das doenças coronarianas está relacionada a várias razões. “Ao contrário do que muitos pensam, o controle dos fatores de risco não está necessariamente ligada à redução da mortalidade relativa às doenças do coração. As novas tecnologias, introduzidas a pouco tempo, também não foram responsáveis diretas pela queda da mortalidade. Além disso, apenas algumas pessoas têm acesso a essas tecnologias”, comentou o professor Nelson Silva. De acordo com estudos recentes, a relação direta entre os fatores de risco e a morte por doenças coronarianas realmente existe, mas não é o seu controle que justifica a redução da mortalidade. De acordo com o professor, devemos tentar controlar esses fatores de risco, mas isso não causará um grande impacto na mortalidade, porque não há como tratar todos os doentes. - O ideal é que não tivéssemos hipertensos, nem diabéticos. E, ao contrário do que muitos pesquisadores pensam, isso é perfeitamente alcançável, a exemplo dos índios Ianomâmis. Entre eles não há nenhum hipertenso, nenhum diabético, nem obeso. Eles não tomam medicamentos de controle e nem tem acesso à tecnologia. O segredo de tanta vitalidade talvez esteja no modo de vida, pois eles vivem de forma totalmente diferente de nós – completou o professor Nelson Silva. A partir desta análise
podemos estabelecer um paralelo que nos leva a perceber que a alteração
drástica no modo de vida pelo qual a população
mundial passou, no início do século, culminou com o progressivo
decréscimo das mortes por doenças cardíacas. O
Brasil passou por um processo de desenvolvimento econômico, no
período compreendido entre 1930 e 1980, que alcançou o
patamar de 10%. Este fator pode explicar perfeitamente a queda de mortalidade
que ocorreu algumas décadas depois.
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