Ciência e Vida
30.03.2006

Novos amigos: o Viagra e os jovens
Por Taísa Gamboa

Pressões sociais, estresse, necessidade de auto-afirmação, preconceito, ignorância e vaidade. Esses são os principais fatores que levam um jovem saudável a usar medicamentos como o Viagra, para a aumentar a potência. Segundo o International Journal of Impotence Research, a utilização do produto por jovens tem alcançado um crescimento extraordinário nos últimos anos.

Avanço no tratamento das disfunções eréteis, os inibidores da 5 fosfodiesterase (5PDE), cuja variável mais conhecida é o Viagra, têm indicações definidas, e, quando utilizados corretamente, apresentam resultados positivos. Porém, a facilidade de aquisição tem favorecido o uso indiscriminado desses inibidores, causando sério risco a saúde de seus usuários.

Muitas pessoas, especialmente aquelas que têm uma expectativa fora da realidade em relação à atividade sexual, utilizam os inibidores da 5PDE como um artifício para atingir e/ou manter uma atividade sexual extraordinária, satisfazendo a sua necessidade de auto-afirmação. Se o meio que jovens freqüentam exerce uma pressão social ou psicológica no sentido de questionar sobre a sua virilidade, a solução mais fácil será a utilização de drogas potencializadoras, como o Viagra. Entretanto, o uso indevido deste medicamento pode ter efeitos graves.

Entre os jovens é comum a utilização desses inibidores em conjunto com outras drogas, lícitas (álcool) ou ilícitas (maconha e ecstasy). De acordo com o urologista do Hospital Universitário (HUCFF) da UFRJ, professor René Murilo, este fato muitas vezes é resultado da diminuição do potencial de atividade sexual que estas drogas causam. Ou seja, para compensar o efeito depressor das drogas, algumas pessoas lançam mão dos inibidores da 5 PDE.

Segundo o professor René, de acordo com as informações farmacológicas desses produtos, sua utilização deve ser corrigida apenas por pessoas com alteração da função hepática ou renal. O Urologista afirma ainda que esse tipo de inibidor não deve ser utilizado em conjunto com nitratos ou em pessoas com insuficiência coronariana, arritmias cardíacas, hipertensão arterial sem tratamento ou degeneração da retina. É bom lembrar que muitos dos jovens usuários nem sabem que têm esses distúrbios. Em alguns casos, o consumo excessivo pode levar a uma parada cardíaca, às vezes irreversível, levando à morte.

Os efeitos colaterais são os mesmos em qualquer idade, variando conforme a coexistência de outras doenças (como as citadas anteriormente) e a suscetibilidade de cada indivíduo. O médico da UFRJ ainda corrobora a tese de que, a utilização dos inibidores da 5PDE não causa dependência ou tolerância, portanto, não deve afetar o desempenho sexual futuro dos jovens que os utilizam. Para René, a diminuição do uso indiscriminado desse medicamento pode ser atingida através da difusão de informações sobre sexualidade.


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