Por uma boa causa
27.10.2005

Câncer de mama: Campanhas pra que te quero
por Wang Pei Yi

O crescimento das estatísticas de mortalidade feminina por Câncer de Mama no Brasil nas últimas décadas suscita outras questões tão importantes quanto a precariedade da rede pública de saúde e a carência de profissionais capacitados. Uma delas é a falta de campanhas de prevenção sobre a doença. Já faz 10 anos desde a última campanha de combate ao Câncer de Mama veiculada com o patrocínio do Governo. Paralelamente a diminuição do papel governamental na área de prevenção e informação, o mundo e o Brasil viram surgir campanhas contra a doença através de iniciativas privadas preocupadas com as estatísticas alarmantes.

Há exata uma década, o governo brasileiro relegou a função de alertar a sociedade sobre a doença, assim como a necessidade de prevenção entre outras iniciativas, à instituições não-governamentais.Muitas receberam posteriormente o apoio do Governo Federal, como o Instituto Nacional do Câncer(INCA).

Hospitais como o Mário Kröeff no Rio de Janeiro e o Instituto Brasileiro de Controle do Câncer(IBCC) são duas entidades dentre as inúmeras espalhadas pelo Brasil, que recebem destas campanhas, verbas arrecadadas em eventos como o Avon Running – Corrida e Caminhada contra o Câncer de Mama, cujo objetivo é conscientizar a população sobre o diagnóstico precoce, disseminar informações sobre a doença além de arrecadar fundos para pesquisas ou construção de centros de tratamentos.

Em 1994, a Fundação CFDA, braço filantrópico de Conselho de Estilistas de Moda da América (CFDA) dos Estados Unidos lançou a campanha O Câncer de Mama no Alvo da Moda, em resposta à estatística abaladora que uma em nove mulheres desenvolverão câncer de mama durante sua vida. Uma iniciativa que juntou estilistas, varejistas, e consumidores em um esforço para conscientizar a sociedade sobre o problema do câncer de mama e arrecadar fundos para pesquisa, baseada em um conceito simples, porém poderoso – a venda de uma edição limitada de camisetas apresentando o logo de um alvo desenhado por Ralph Lauren.

A omissão do governo justifica o sucesso da Campanha que chegou ao Brasil em 1995 e comemora o aniversário de 10 anos em Outubro lançando no mercado, o PGD - Ponto Gerador de Doações, centros de venda de peças exclusivas licenciadas da campanha. A iniciativa é fruto de uma parceria do IBCC - Instituto Brasileiro de Controle do Câncer, responsável pela Campanha no Brasil, com a empresa MN Retail. Todo produto autêntico do alvo gera uma doação para o IBCC, isto é, a venda dos produtos converte/reverte diretamente numa arrecadação para o Instituto.

O Avon Running - Corrida e Caminhada contra Câncer de Mama, promovido pela empresa de cosméticos, que acontece todos os anos nas principais capitais brasileiras com a adesão de diversos artistas, beneficia entidades locais voltadas a essa questão e é uma das iniciativas da empresa em prol da erradicação da mortalidade feminina por câncer de mama - causa abraçada mundialmente pela companhia. O evento visa disseminar informações sobre a importância da detecção precoce da doença, exames clínicos periódicos, auto-exame e tratamento adequado do câncer de mama. Além de ressaltar o benefício das atividades físicas.

Para fortalecer ainda mais a ação no combate a esse tipo de câncer de mama, a Avon lançou mundialmente a campanha Kiss Goodbye to Breast Cancer, que aqui no Brasil recebeu o nome de Um Beijo Pela Vida, cuja estratégia de ação é dar suporte financeiro e logístico a projetos que levem a mulher a ter mais informação sobre a doença, maior acesso a exames para detecção e tratamento, e a contar com profissionais capacitados para todo procedimento médico necessário.

Essas ações privadas preocupam-se com um outro aspecto fundamental esquecido há muito pelo governo federal: a necessidade de pesquisas sobre o tema. O dinheiro arrecadado por estes eventos são também destinados a pesquisas e projetos de estudos sobre o câncer. Dentre um dos financiamentos de estudo patrocinado por empresas está o Núcleo de Pesquisa em Câncer (NPC) da UFRJ, que recebe verbas principalmente de universidades internacionais, a Fundação Universitária José Bonifácio(FUSB) e laboratórios.

Coordenado pelo professor de Oncologia Eduardo Cortes, o NPC é o único centro de pesquisa do Brasil envolvido em um estudo internacional que conta com a participação de países como EUA, Japão e Canadá. O centro tem autorização para pesquisar o Oncogen HER2/neu,um tipo de câncer de mama mais agressivo e pouco conhecido, que requer um tratamento específico. E mais, o CPQ ainda tem a permissão de pesquisar medicamentos que possam inibir a ação do Oncogen, bem como testar os que estiverem em desenvolvimento.

“As campanhas de combate ao Câncer de mama são muito importantes, independente de sua origem. Todas elas têm o seu valor, pois tem como alvo informar e conscientizar a população. Mas não se pode esquecer que é por meio de pesquisas que pode-se chegar a resultados que no futuro vão permitir uma melhora nos tratamentos contra a doença”, disse o professor Eduardo Cortes.

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