Câncer de mama: a importância do exame
por Wang Pei Yi
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Nas últimas
duas décadas, a taxa bruta de mortalidade por câncer de mama
apresentou uma elevação de 68% no Brasil. Em 1999, foram
registrados 8.104 mortes decorrentes deste tipo de câncer. Dos 337.535
novos casos de câncer com previsão de serem diagnosticados
em 2002, o câncer de mama será o principal a atingir a população
feminina, sendo responsável por 36.090 novos casos. É a
maior causa de óbitos por câncer na população
feminina, principalmente na faixa etária entre 40 e 69 anos. Aproximadamente
80% dos tumores são descobertos pela própria mulher ao realizar
o auto-exame. Porém, um dos fatores que dificultam o tratamento
é o estágio avançado em que a doença é
descoberta. Cerca de 50% dos casos são diagnosticados em estágios
avançados, aumenta a importância do auto-exame, gerando tratamentos
muitas vezes mutilantes.
Esses números fazem do câncer de mama um problema de saúde
significativo, temido pelas mulheres devido à sua alta freqüência
e, sobretudo pelos seus efeitos psicológicos, que afetam a percepção
de sexualidade e a própria imagem pessoal. Ele é relativamente
raro antes dos 35 anos de idade, mas acima desta faixa etária sua
incidência cresce rápida e progressivamente.
As estatísticas indicam o aumento de sua freqüência
tantos nos países desenvolvidos quanto nos países em desenvolvimento.
Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), nas
décadas de 60 e 70 registrou-se um aumento de dez vezes em suas
taxas de incidência nos registros de câncer de base populacional
de diversos continentes. Nos Estados Unidos, a Sociedade Americana de
Cancerologia indica que uma em cada oito mulheres tem a probabilidade
de desenvolver um câncer de mama durante a sua vida. No Brasil,
a carência de estudos científicos da doença permite
apenas estimativas de que uma a cada 12 mulheres, na região Sudeste,
possam desenvolver o tumor.
As causas são ainda desconhecidas, mas sabe-se que o histórico
familiar constitui o fator de risco mais importante, especialmente se
o câncer ocorreu na mãe ou em irmã, se foi bilateral
e se desenvolveu antes da menopausa. A menopausa tardia (além dos
50 anos, em média) está associada a uma maior incidência,
assim como a gravidez após os 30 anos de idade. No entanto, ainda
não está comprovado se a mulher que retarda intencionalmente
a gravidez tem maior risco de que aquelas que engravidam mais cedo. O
uso de contraceptivos orais continua sendo alvo de muita controvérsia
no que diz respeito à sua associação com o câncer
de mama. Aparentemente, certos subgrupos de mulheres, com destaque para
as que usaram pílulas com dosagens elevadas de estrogênios
ou por longo período de tempo, têm maior risco.
Idealmente, todas as mulheres deveriam realizar uma mamografia (exame
capaz de detectar lesões não palpáveis) anual, a
partir dos 40 anos de idade e, mais precocemente, em caso da existência
de um caso de câncer de mama em mãe ou irmã (antecedente
familiar de primeiro grau). Entretanto, a carência de infra-estrutura
e mão-de-obra qualificada para a realização das mamografias
no Brasil, transforma o auto-exame na melhor forma de prevenir o câncer
no país.
Segundo o professor de Oncologia e coordenador do Núcleo de Pesquisa
de Câncer da UFRJ, Eduardo Cortes, o auto-exame é importante,
pois serve para conscientizar a mulher da necessidade de estar sempre
atenta ao seu corpo. E embora este método de prevenção
não seja tão impactante quanto a mamografia, ainda assim
o Professor ressalta que o auto-exame deve ser realizado periodicamente.
O exame, mamografia (estudo radiológico da mama), vem apresentando
progressos, com detecção cada vez maior de lesões
subclínicas (que não se manifestam). Tal fato tem grande
importância para a prevenção do carcinoma de mama.
A mamografia é um método de inquestionável importância
no diagnóstico precoce e na detecção deste tipo de
doença.
O achado precoce de um tumor aumenta as chances de sucesso do tratamento.
Os esforços para procurar e detectar câncer de mama precocemente
são baseados no auto-exame, no exame médico e nas técnicas
de imagem da mama (Ultra-som de Mama e Ressonância Nuclear Magnética
de Mama). Dentre as técnicas citadas, a mamografia merece especial
consideração, por ser um exame bem estudado e padronizado
e que, comprovadamente, se realizado anualmente, diminui a taxa de mortalidade
por câncer de mama em cerca de 25 %.
Auto-exame
O auto-exame da mama deve ser realizado mensalmente por todas as
mulheres a partir de 21 anos de idade, sete dias depois do início
da menstruação, quando as mamas se apresentam mais
flácidas e indolores. Após a menopausa, deve-se definir
um dia do mês e realizar o exame sempre com intervalo de 30
dias.
Através dele, a mulher pode verificar a presença de
câncer nos seios ou outras doenças da mama como alterações
funcionais benignas. Quando fizer o auto-exame na mama, deve procurar
por protuberâncias, ondulações, checar a espessura
dos seios e liberação de líquidos pelo mamilo.
Como fazer o auto exame?
O auto-exame consiste em cinco passos:
Primeiro passo: Examine seus seios no chuveiro ou na banheira
pois as mãos escorregam mais facilmente quando a pele está
molhada. Com seus dedos esticados, mova-os em toda a área
de cada seio, procurando por protuberâncias, caroços
duros e verifique a espessura.
Segundo
passo: Fique de pé em frente ao espelho e olhe os
seios. Olhe primeiro com os braços esticados ao lado do corpo,
depois com as mãos sobre a cabeça, depois com suas
mãos na cintura apertando bem para que seus músculos
do peito estejam flexionados. Procure por protuberâncias,
diferenças em tamanho e formato e inchaço ou ondulações
na pele. É normal os seios não serem exatamente iguais.
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Terceiro
Passo: Examine seus seios com os dedos enquanto estiver sentada
ou de pé. Devagar e metodicamente aperte o seio com a mão
oposta a ele. Com seus dedos esticados, trabalhe na direção
circular ou em espiral, começando do mamilo e movendo gradativamente
para fora.
Quarto Passo: Deite e repita o terceiro passo.
Coloque um pequeno travesseiro ou uma toalha enrolada atrás
de seu ombro esquerdo e ponha o braço esquerdo atrás
da cabeça. Isso distribui o tecido dos seios mais igualmente
no tórax. Use sua mão direita para examinar o seio
esquerdo, como no terceiro passo, e então use a mão
esquerda para examinar o seio direito. Sinta se existe algum caroço
que não existe na mesma área do outro seio.
Quinto
passo: Aperte
o mamilo de cada seio gentilmente entre o polegar e o dedo indicador.
Fale para seu médico imediatamente caso ocorra alguma descarga
de fluido.
Mamografia
A mamografia, também chamada de mastografia ou senografia,
é o exame radiológico dos tecidos moles das mamas
e é considerado um dos mais importantes procedimentos para
o rastreio do câncer ainda impalpável de mama. A sensibilidade
da mamografia é alta, mas é pouco eficaz em mulheres
com menos de 40 anos e mais de 70, por isso não deve ser
utilizada em programas maciços, e sim ser indicada no seguimento
das mulheres de alto risco ou com suspeitas de doenças mamárias.
O rastreamento do câncer de mama feito pela mamografia, com
periodicidade de um a três anos, reduz significativamente
a mortalidade em mulheres de 50 a 70 anos. Nas mulheres com menos
de 50 anos, existe pouca evidência deste benefício.
O Instituto Nacional de Câncer recomenda que o Exame Clínico
das Mamas - ECM seja realizado a cada três anos pelas mulheres
com menos de 35 anos, a cada dois anos pelas mulheres entre 35 e
39 anos e anualmente pelas mulheres entre 40 e 49 anos. As mulheres
na faixa etária entre 50 e 70 anos devem submeter-se ao exame
anual ou semestralmente, sendo a mamografia indicada em casos suspeitos
e de alto risco.
A mamografia ajuda a diagnosticar várias alterações
da mama freqüentemente diagnosticando o câncer de mama
numa fase inicial. Quanto mais bem localizado e menor for o tumor
na hora do diagnóstico e tratamento, maior será a
probabilidade de cura. O mamograma permite o diagnóstico
de alguns tipos de câncer de mama de um a dois anos antes
do médico ou do paciente poder senti-lo no auto-exame. Há
uma chance melhor de cura se o câncer for diagnosticado em
fase inicial. A mamografia é, ainda, o mais eficaz método
de diagnóstico para a detecção de câncer
de mama, quanto mais precoce a remoção do tumor na
fase inicial, a estratégia é mais eficiente na redução
da taxa de mortalidade das pacientes e melhor qualidade de vida.
O Exame Clínico das Mamas
O exame clínico, quando realizado por um médico ou
enfermeiro treinado, é capaz de detectar tumores superficiais
de pequeno volume (1cm). Ele deve ser realizado anualmente, e o
médico indicará a necessidade de mamografia.
Ultra-som de Mama
Este novo método de diagnóstico de Câncer de
Mama: Imagens da mama são obtidas e ajudam ao diagnóstico
do câncer de mama e de doenças benignas da mama. Imagens
da mama são obtidas mostrando alterações mínimas
provocadas pelo câncer. Mas este exame não é
um exame de rastreamento do câncer de mama e não substitui
a Mamografia e o Exame Clínico da Mama.
Ressonância Nuclear Magnética de Mama
Trata-se de um exame onde a mulher é colocada num campo magnético
intenso e os tecidos são examinados por métodos de
ressonância nuclear. Imagens da mama são obtidas mostrando
alterações mínimas provocadas pelo câncer.
Mas este exame não é um exame de rastreamento do câncer
de mama e não substitui a Mamografia e o Exame Clínico
da Mama.
Mamografia Digital
Um dos recentes avanços da mamografia é a mamografia
digital (computadorizada), cujos procedimentos são mais rápidos
que o convencional. A paciente recebe menor dose de raios X com
maior qualidade diagnóstica e com menor número de
repetições de exposições durante um
exame. Esta tecnologia permite que o resultado e as imagens sejam
enviadas via Internet para qualquer parte do mundo.
As Recomendações do Instituto Nacional de
Câncer
Idade |
AEM |
ECM |
Mamografia |
acima
de 35 suspeita |
mensal |
pelo
menos a cada 2 anos |
pelo
menos a cada 2 anos |
35
a 39 suspeita |
mensal |
pelo
menos a cada 2 anos |
só
se houver |
40
a 49 |
mensal |
Anual |
só
se houver |
50 anos ou mais |
mensal |
1
a 2 vezes por ano |
só
se houver |
AEM
= Auto Exame da Mama
ECM = Exame Clínico da Mama
Mais informações:
Instituto Nacional
do Câncer
imagens: arquivo
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