Por uma boa causa
20.10.2005

Câncer de mama: a importância do exame
por Wang Pei Yi

Nas últimas duas décadas, a taxa bruta de mortalidade por câncer de mama apresentou uma elevação de 68% no Brasil. Em 1999, foram registrados 8.104 mortes decorrentes deste tipo de câncer. Dos 337.535 novos casos de câncer com previsão de serem diagnosticados em 2002, o câncer de mama será o principal a atingir a população feminina, sendo responsável por 36.090 novos casos. É a maior causa de óbitos por câncer na população feminina, principalmente na faixa etária entre 40 e 69 anos. Aproximadamente 80% dos tumores são descobertos pela própria mulher ao realizar o auto-exame. Porém, um dos fatores que dificultam o tratamento é o estágio avançado em que a doença é descoberta. Cerca de 50% dos casos são diagnosticados em estágios avançados, aumenta a importância do auto-exame, gerando tratamentos muitas vezes mutilantes.

Esses números fazem do câncer de mama um problema de saúde significativo, temido pelas mulheres devido à sua alta freqüência e, sobretudo pelos seus efeitos psicológicos, que afetam a percepção de sexualidade e a própria imagem pessoal. Ele é relativamente raro antes dos 35 anos de idade, mas acima desta faixa etária sua incidência cresce rápida e progressivamente.

As estatísticas indicam o aumento de sua freqüência tantos nos países desenvolvidos quanto nos países em desenvolvimento. Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), nas décadas de 60 e 70 registrou-se um aumento de dez vezes em suas taxas de incidência nos registros de câncer de base populacional de diversos continentes. Nos Estados Unidos, a Sociedade Americana de Cancerologia indica que uma em cada oito mulheres tem a probabilidade de desenvolver um câncer de mama durante a sua vida. No Brasil, a carência de estudos científicos da doença permite apenas estimativas de que uma a cada 12 mulheres, na região Sudeste, possam desenvolver o tumor.

As causas são ainda desconhecidas, mas sabe-se que o histórico familiar constitui o fator de risco mais importante, especialmente se o câncer ocorreu na mãe ou em irmã, se foi bilateral e se desenvolveu antes da menopausa. A menopausa tardia (além dos 50 anos, em média) está associada a uma maior incidência, assim como a gravidez após os 30 anos de idade. No entanto, ainda não está comprovado se a mulher que retarda intencionalmente a gravidez tem maior risco de que aquelas que engravidam mais cedo. O uso de contraceptivos orais continua sendo alvo de muita controvérsia no que diz respeito à sua associação com o câncer de mama. Aparentemente, certos subgrupos de mulheres, com destaque para as que usaram pílulas com dosagens elevadas de estrogênios ou por longo período de tempo, têm maior risco.

Idealmente, todas as mulheres deveriam realizar uma mamografia (exame capaz de detectar lesões não palpáveis) anual, a partir dos 40 anos de idade e, mais precocemente, em caso da existência de um caso de câncer de mama em mãe ou irmã (antecedente familiar de primeiro grau). Entretanto, a carência de infra-estrutura e mão-de-obra qualificada para a realização das mamografias no Brasil, transforma o auto-exame na melhor forma de prevenir o câncer no país.

Segundo o professor de Oncologia e coordenador do Núcleo de Pesquisa de Câncer da UFRJ, Eduardo Cortes, o auto-exame é importante, pois serve para conscientizar a mulher da necessidade de estar sempre atenta ao seu corpo. E embora este método de prevenção não seja tão impactante quanto a mamografia, ainda assim o Professor ressalta que o auto-exame deve ser realizado periodicamente.

O exame, mamografia (estudo radiológico da mama), vem apresentando progressos, com detecção cada vez maior de lesões subclínicas (que não se manifestam). Tal fato tem grande importância para a prevenção do carcinoma de mama. A mamografia é um método de inquestionável importância no diagnóstico precoce e na detecção deste tipo de doença.

O achado precoce de um tumor aumenta as chances de sucesso do tratamento. Os esforços para procurar e detectar câncer de mama precocemente são baseados no auto-exame, no exame médico e nas técnicas de imagem da mama (Ultra-som de Mama e Ressonância Nuclear Magnética de Mama). Dentre as técnicas citadas, a mamografia merece especial consideração, por ser um exame bem estudado e padronizado e que, comprovadamente, se realizado anualmente, diminui a taxa de mortalidade por câncer de mama em cerca de 25 %.

Auto-exame
O auto-exame da mama deve ser realizado mensalmente por todas as mulheres a partir de 21 anos de idade, sete dias depois do início da menstruação, quando as mamas se apresentam mais flácidas e indolores. Após a menopausa, deve-se definir um dia do mês e realizar o exame sempre com intervalo de 30 dias.
Através dele, a mulher pode verificar a presença de câncer nos seios ou outras doenças da mama como alterações funcionais benignas. Quando fizer o auto-exame na mama, deve procurar por protuberâncias, ondulações, checar a espessura dos seios e liberação de líquidos pelo mamilo.


Como fazer o auto exame?


O auto-exame consiste em cinco passos:


Primeiro passo:
Examine seus seios no chuveiro ou na banheira pois as mãos escorregam mais facilmente quando a pele está molhada. Com seus dedos esticados, mova-os em toda a área de cada seio, procurando por protuberâncias, caroços duros e verifique a espessura.


Segundo passo: Fique de pé em frente ao espelho e olhe os seios. Olhe primeiro com os braços esticados ao lado do corpo, depois com as mãos sobre a cabeça, depois com suas mãos na cintura apertando bem para que seus músculos do peito estejam flexionados. Procure por protuberâncias, diferenças em tamanho e formato e inchaço ou ondulações na pele. É normal os seios não serem exatamente iguais.

Terceiro Passo: Examine seus seios com os dedos enquanto estiver sentada ou de pé. Devagar e metodicamente aperte o seio com a mão oposta a ele. Com seus dedos esticados, trabalhe na direção circular ou em espiral, começando do mamilo e movendo gradativamente para fora.


Quarto Passo: Deite e repita o terceiro passo. Coloque um pequeno travesseiro ou uma toalha enrolada atrás de seu ombro esquerdo e ponha o braço esquerdo atrás da cabeça. Isso distribui o tecido dos seios mais igualmente no tórax. Use sua mão direita para examinar o seio esquerdo, como no terceiro passo, e então use a mão esquerda para examinar o seio direito. Sinta se existe algum caroço que não existe na mesma área do outro seio.

Quinto passo: Aperte o mamilo de cada seio gentilmente entre o polegar e o dedo indicador. Fale para seu médico imediatamente caso ocorra alguma descarga de fluido.

Mamografia
A mamografia, também chamada de mastografia ou senografia, é o exame radiológico dos tecidos moles das mamas e é considerado um dos mais importantes procedimentos para o rastreio do câncer ainda impalpável de mama. A sensibilidade da mamografia é alta, mas é pouco eficaz em mulheres com menos de 40 anos e mais de 70, por isso não deve ser utilizada em programas maciços, e sim ser indicada no seguimento das mulheres de alto risco ou com suspeitas de doenças mamárias.

O rastreamento do câncer de mama feito pela mamografia, com periodicidade de um a três anos, reduz significativamente a mortalidade em mulheres de 50 a 70 anos. Nas mulheres com menos de 50 anos, existe pouca evidência deste benefício. O Instituto Nacional de Câncer recomenda que o Exame Clínico das Mamas - ECM seja realizado a cada três anos pelas mulheres com menos de 35 anos, a cada dois anos pelas mulheres entre 35 e 39 anos e anualmente pelas mulheres entre 40 e 49 anos. As mulheres na faixa etária entre 50 e 70 anos devem submeter-se ao exame anual ou semestralmente, sendo a mamografia indicada em casos suspeitos e de alto risco.

A mamografia ajuda a diagnosticar várias alterações da mama freqüentemente diagnosticando o câncer de mama numa fase inicial. Quanto mais bem localizado e menor for o tumor na hora do diagnóstico e tratamento, maior será a probabilidade de cura. O mamograma permite o diagnóstico de alguns tipos de câncer de mama de um a dois anos antes do médico ou do paciente poder senti-lo no auto-exame. Há uma chance melhor de cura se o câncer for diagnosticado em fase inicial. A mamografia é, ainda, o mais eficaz método de diagnóstico para a detecção de câncer de mama, quanto mais precoce a remoção do tumor na fase inicial, a estratégia é mais eficiente na redução da taxa de mortalidade das pacientes e melhor qualidade de vida.

O Exame Clínico das Mamas

O exame clínico, quando realizado por um médico ou enfermeiro treinado, é capaz de detectar tumores superficiais de pequeno volume (1cm). Ele deve ser realizado anualmente, e o médico indicará a necessidade de mamografia.

Ultra-som de Mama
Este novo método de diagnóstico de Câncer de Mama: Imagens da mama são obtidas e ajudam ao diagnóstico do câncer de mama e de doenças benignas da mama. Imagens da mama são obtidas mostrando alterações mínimas provocadas pelo câncer. Mas este exame não é um exame de rastreamento do câncer de mama e não substitui a Mamografia e o Exame Clínico da Mama.

Ressonância Nuclear Magnética de Mama
Trata-se de um exame onde a mulher é colocada num campo magnético intenso e os tecidos são examinados por métodos de ressonância nuclear. Imagens da mama são obtidas mostrando alterações mínimas provocadas pelo câncer. Mas este exame não é um exame de rastreamento do câncer de mama e não substitui a Mamografia e o Exame Clínico da Mama.

Mamografia Digital
Um dos recentes avanços da mamografia é a mamografia digital (computadorizada), cujos procedimentos são mais rápidos que o convencional. A paciente recebe menor dose de raios X com maior qualidade diagnóstica e com menor número de repetições de exposições durante um exame. Esta tecnologia permite que o resultado e as imagens sejam enviadas via Internet para qualquer parte do mundo.


As Recomendações do Instituto Nacional de Câncer

Idade
AEM
ECM
Mamografia
acima de 35 suspeita
mensal
pelo menos a cada 2 anos
pelo menos a cada 2 anos
35 a 39 suspeita
mensal
pelo menos a cada 2 anos
só se houver
40 a 49
mensal
Anual
só se houver
50 anos ou mais
mensal
1 a 2 vezes por ano
só se houver

AEM = Auto Exame da Mama
ECM = Exame Clínico da Mama

Mais informações: Instituto Nacional do Câncer

imagens: arquivo


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• 13/10/2005 - Câncer de Mama