O Brasil começa
em setembro a cultivar células-tronco embrionárias e neurais
humanas, dando um dos passos mais importantes para o desenvolvimento de
tecidos humanos em laboratório, o que pode resultar na futura cura
de muitas doenças.
O projeto está
sendo implantado na Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e, segundo
o pesquisador Stevens Rehen, do Departamento de Anatomia, responsável
pelos trabalhos, está dividido em três grandes etapas. A
primeira é o cultivo de linhagens de células-tronco do tipo
neural e as embrionárias.
- Esse cultivo
ainda não é feito no Brasil e trata-se de uma fase fundamental
para as pesquisas com células-tronco. Estamos prontos para iniciar
os trabalhos em setembro e, em três meses, esperamos obter os primeiros
resultados. Nosso objetivo a longo prazo é ter condições
de produzir linhagens dessas células indefinidamente, sem a necessidade
de importá-las - disse ele.
A segunda fase
do projeto tem como objetivo fazer com que as células-tronco embrionárias
cultivadas dêem origem a outras células do organismo. As
células-tronco embrionárias têm a capacidade de dar
origem a diferentes tipos de tecidos do corpo.
- Queremos desenvolver
uma tecnologia nacional para transformar as células-tronco em outros
tecidos. Isso fará com que o Brasil fique em situação
privilegiada neste tipo de pesquisa - explicou o pesquisador.
Terceira
etapa aguarda recursos federais
Uma terceira
etapa do projeto, segundo Stevens, aguarda a liberação de
recursos do governo federal e deverá ser feita em conjunto com
outras instituições, entre elas a Universidade de São
Paulo.
- Queremos compartilhar
essa tecnologia com outras instituições do país,
contribuindo de forma mais eficaz para o desenvolvimento das pesquisas
com células-tronco embrionárias - antecipou.
A expectativa
é de que a pesquisa permita que o país, no futuro, tenha
condições de desenvolver transplantes de tecidos feitos
a partir deste tipo de célula, o que poderia ser a cura para uma
série de doenças degenerativas.
Pesquisadores
de vários países tentam fazer o mesmo. Ontem, cientistas
da Universidade de Edimburgo, na Escócia, que já cultivam
células-tronco embrionárias, anunciaram ter criado pela
primeira vez um grupo puro de células-tronco do sistema nervoso.
A esperança é de que essas células ajudem os pesquisadores
a encontrar novos tratamentos para doenças como os males de Parkinson
e Alzheimer.
- O que eles
fizeram é resultado de recursos anteriores, como a capacidade de
cultivar as células-tronco em laboratório. Dominando esse
recurso, poderemos investir em pesquisas semelhantes, mas com tecnologias
próprias, não enfrentando o problema das patentes - disse
Stevens.
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