Ocorreu dia 12 de agosto,
na Maternidade Escola, a palestra "Unidade de Saúde parceira
do pai", com o Dr. Marcus Renato de Carvalho, médico do departamento
de pediatria da Faculdade de Medicina da UFRJ.
A palestra faz
parte da Campanha de Valorização do Cuidado Paterno, que
chega ao seu terceiro ano e possui o objetivo de divulgar a importância
da função paterna, os direitos e deveres dos pais, e mobilizar
a sociedade para a aprovação pelo Congresso Nacional da
lei que regulamenta a guarda compartilhada.
A abertura do
evento foi realizada pelo diretor da Maternidade Escola que ressaltou
a importância do tema junto à sociedade devido à enorme
crise social causada pela distância entre pais e filhos. Logo após,
Marcus Renato de Carvalho iniciou sua apresentação comentando
a mudança na relação pai e filho ocorrida nas últimas
décadas. "No século XIX, o pai era a lei, a autoridade,
mas isto mudou, as relações mudaram", disse ele, acrescentando
que segundo pesquisa a ausência paterna causa maior propensão
de gravidez, uso de drogas e suicídio entre adolescentes.
Marcus Renato
ressaltou a importância da presença do pai explicitando não
só a necessidade de espaço paterno na vida da criança,
como também a necessidade da existência desse espaço.
"O homem pode sofrer de depressão pós-parto, porque
ele pode se sentir diminuído por não ter uma função
fundamental na vida da criança", disse ele. Segundo estudo
publicado no The Lancet, 36% dos pais estudados no período pós-parto
de suas parceiras apresentou sintomas como mudanças de humor e
ansiedade, que podem caracterizar depressão pós-parto.
O médico
ainda interagiu com a platéia fazendo perguntas sobre o comportamento
dos pais brasileiros. "Só teremos esse novo pai, se houver
uma nova mãe que autorize isso. Muitas mães ainda possuem
uma visão machista", disse ele. A presença do pai no
parto e durante a amamentação são pontos importantes
destacados por Marcus Renato, que acredita na necessidade de mudança
de mentalidade das mães, pais e profissionais de saúde.
"Há maternidades que cobram taxa para o pai entrar na sala
de cirurgia na hora do parto, o que é um absurdo. É necessário
facilitar a presença do pai nas salas de cirurgia, nas enfermarias
de pediatria, nas escolas".
Marcus Renato
apresentou os dez passos para capacitar a Unidade de Saúde e reafirmando
a necessidade da participação do pai na vida dos filhos.
"A participação dos pais traz uma sociedade menos violenta,
mais solidária e mais fraterna", concluiu o médico.
Após a palestra houve um debate sobre a importância da participação
paterna e as mudanças implementadas na Maternidade Escola. Participaram
da mesa Luciana Ferreira Monteiro, psicóloga, Vânia de Oliveira
Trinta, chefe do banco de leite da Maternidade Escola, a professora Sono
Taira Oleira, da Escola de Enfermagem da UFRJ, e Hayde de Almeida, assistente
social.
|
|