Antônio
José Barbosa de Oliveira poderia ser um funcionário comum
da UFRJ, mas à sua função de técnico administrativo
e coordenador de extensão da decania do Centro de Ciências
da Saúde (CCS) se somou uma paixão, ou como ele próprio
denomina, "um vício": a história da universidade,
mais precisamente, da Cidade Universitária.
Com
bacharelado, especialização e mestrado em História,
Antônio José teve como objeto de pesquisa de sua pós-graduação
a discussão sobre a construção da cidade universitária
da Ilha do Fundão. "Foi quando comecei a trabalhar com recortes
de jornais do período de 1935 a 1950. A data inicial, 1935, foi
o ano de instalação da primeira comissão de professores
para definir o local onde seria construída a cidade universitária
e 1950, foi quando começaram as obras de construção".
Com apoio do Escritório Técnico da Universidade (ETU) e
de sua equipe, formada por Alexandre Bortolini e Marilene Mendonça,
o historiador tem o projeto de recuperação e construção
de uma história da UFRJ através de material jornalístico
e fotográfico. "O material de pesquisa foi durante muitos
anos esquecido pela Universidade e guardado pelo ETU. Os negativos das
fotos estavam em péssimo estado de conservação e
precisaram de um trabalho de desoxidação, o que foi pago
com os meus próprios recursos. Por isso, pude recuperar apenas
80 negativos, mas a intenção é ampliar essa quantidade.
Além das fotos, estamos digitando matérias de jornais para
haver uma formatação e edição. O projeto é
lançar um livro que conte a história de formação
do campus da Ilha do Fundão", explica Antônio.
Seu trabalho gerou, há três anos, a exposição
histórica de fotos, textos e jornais: "Das ilhas à
cidade - A universidade visível", ocorrida no prédio
da reitoria da UFRJ e no Centro de Ciências da Saúde (CCS).
Em função disso, o historiador concedeu entrevistas sobre
a Cidade Universitária em veículos de grande circulação
do Rio. Mas o empenho de Antônio não pára por aí.
"Ainda temos projeto de um vídeo, que será produzido
pela Assessoria de Comunicação da UFRJ. A proposta é
ter uma base para entender a Universidade hoje, seus pontos positivos
e negativos e seus aspectos contraditórios. O vídeo mostrará
o processo de formação e construção da Cidade
Universitária, apresentando e tocando em aspectos presentes da
Instituição. Este projeto é uma confluência
de interesses: O de apresentar a UFRJ e o de contar um pouco a sua história",
disse Antônio.
Segundo ele, o vídeo poderia subsidiar as discussões para
o plano diretor da Cidade Universitária. "Tendo o campus do
Fundão, vários espaços vazios, de que forma a Universidade
vai ocupar esses espaços? Qual será a nova política
de distribuição espacial das unidades que compõe
a UFRJ? Nesse período que trabalhamos aqui, a proposta é
de um campus único. Por isso que a Ilha do Fundão é
grande como é. Porém, no decorrer da história, as
unidades foram permanecendo onde estavam não houve uma integração,
uma unificação e o que temos hoje como realidade é
a proposta de um campus descontínuo mesmo: parte no Fundão,
parte na Praia Vermelha e várias unidades isoladas distribuídas
pela cidade. Essa descontinuidade gera determinadas situações
na instituição: maior possilibilidade de isolamento, maior
dificuldade de integração e de estabelecimento de ações
conjuntas. E o vídeo viria para colaborar na discussão,
junto à comunidade acadêmica, das propostas desse novo plano
diretor", defende Antônio.
Há 11 anos na UFRJ, Antônio José de Oliveira faz um
trabalho importante para a manutenção da história
da Universidade, esquecida pela comunidade acadêmica que, muitas
vezes, enxerga os problemas do presente sem olhar o passado e compreender
como eles surgiram. "O que nós procuramos é colocar
a UFRJ como objeto de estudo. As universidades pouco se conhecem, pouco
se colocam como questionadoras de si próprias através de
trabalhos sistematizados, de pesquisa. No entanto, isso só é
possível se despertarmos interesse nos alunos".
Essa paixão pela história da Universidade e todo esse trabalho
é justificado por apenas uma palavra: vício. "Vai além
da pura formação de história. Eu entrei para a Universidade
em 1994, como técnico administrativo. Toda a minha formação
veio a partir do meu trabalho na UFRJ. Há 11 anos eu respiro a
Universidade de formas diferentes: como aluno de graduação,
como servidor administrativo, como pesquisador e como coordenador de extensão,
que abriu um leque de oportunidades e ações diferentes que
vão estimulando muito a continuidade desses projetos. Tudo isso
constituiu um constante desafio para mim. Por isso, é vício
mesmo, prazer, tudo junto", concluiu Antônio José.
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