Beber durante a gravidez não faz bem para a criança. Disso
todo mundo sabe, mas muitas mães ignoram esse fator e continuam
consumindo álcool durante a gestação. Em conseqüência,
os filhos herdam dessa irresponsabilidade a Síndrome Alcoólica
Fetal (SAF), que pode causar do abortamento a problemas mentais nas crianças.
Elas apresentam dificuldades no aprendizado, deficiência na atenção
e distúrbios comportamentais, além de, muitas vezes, anomalias
faciais e retardo no crescimento. Pode haver também o comprometimento
do sistema nervoso central e de outros órgãos, como o coração
e os rins, explica o professor José Mauro, coordenador do Programa
de Atenção Integrada da Síndrome Alcoólica
Fetal.
Segundo ele,
a UFRJ hospeda o primeiro ambulatório da América do Sul
voltado para a pesquisa e o tratamento da SAF. O Programa acertou recentemente
uma parceria com a Prefeitura do Rio de Janeiro para uma campanha de prevenção
à síndrome, que se iniciou na semana passada, quando a Secretaria
Especial de Dependência Química realizou um seminário
para conscientização quanto aos riscos da SAF.
Para o professor José Mauro, a gravidade do problema ainda é
pouco reconhecida pela sociedade brasileira. "Qualquer uso de álcool
representa um risco sério, mesmo em pequenas quantidades, independente
dos excessos que se cometa ou não. Outros países, como os
EUA e a França, já acordaram para essa questão, que
no Brasil ainda não é muito discutida", diz ele.
Quando ingerido pela gestante, o álcool atravessa a placenta e,
através do cordão umbilical, chega ao feto. Como é
uma substância depressora do metabolismo, ele afeta a multiplicação
celular e, conseqüentemente, o desenvolvimento do cérebro
ainda em formação, explica o professor.
E continua, "os efeitos da SAF podem ser maiores ou menores dependendo
de cada caso. Pode ser até que a ela não apareça,
mesmo que a gestante consuma álcool, mas isso sempre representa
risco. Estimativas norte-americanas revelam que uma a duas crianças
por cada mil nasce com a síndrome, numa incidência bem maior
que a da Síndrome de Down, por exemplo (um a cada três mil
nascimentos). A SAF, no entanto, é cem por cento evitável.
Basta que a grávida retire totalmente o álcool de sua dieta".
O programa de Atenção Integrada da Síndrome Alcoólica
Fetal existe há dois anos e funciona no Instituto de Neurologia
Deolindo Couto (INDC), no Campus da Praia Vermelha, como parte do Centro
de Estudos de Prevenção e Reabilitação do
Alcoolismo (CEPRAL). É um projeto acadêmico que envolve ensino,
pesquisa e extensão e tem acordos com universidades da França
e dos EUA. Telefones para contato:2295-9794 / 2295-6282.
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