Fazendo jus ao nome
da unidade, estudantes e professores do Departamento de Lutas da Escola
da Educação Física e Desporto (EEFD) da UFRJ estão
brigando pela sobrevivência do setor. É que a Reforma Curricular
e Departamental, em discussão na escola desde 2002, prevê
a diminuição de seis para quatro. Com isso, um dos locais
mais ameaçados é exatamente o Departamento de Lutas. O assunto
está sendo analisado pela Comissão de Reforma Curricular
e, provavelmente, só entrará em pauta no próximo
ano.
Atualmente, os seis setores da EEFD são: Lutas, Corridas, Ginástica,
Jogos, Arte Corporal e Biociência. A idéia do presidente
da comissão, professor Valdir Mendes, é ainda mais radical
no que diz respeito ao enxugamento da unidade. Segundo ele, só
vingariam dois departamentos, um de Arte Corporal e o outro de Educação
Física e Esportes. De acordo com a sua proposta, o setor de lutas
faria parte da estrutura de Educação Física e Esportes.
"Vamos sugerir que haja uma divisão por setores e que cada
área de atividade tenha um coordenador. Assim, os projetos não
serão modificados, mas rearrumados", propõe o professor.
O representante do departamento na comissão, professor Paulo Peres,
porém, alega que será complicado trabalhar com unidades
tão grandes. E diz que pode haver a mudança nos nomes dos
departamentos, mas não concorda com a redução dos
setores de seis para quatro. "A perda da estrutura não faz
sentido e, no final, uma elite vai controlar um ´Departamento´.
Até concordamos em mudar os nomes, mas não com a diminuição
do número de departamentos", afirma.
Professor
protesta contra "pulverização" das lutas
Já Gilberto Oscaranha, professor do Departamento de Lutas, protesta
contra a proposta do presidente da comissão. "Acho que o professor
Valdir Mendes está cometendo um erro ao enxergar as lutas apenas
como esporte. Na verdade, elas também são um esporte. Mas,
além disso, existe o lado cultural e pedagógico que deve
ser valorizado. A capoeira, por exemplo, tem uma história riquíssima.
Na minha visão, quanto maior a especialidade, melhor o campo de
trabalho", argumenta ele, que pertence ao quadro de docentes da EEFD
desde 1978.
Segundo Oscaranha, se a reforma proposta realmente for implantada, quem
sairá perdendo são os próprios alunos. "Não
há necessidade de pulverizar a unidade. Isso causará um
problema muito sério. Se formos concentrar o trabalho, não
vamos descobrir aqueles que contam com habilidades específicas",
afirma.
O professor sugere que, ao contrário de fechar unidades, a reforma
deveria criar mais um setor. "Esse modelo é muito fechado.
Acho que deveríamos ter um departamento Cultural, por exemplo".
Além das mudanças departamentais, as alterações
curriculares de grade acadêmica também preocupam. Isso porque
haverá a separação entre os cursos de Bacharelado
e Licenciatura. Desde 2002, o Conselho Nacional de Educação
(CNE) já havia separado, definitivamente, a Licenciatura do Bacharelado.
Mas, a partir de agora, o licenciado só poderá atuar em
escolas e o bacharel no ensino informal, como em academias, por exemplo.
Com isso, os alunos que quiserem atuar em todas as áreas terão
que fazer os dois cursos. A reforma está prevista para entrar em
vigor já no ano letivo de 2006.
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