Saúde em Foco
04.08.2005
Reforma Curricular divide professores da Escola de Educação Física e Desportos
Folha Dirigida
02/08/05
Ensino Superior


Fazendo jus ao nome da unidade, estudantes e professores do Departamento de Lutas da Escola da Educação Física e Desporto (EEFD) da UFRJ estão brigando pela sobrevivência do setor. É que a Reforma Curricular e Departamental, em discussão na escola desde 2002, prevê a diminuição de seis para quatro. Com isso, um dos locais mais ameaçados é exatamente o Departamento de Lutas. O assunto está sendo analisado pela Comissão de Reforma Curricular e, provavelmente, só entrará em pauta no próximo ano.

Atualmente, os seis setores da EEFD são: Lutas, Corridas, Ginástica, Jogos, Arte Corporal e Biociência. A idéia do presidente da comissão, professor Valdir Mendes, é ainda mais radical no que diz respeito ao enxugamento da unidade. Segundo ele, só vingariam dois departamentos, um de Arte Corporal e o outro de Educação Física e Esportes. De acordo com a sua proposta, o setor de lutas faria parte da estrutura de Educação Física e Esportes. "Vamos sugerir que haja uma divisão por setores e que cada área de atividade tenha um coordenador. Assim, os projetos não serão modificados, mas rearrumados", propõe o professor.

O representante do departamento na comissão, professor Paulo Peres, porém, alega que será complicado trabalhar com unidades tão grandes. E diz que pode haver a mudança nos nomes dos departamentos, mas não concorda com a redução dos setores de seis para quatro. "A perda da estrutura não faz sentido e, no final, uma elite vai controlar um ´Departamento´. Até concordamos em mudar os nomes, mas não com a diminuição do número de departamentos", afirma.

Professor protesta contra "pulverização" das lutas
Já Gilberto Oscaranha, professor do Departamento de Lutas, protesta contra a proposta do presidente da comissão. "Acho que o professor Valdir Mendes está cometendo um erro ao enxergar as lutas apenas como esporte. Na verdade, elas também são um esporte. Mas, além disso, existe o lado cultural e pedagógico que deve ser valorizado. A capoeira, por exemplo, tem uma história riquíssima. Na minha visão, quanto maior a especialidade, melhor o campo de trabalho", argumenta ele, que pertence ao quadro de docentes da EEFD desde 1978.

Segundo Oscaranha, se a reforma proposta realmente for implantada, quem sairá perdendo são os próprios alunos. "Não há necessidade de pulverizar a unidade. Isso causará um problema muito sério. Se formos concentrar o trabalho, não vamos descobrir aqueles que contam com habilidades específicas", afirma.

O professor sugere que, ao contrário de fechar unidades, a reforma deveria criar mais um setor. "Esse modelo é muito fechado. Acho que deveríamos ter um departamento Cultural, por exemplo".

Além das mudanças departamentais, as alterações curriculares de grade acadêmica também preocupam. Isso porque haverá a separação entre os cursos de Bacharelado e Licenciatura. Desde 2002, o Conselho Nacional de Educação (CNE) já havia separado, definitivamente, a Licenciatura do Bacharelado. Mas, a partir de agora, o licenciado só poderá atuar em escolas e o bacharel no ensino informal, como em academias, por exemplo. Com isso, os alunos que quiserem atuar em todas as áreas terão que fazer os dois cursos. A reforma está prevista para entrar em vigor já no ano letivo de 2006.