O Hospital Universitário
da UFRJ desenvolve, desde o final da década de 50, um trabalho
voltado para pesquisa e tratamento da Tuberculose. Mas só em 1995
que foi criado o Programa Acadêmico em Tuberculose, englobando as
áreas de assistência, pesquisa e ensino.
O programa é
vinculado ao Instituto de Doenças do Tórax (IDT), que atualmente
realiza por ano 15 mil atendimentos laboratoriais; 600 internações;
300 cirurgias de tórax; e mais de 20 mil procedimentos laboratoriais
diversos, específicos para a área respiratória.
Em 1998, constituiu-se
o Programa de Controle da Tuberculose Hospitalar (PCTH) do IDT-HUCFF/UFRJ,
com uma visão interdisciplinar através da participação
direta de médicos, enfermeiros, assistentes sociais, biólogos,
técnicos de enfermagem e de laboratório, além do
apoio dos Serviços de Nutrição e de Saúde
Mental.
O PCTH foi criado
para auxiliar na redução da taxa de abandono do tratamento
anti-tuberculose, da viragem tuberculínica em profissionais de
saúde. Além disso, o programa tinha como proposta o isolamento
respiratório de todo paciente sob suspeita de tuberculose pulmonar
no momento da internação; a obtenção de resultado
da pesquisa de BAAR no escarro (baciloscopia) no mesmo dia da coleta do
espécime respiratório; implantação de métodos
rápidos para o diagnóstico de infecções por
microbactérias e de teste de sensibilidade aos antimicrobianos
anti-TB, para a detecção rápida da doença
dos casos de Tuberculose e o controle da transmissão hospitalar.
Apesar dos êxitos, a tuberculose ainda é um sério
problema de saúde pública no Brasil, com profundas raízes
sociais, estando intimamente ligada à pobreza e à má
distribuição de renda. Segundo a coordenadora do PCTH, Fernanda
Queiroz, o nosso país está entre os 22 países que
concentram 80% dos casos desta doença no mundo e é responsável,
junto com o Peru, por 50% dos casos nas Américas.
Ao longo do
tempo, e através de agências de fomento à pesquisa,
esses programas voltados à Tuberculose ganharam recursos em competições
nacionais e internacionais e estabeleceram contato com várias universidades
norte-americanas. O problema é que estes tipos de projetos de pesquisa
não prevêem verbas para a infra-estrutura, necessária
ao desenvolvimento das atividades.
Para superar
este problema, a UFRJ estabeleceu algumas parcerias que fornecem verbas
especificamente para obras de infra-estrutura. Uma delas foi realizada
com o CT-Infra, fundos setoriais do Ministério da Ciência
e Tecnologia. Os R$ 250 mil adquiridos permitiram o início das
obras, mas não foram suficientes para suprir a demanda, afirmou
o diretor do Laboratório Multidisciplinar do IDT, José Roberto
Lapa.
Assim, o presidente
do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES),
Guido Mantega, e o diretor da Área de Inclusão Social, Mauricio
Borges Lemos, firmaram com o reitor da Universidade Federal do Rio de
Janeiro (UFRJ), Aloísio Teixeira, e o presidente da Fundação
José Bonifácio (FUJB), Raimundo Oliveira, contrato de financiamento,
no valor de até R$ 1,6 milhão. A verba é composta
de recursos não reembolsáveis do Fundo Social, destinados
à realização de obras de implantação
da infra-estrutura de pesquisa, ensino e extensão do Programa Acadêmico
de Tuberculose, do Instituto de Doenças do Tórax (IDT),
instalado no Complexo Hospitalar da URFJ, na Ilha do Fundão. As
obras abrangerão 1.605 metros quadrados de área, com a construção
de cinco salas de atendimento.
O projeto visa
obter maior eficácia no combate à tuberculose - com pesquisas
de novos fármacos e novas vacinas - e aumentar o compartilhamento
de informações e de conhecimento dentro da Rede Brasileira
de Pesquisa em Tuberculose (Rede-TB), integrada por centros acadêmicos
de todo o País, dedicados ao controle da tuberculose. O objetivo
é contribuir para que se atinjam as metas internacionais de diagnóstico
e cura estabelecidas pela Organização Mundial de Saúde
(OMS) e pactuadas pelo governo brasileiro.
Com a implantação das novas salas, pretende-se dobrar a
capacidade de atendimento e superar a atual dificuldade para tratar casos
muito graves de doentes de tuberculose, uma vez que, os pesquisadores
vão poder ampliar o atendimento e contar com instalações
especiais que apresentam risco mínimo de contaminação.
Além disso, será possível manipular microbactérias
patogênicas e mutantes desenvolvidos por técnicas de engenharia
genética. Existe ainda a possibilidade da realização
de pesquisas avançadas, inclusive de novos alvos moleculares, que
permitam a produção de medicamentos, vacinas e métodos
diagnósticos que possam ser úteis no controle da tuberculose.
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(E.D) Aloísio
Teixeira, Guido Mantega, Maurício Borges e Raimundo Oliveira
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