Alternativas como a
desenvolvida pelos pesquisadores da Unesp, em Guaratinguetá, têm
um impacto que vai muito além da economia doméstica.
Um estudo britânico recém concluído afirma que o aumento
do dióxido de carbono na atmosfera, causado em grande parte pela
queima de combustíveis fósseis (carvão, gás
e petróleo) "fará com que os oceanos fiquem tão
ácidos em 2100 que poderão ameaçar a vida marinha",
afirma o documento.
Desde a época pré-industrial até hoje, isto é,
desde 1750, a acidez dos oceanos aumentou 30%. Em 2100, se a poluição
não for controlada, a acidificação marinha crescerá
300%, concluiu o relatório.
O mar, além de crucial para manter o equilíbrio climático
do Planeta, é fonte de importantes recursos. Segundo pesquisadores
da Universidade Federal do Rio de Janeiro, invertebrados marinhos como
a ascídia, a batata-do-mar e o pepino-do-mar poderão, no
futuro, ser a fonte de uma nova classe de medicamento para prevenção
de acidentes cardiovasculares.
Atualmente, esses fármacos são feitos à base de matéria-prima
obtida de bovinos, de onde se extrai a heparina, utilizada há mais
de 50 anos em todo o mundo na prevenção da trombose profunda
e também como agente de prevenção de infarto.
O problema é que, como o medicamento é derivado do boi e
da vaca, o mal da vaca louca e o risco de contaminação para
o paciente levaram cientistas a buscar outra alternativa de matéria-prima.
Depois de descobrir a presença de heparina nos invertebrados marinhos,
a equipe do pesquisador Mauro Pavão comprovou, em testes com animais
de laboratório, que esses compostos, além de terem as mesmas
ações antitrombótica e antiflamatória dos
produtos hoje comercializados, podem oferecer vantagens ainda maiores.
"A principal diferença é que eles não causam
os efeitos de sangramento que são associados à heparina
bovina", disse o bioquímico.
No pepino-do-mar e na ascídia, Pavão observou um efeito
entre cinco e dez vezes mais potente do que o observado com a heparina
comercial.
A descoberta foi feita quando, durante um mergulho, um estudante verificou
que um animal marinho tinha estrutura externa com textura muito semelhante
à cartilagem, com uma concentração de análogos
da heparina.
A próxima fase é fazer os testes toxicológicos para
ver se esses compostos não causam outros efeitos,e só depois
testar em humanos.
A nova alternativa pode significar também uma economia para o Sistema
Único de Saúde (SUS). Segundo estimativa, o SUS gasta anualmente
R$ 3,6 milhões com a compra de ampolas de heparina dos laboratórios
produtores. (Com Agência Fapesp)
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