Este ano, pela primeira
vez, haverá um concurso para assistentes em administração
para os Hospitais universitários em todo o Brasil. Das 2.042 vagas
liberadas pelo governo federal, 120 serão destinadas à UFRJ.
Segundo o decano do Centro de Ciências da Saúde, João
Ferreira, esta foi uma decisão absolutamente correta por parte
do governo.
" Esse concurso representa três coisas muito importantes. A
primeira delas é a chegada de funcionários administrativos,
permitindo a reposição de pessoal nos hospitais, que estavam
desassistidos. A segunda, é promover o desenvolvimento para os
hospitais (investimentos). E a terceira é o setor de pessoal da
UFRJ, a Pró-reitoria de Pessoal, proporcionar a esses concursados
uma política justa, distribuindo-os de acordo com a produtividade
da Universidade", disse João Ferreira.
No último concurso realizado na UFRJ, em 2002, não houve
vagas para técnicos- administrativos nos hospitais da Universidade.
O professor tranqüiliza àqueles que estão no banco
de reserva deste concurso. "Nos cargos em que já foi realizado
concurso e tiver candidatos aprovados, não se fará outro
concurso. Nos cargos em que não houve concursos ou que não
haja mais candidatos aprovados, se farão novos concursos. É
o caso dos enfermeiros, em que já foi feito o concurso, mas não
há mais ninguém para ser chamado", afirmou ele.
UFRJ penalizada
Os hospitais da UFRJ são penalizados nessas distribuições
de vagas, disse o professor João Ferreira. Segundo o decano, as
vagas são distribuídas desigualmente pelos hospitais universitários.
A fórmula que aloca a vaga atribui 50% de seu peso para o volume
de recursos que os hospitais envolvem no pagamento de pessoal.
"Nossa média no pagamento de pessoal é de 21%, menor
do que a média nacional, que é de 49%. Os outros 50% da
fórmula de alocação da vaga é dada por desempenho.
E é nesta área que nós ganhamos. Temos um bom desempenho
assistencial, universitário, ou seja, um significativo volume de
ensino, pesquisa e extensão realizado por nossos hospitais",
completou.
Sobre essa má distribuição de vagas sofrida pela
UFRJ, o professor cita o Hospital Universitário São Paulo,
da Universidade Federal de São Paulo, a UNIFESP. Segundo ele, este
hospital gasta muito dinheiro com pessoal, são 70% atualmente.
Mesmo assim, o hospital recebeu mais do que o dobro de vagas destinadas
para a UFRJ.
" Enquanto a UFRJ recebeu 120 vagas, eles receberam 330 vagas ou
mais. No último concurso, nós recebemos 376 vagas e eles
receberam 1000. É contraditório isso, porque o Ministério
da Educação (MEC) não tem uma política de
punição. Como é que eles recebem 1000 vagas, continuam
contratando, gastando muito dinheiro?", argumenta o decano do CCS,
que ressalta, no entanto, o bom desempenho do Hospital São Paulo.
A UFRJ cumpriu o que estabelece o MEC: para cada técnico concursado
em um hospital, um contratado é demitido. Os hospitais da UFRJ
não podem contratar. O Ministério Público proíbe
a contratação com recursos do SUS ( Sistema Único
de Saúde), que é uma resolução do Fundo Nacional
de Saúde. Diferente do Hospital São Paulo, que é
privado e presta serviços para a UNIFESP. Ele é o único
hospital universitário do MEC na região e, por ser privado,
tem autonomia para contratar.
"Mas, como hospital privado, conveniado com o SUS , contrata pessoal
para poder continuar trabalhando com o sistema. Só que a fonte
de recursos dele é o SUS e, simultaneamente, aparece como hospital
universitário para o MEC. O resultado disso é que ele está
sempre recebendo um contingente maior de pessoal do que a gente. Os nossos
hospitais, que são muito eficientes, recebem pouco pessoal. Porque
um hospital, que não pertence ao MEC, recebe tantos funcionários?",
questionou Ferreira.
Recentemente, o Hospital São Paulo teve problemas com o processo
de certificação. Ele foi certificado apenas na última
rodada, devido ao uso irregular dos recursos dos SUS.
Distribuição de vagas
A UFRJ possui oito unidades hospitalares: Hospital Universitário
Clementino Fraga Filho (HUCFF), Instituto de Peuricultura e Pediatria
Martagão Gesteira (IPPMG), Instituto de Ginecologia (IG), Hospital
- Escola São Francisco de Assis (HESFA), Instituto de Neurologia
Deolindo Couto (INDC), Instituto de Psiquiatria (IPUB), Maternidade -
Escola (ME) e Instituto de Doenças do Tórax (IDT).
As 120 vagas que cabem a UFRJ neste concurso serão distribuídas
da seguinte maneira: O HUCFF ficará com 75 vagas (64,5%), o IPPMC
com 13 (11%), a ME com 13 (11%), o IPUB com dez (8%), o HESFA com duas,
(1,5%), IG com duas (1,5%), o INDC com duas (1,5%) e o IDT com uma (1%).O
HUCFF irá ceder duas vagas para a Divisão de Saúde
do Trabalhador, a DVST.
As vagas deste concurso não vêm discriminadas para os hospitais,
cabendo a Universidade fazer a divisão delas de acordo com a necessidade
de cada unidade hospitalar existente na instituição.
Panorama dos HUs
Os hospitais universitários
da UFRJ apresentam uma média de endividamento inferior se comparado
com a média de outros hospitais universitários. Se comprometimento
da receita própria com o pagamento de pessoal é de 21% contra
49% da média nacional, ou seja, menos da metade.
O MEC e o Ministério
da Saúde certificaram quatro hospitais da UFRJ (HUCFF, IPPMG, IPUB
e Maternidade Escola). Os demais hospitais ainda não certificados
estão com exigências, principalmente pelo déficit
de bolsas para residência médica. Atualmente existe um déficit
de 120 bolsas.
Existem 84 projetos
de pesquisas em andamento nos HUs. Em 2004, foram aprovados 26 novos projetos
nos Comitês de Ética e Pesquisa (IPUB, HUCFF, IPPMG, EEAN
e Maternidade Escola) e criado o Instituto do Coração -
INCOR, que deverá ser instalado no prédio do CCS, onde já
funcionam outras unidades hospitalares.
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