Ciência e Vida
28.07.2005
Soluções virtuais para problemas reais
por Taisa Gamboa


Instrumentos de manutenção, preservação e recuperação do estado de saúde de uma população, os medicamentos são bens industriais que possuem importância estratégica à soberania nacional. Foi pensando nisso que algumas empresas e instituições do Estado do Rio de Janeiro se uniram e criaram, no ano passado, o Instituto Virtual de Fármacos do Estado do Rio de Janeiro (IVFRJ - FAPERJ), um órgão que busca coordenar ações que potencializem a capacidade acadêmico-científica e tecnológica instalada no Estado do Rio de Janeiro no setor de fármacos, inclusive em termos empresariais e laboratoriais, contribuindo para a diminuição da dependência externa do Brasil no setor de fármacos.

Criado o Instituto, a UFRJ, através da Decania do CCS, teve a iniciativa de abrigá-lo fisicamente, o que a diferencia em termos da relação com o IVFRJ - FAPERJ. Quanto às demais universidades do Estado do Rio, muitas contribuições importantes foram, estão sendo e serão feitas por parte dos nossos colegas de cada uma delas, destacou o coordenador do instituto, Eliezer Barreiro.

O formato virtual (www.ivfrj.ccsdecania.ufrj.br), dado pela Secretaria de Ciência, Tecnologia e Inovação, através da FAPERJ, funciona como um facilitador, aglutinando os grupos de excelência nas áreas de medicina, química, produtos naturais, farmacologia e toxicologia, entre outras.

Segundo Eliezer, a intenção do IVFRJ - FAPERJ não é aguardar as patentes dos remédios caducarem para efetivar ações. "Entretanto, a perspectiva de anteciparmo-nos ao vencimento de determinadas patentes de fármacos importantes, que possam representar novas oportunidades em futuros genéricos deve ser levada em consideração".

"Nos casos em que a questão da Saúde Pública do país assim o determinar, a quebra de patentes é uma alternativa capaz de obrigar uma revisão de preço pelo proprietário do monopólio daquele fármaco, contribuindo para que se aprimore o acesso da população necessitada ao medicamento, em tela. Assim procedendo, estaremos construindo inovações não-radicais, que podem ser fomentadoras de capacitações empresariais novas no Estado do Rio de Janeiro, nucleando, quiçá, um novo parque de medicamentos genéricos com know-how local", afirmou o coordenador.

Ao longo deste primeiro ano de existência, a promoção e disseminação dos conhecimentos disponíveis na comunidade do Estado do Rio de Janeiro na área do fármaco foi uma das atividades empenhadas pelo IVFRJ - FAPERJ. Para Eliezer Barreiro, o Brasil hoje, graças ao sistema de pós-graduação instalado há 50 anos, possui uma capacitação científica invejável, a despeito do sucateamento que as Instituições Federais de Ensino Superior (IFES) observam, em termos orçamentários, nos últimos anos. Além disso, existe também um parque científico plenamente denso e capacitado para responder, em termos científicos, aos desafios que o fármaco e o medicamento possam representar em termos de inovação, radical ou incremental.

O êxito do IVFRJ - FAPERJ também pode ser justificado por outros fatores: no que se refere à produção de fármacos, o Estado do Rio de Janeiro é favorecido pela presença de algumas empresas importantes. "Temos ainda três laboratórios oficiais das Forças Armadas, além do Instituto Vital Brasil e da unidade produtora de fármacos da FIOCRUZ, Far-Manguinhos. Esta configuração nos diferencia em termos da capacitação de produção de medicamentos, vis-à-viz outros vizinhos federativos, afirma Eliezer.

Neste ponto, a aproximação da universidade com o setor empresarial promovida pelas autoridades governamentais através de programas e ações específicas e efetivas voltadas para o fármaco e o medicamento são cruciais e podem ser o nosso diferencial. Barroso ressalva que o IVFRJ - FAPERJ não tem recursos financeiros para realizar ou promover nenhuma atividade de pesquisa, o que, aliás, não é a sua função.

Neste início do seu segundo ano, o IVFRJ - FAPERJ já conta com vários associados, entre eles estão IME-RJ; FAPERJ; FIOCRUZ; Instituto Oswaldo Cruz; Instituto Vital Brasil; UERJ; Instituto de Química da UFF; e os Institutos de Química, Ciências Biomédicas, Filosofia e Ciências Sociais, os departamentos de Bioquímica Médica e de Farmacologia, o Núcleo de Pesquisa de Produtos Naturais e o LASSBio, todos da UFRJ. O IVFRJ vêm buscando novos parceiros, principalmente empresas, para se consolidar e amadurecer de forma a promover mais eficientemente a aproximação das competências existentes no setor fármacos do Estado do Rio, e assim garantir a manutenção de um dos direitos do homem, a vida.